Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática - Thalita Rebouças


Título: Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática
Autor(a): Thalita Rebouças
Editora: Arqueiro
Nº de páginas: 272
Onde comprar: Submarino | Saraiva | Americanas | Fnac | Cultura
Nota:

Tetê acaba de se mudar com a família toda para Copacabana, no Rio de Janeiro, para a casa dos avós. O lindo e espaçoso apartamento da Barra da Tijuca em que morava teve que ser vendido, pois com a crise o pai foi demitido, e o resultado é que a vida dela virou de cabeça para baixo. Além de perder a privacidade, tendo que dividir o espaço com cinco parentes malucos que brigam o tempo todo, ela perdeu todas as suas referências. A única coisa que a deixa feliz é cozinhar. E, claro, comer as delícias que faz. O lado bom foi se livrar do antigo colégio, no qual sofria bullying por causa de seu jeito peculiar. Sem contar sua desilusão amorosa... O problema é que ela está apavorada, porque agora tudo será novo e estranho, com o ensino médio, com a nova escola, e sem conhecer ninguém. E morre de medo de ser excluída ou de sofrer bullying novamente. Ela está bem mal, para dizer a verdade. Ou talvez seja um pouco de drama, porque já no primeiro dia as coisas parecem ser um pouco diferentes... Pelo jeito, tudo vai mudar, e para melhor.

Resenha dupla com o Leo, representando o Blog Recanto da Mi

Tetê é o apelido de Teanira, uma adolescente de 15 anos que acabou de se mudar da Barra para Copacabana, pois o pai perdeu o emprego e porque eles precisaram ir morar com os avós para contornar a situação de aperto financeiro. O cenário familiar no qual ela se encontrava não era nada promissor: os pais estavam a beira da separação, a sua avó adorava se meter em tudo; o seu bisavô, que estava meio surdo, dividia o quarto com ela e mal a deixava dormir de tanto que roncava e, bem, só o avô que parecia se salvar dessa maluquice toda.

Para piorar, sua mãe estava convencida de que Tetê precisava de um terapeuta, afinal, ela não podia ser muito normal, já que adorava músicas tristes, estava sempre chorando pelos cantos e só se sentia realizada na cozinha, onde fazia quitutes que ao menos enchia a boca de todos com alguns elogios.

Tetê nunca teve muitos amigos, sempre foi invisível aos olhos dos colegas, mas essa condição não se manteve por muito tempo, já que acabou se insinuando para um menino que jurava que gostava dela e, com isso, se tornou alvo de inúmeras chacotas e de quebra sofreu a sua primeira decepção amorosa.

Além disso, Tetê também sofria bullying em casa, já que era constantemente ridicularizada pela sua família em razão de sua aparência um tanto quanto peculiar e desleixada, algo que não colaborava para a sua baixa auto-estima. Todo este drama foi relatado ao psicólogo que começou a frequentar, um pouco relutante, e que lhe dava respostas que não pareciam ser satisfatórias.

O ano letivo estava se aproximando e Tetê temia pelo seu primeiro dia de aula. Qual não foi a sua surpresa quando se sentou ao lado de um estudante que parecia ser tão nerd e tão deslocado quanto ela. Tetê ficou feliz da vida, quem sabe agora ela não poderia ter um amigo e formar a turma dos excluídos? Mas é claro que ela tinha que se apaixonar pelo cara mais lindo do colégio que, apesar de ser super bacana, namorava a patricinha mais intragável do lugar, que era seguida por duas amigas baba-ovo. A partir de então, Tetê decidiu mudar o visual e a sua postura e passou a atrair os olhares das pessoas que até então a ignoravam.

Querem saber o que vai acontecer? Então leiam!

***

LEO: Impossível não começar a crítica dizendo: Qualquer semelhança não é mera coincidência. Pois é, pelo resumo que fizemos vocês não tiveram a sensação de que essa parece ser uma típica história de filmes americanos? Só o final que foi um pouquinho diferente, até porque se fosse igual não teria por que virar livro. Como pude imaginar, Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática tem uma trama bem adolescente e bastante superficial.

