Cisne - Eleonor Hertzog


Título: Cisne
Autor(a): Eleonor Hertzog
Editora: Dracaena


Ninguém sabe exatamente quais são os critérios de seleção da Escola Avançada de Champ-Bleux, mas não há como discutir sua eficácia. Seus exames de ingresso não erram nunca! Entre milhares de candidatos de todos os pontos da Terra, apenas duzentos e cinquenta são escolhidos a cada semestre. E, num mundo onde ser cientista é o maior status que alguém pode desejar, a Escola Avançada de Champ-Bleux forma aqueles que são disputados a peso de ouro. Doris e Henry Melbourne são cientistas formados por Champ-Bleux. Aparentemente, são biólogos marinhos. Aparentemente, suas vidas se centram no Cisne, barco de pesquisas onde moram com os filhos. E