Contado em primeira pessoa, por Tetê, ficamos logo por dentro de todos os seus pensamentos e inseguranças e achei a sua narrativa muito, muito, muito forçada! A personagem começa chata, muito sem noção e, ao contrário do título, é extremamente dramática e exagerada. O início foi enfadonho demais e precisei insistir para não abandonar a leitura, porque a vontade foi grande, porém, a curiosidade também, e eu fiquei com vontade de ver onde a Thalita ia chegar com aquela novela toda de patinho feio, extremamente previsível.

Nesse sentido, o que mais me incomodou na escrita da autora foi justamente o estereótipo criado para a protagonista. Tetê é a clássica menina vítima de zoação, no estilo Betty, a Feia: gordinha, que usa um óculos feio, tem dente torto, espinha no rosto e pelos por todo o corpo. Zeca é o melhor amigo gay que é cheio de trejeitos, e não quero entrar muito nessa questão, pois me incomoda o fato de os gays serem sempre representados por personagens escandalosos. Davi é o amigo nerd que também se veste mal e tem dificuldades de relacionamento.

Vamos falar agora dos personagens bonitos? Erick é o gente boa e lindo, que defende a pobre menina das atrocidades acometidas pela namorada. Valentina, por sua vez, é a perfeita patricinha, que tem um corpo escultural, sem nenhuma celulite, mas que possui um cérebro menor do que a saia que veste, outro clichê utilizado no enredo e que já estamos cansados de ver por aí.

GIULIA: Apesar disso tudo, não podemos negar que Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática trabalha muito bem a questão do bullying, um tema sério e importante que deve ser sempre discutido por todos. Além dos personagens já citados, tem uma com a qual me identifiquei demais, que tem os seios grandes e é ridicularizada por conta deles, chamada inclusive de melancia, coitada, como se ela tivesse decidido nascer assim ou pudesse fazer algo para mudar o seu tipo físico, ou pior, como se isso fosse o bastante para ser avacalhada por ser quem é.

Outros pontos que me incomodaram referem-se à transformação do visual de Tetê, que foi o start para a mudança de visão que ela tinha de si mesma. Tive a sensação de que foi feita de maneira debochada, principalmente no modo que a autora tratou de algumas "vaidades", me colocando para pensar. É sabido que o público-alvo do livro são meninas adolescentes (ainda que haja meninos e pessoas de outras idades que o lerão) e, o tempo inteiro, Thalita zomba das sobrancelhas não depiladas ou daquelas que são juntas, no estilo monocelha; das pernas cabeludas, cabelos não tratados, roupas que não estão na moda, dentes tortos, etc, dando um foco muito grande na aparência dos adolescentes, que pelo visto, de acordo com ela, deviam fazer parte de um padrão para que fossem mais aceitos pela sociedade, ao invés de se preocupar com o interior de cada um.

Não estou dizendo que seja errado ser vaidosa ou se cuidar, mas acredito que cada um tem a liberdade de escolher o que fazer e SE vai fazer, afinal, não devemos ser julgados pela nossa imagem, já que não é isso que nos define. Isso sem falar que o discurso "tudo bem ser acima do peso, só não pode ser muito gordo" estava ali presente. Durante a leitura, voltei aos meus 15 anos e me lembrei de que nessa idade eu era ainda mais gordinha e minha mãe não me deixava separar as sobrancelhas e nem depilar a perna; como será que eu ia me sentir se lá atrás tivesse lido Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática?

LEO: E não foi só a Tetê que sofreu essa pressão, os meninos também tinham que estar bonitos para chamar a atenção, ou pelo menos bem vestidos, senão também sofriam uma repaginada no visual.

Mas ok, não se assustem, nem tudo é ruim. Gostei muito do contexto familiar no qual o Davi foi inserido. Ele mora com os avós porque perdeu os pais. Desse núcleo saíram as cenas mais emocionantes e com as melhores lições. A essa parte só há elogios, inclusive pelos vários momentos de reflexão ali contidos e pelo coração apertado com o qual fiquei durante as páginas viradas.

Outro ponto alto da obra foram as receitas colocadas em meio à trama. Como já dito anteriormente, Tetê adora cozinhar e, sempre que cita alguma comida, nos ensina a fazer. As receitas são super fáceis, daquelas que até quem só sabe fazer miojo conseguiria dar conta. Tem gordice e coisa diet, tudo de dar água na boca. Confesso que váááárias vezes minha vontade foi de largar o livro e correr para a cozinha, mas a dieta na qual estou não me permitiu.

GIULIA: Sei que não faço parte do público-alvo do livro, e isso provavelmente foi um dos motivos pelos quais não aproveitei tanto a leitura, mas justamente por ter essa visão de gente "mais velha" que me preocupei, principalmente quanto a tratativa do bullying e da vingança existente no contexto. E, vamos combinar, precisava mesmo ter um boy no fim? Não dava para ela se descobrir linda e ter amor-próprio sozinha? Por que sua felicidade completa tinha que depender de um homem?

LEO: Quanto à edição, a capa é linda, mas não consegui enxergar a Tetê nessa ilustração. A parte interna está ainda mais diva, com desenhos e uma diagramação para lá de especial nas receitas e nas mensagens de WhatsApp trocadas.

GIULIA: Não recomendaria esta leitura para a Giulia de dez anos atrás e tenho medo de como as meninas de hoje vão encarar essa história. Em tempos de tanto empoderamento feminino, é preciso ter muito cuidado para o discurso de valorização da mulher não sair pela culatra, a ponto de ao final acabar objetificando-a como, na minha opinião, aconteceu neste caso. Só posso concluir a resenha dizendo "leiam e tirem as suas próprias conclusões".

18 comentários

  1. Bem,já passei a muuuuito tempo da faixa de idade alvo desse livro.Mas mesmo assim li outros livros de Thalita Rebouças que eram da minha filha e me diverti.
    Mas sobre esse livro,não gostei nadinha da maneira que a autora acha que o jovem deve ser:perfeitinho!
    Sem contar que o livro parece demais com filmes da Sessão da Tarde.
    Não li e não leria!!!!

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  2. Cada um tem a sua opinião e a minha não bate com a da matéria. Já li outros livros da Thalita e assim como esse, eu amei.

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  3. Oi Giulia e Leo.
    Não fiquei com vontade de ler esse livro. Não sou o público-alvo, pois já passei da adolescência, apesar de não parecer.
    Pela resenha de vocês deu para notar que teve muito estereótipo nos personagens apresentados e acho que a solução que a Tetê chegou, de fazer uma mudança na aparência física e nas roupas não é algo que deveríamos propagar. Acho que os adolescentes precisam melhorar a auto-estima, mas não só com esses artifícios. É preciso trabalhar a parte emocional também e parar de objetificar as pessoas.

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  4. Eu estava bastante interessada em ler esse livro só pela sinopse, e agora depois de ver essa resenha fiquei um pouco desanimada, mesmo assim ainda pretendo conferi essa história.

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  5. Infelizmente esse livro não chamou muito a minha atenção desde o lançamento justamente pelo o que foi abordado na resenha. Parece que o tiro saiu pela culatra, mas não sei. Pode ser que eu tenha outra visão lendo, apenas do que foi dito. Talvez eu acabe lendo, mas não será por enquanto. Tenho outros mais desejados na frente.
    Beijos!

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  6. Olá Giulia,
    Como não faço parte do público-alvo do livro quando vi o lançamento não fiquei com vontade de ler, esse tipo de trama bem adolescente e superficial não me atrai nem um pouco. Realmente essa leitura não é uma boa dica para se recomendar para os adolescentes e leitores em geral de hoje, onde muitos aprenderam a julgar pelas aparências, esse estereótipo de ser perfeito que história passa é bem desanimador, e um pouco assustador pra falar a verdade. Já posso afirmar que não pretendo ler esse livro.
    Beijos

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  7. Arrasaram na resenha Giulia e Leo!! E se eu não tinha vontade de ler esse livro, agora mesmo que eu não tenho! Essa história é realmente de filmes americanos, mas pelo menos a autora soube introduzir alguma diferença no final. E durante a leitura da resenha, tive a impressão que a Thalita abusou (e muito) dos estereótipos, e em uma sociedade onde impõe padrões, parece que a Thalita só seguiu o fluxo. Mas achei muito legal ela chamar atenção pra um tema que requer visibilidade, que é o bullying. Enfim, apesar de não ter me interessado por esse livro, eu tenho vontade de conhecer a escrita dessa autora. Beijo!

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  8. Gosto muito dos livros da Thalita Rebouças, e to loucaaaa para ler esse novo lançamento, mas confesso que fiquei receosa depois de ler essa resenha.
    Porque também detesto livros que generalizam costumes, modas, esse tipo de coisa.
    O que é claro, pode prejudicar o adolescente que lê e passa pelos problemas da protagonista. Imagine, mudar sua opinião, aquilo que o faz bem, só porque um livro diz que é errado?
    Não gostei. Acho que lerei ainda pra ver bem como é, mas não curti isso não kkk
    bjs

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  9. Oi!
    Ainda não conhecia esse mas lendo a resenha a historia parece ser legal, e acabou me lembrado os filmes da sessão da tarde, mas por temos uma historia mais superficial essa não foi uma historia que me chamou atenção pois esperava uma historia diferente !!

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  10. E uma pena você não ter gostado do livro, eu realmente gosto de personagens dramáticas, e sentimentais, e quando mais clichê forma a estória mais gosto, mas isso vai de cada um. Já imaginava que o livro seria totalmente previsível, pois todos que li dessa autora foram, mas me identifiquei e me via nas personagens, e nesse livro tenho certeza que vou me identificar também, espero gostar desse livro, porém espero que esse livro seja uma leitura leve.

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  11. Tipo, agora eu me identifiquei com essa personagem, é sempre assim no 1º dia de Aula, se os outros ti aceitarão e tal.
    Adorei!

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  12. Eu não conhecia o livro e sua resenha é a primeira que leio. Gostei do que li, achei o tema bem atual, pois muitas moças sofrem exclusão e bullying na escola e na sociedade. Acho que vai ser bem interessante ler o livro.

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  13. Olá, tudo bem? Sempre quis ler algo da Thalita, e até tinha pensado em começar por esse livro, mas não sei não... É uma pena que tenham dado uma nota tão baixo para a estória, pois a capa é linda e pensei que fosse um bom livro.

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  14. Oiiie.
    Quando vi esse livro nos lançamento já gritei "EU QUERO" primeiro só por ser da Thalita que amo os livros dela, e segundo porque esse título e a capa estão incríveis, mas nem se quer eu tinha lido a resenha ou a sinopse.
    E agora que ameeeei ainda mais.
    Principalmente porque a Tetê parecia muito comigo, com algumas diferenças, mas ainda assim me fez lembrar da minha adolescencia e algumas coisas ainda se parece comigo, e só de entender melhor a história dela, meio que comecei a me entender, já vi que tenho muito a aprender e me divertir com o livro. ;)
    Obs.: adoro livros em que são colocados receitas durante a história, é muito fofinho e ainda nos inspira a cozinhar e entrar ainda mais na trama.
    Bjoes

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  15. Adoraria ter lido isto na época da escola! Será tarde demais? Não sei, leria para saber se minha sobrinha poderia se identificar e passar pra ela. Gostei da protagonista e da situação em que ela se encontra.

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  16. Oláa ♥
    Aparenta ser bem legal, Estou bem curiosa por esse livro. Já estava bastante interessada em ler só pela sinopse, e agora depois de ver essa resenha fiquei ainda mais curiosa em conferi essa história ♥

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  17. Há tempos já passei da adolescência, mas quando leio um livro juvenil me traz algumas lembranças. E a Thalita me faz deliciar nessas história. Relamente parece bem clichê, rs, mas por que não dar uma chance para o final? :)

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  18. Oi.
    Eu fiquei muito animada quando soube desse lançamento por que até então achei a estória boa, mas depois de algumas resenhas, percebe que esse livro não funcionaria para mim, a premissa é até interessante, e um pouco clichê na verdade, essa mudança de visual e tudo mais, o fato de que ela mudou e tudo mais, mas no momento não irei consider uma leitura.

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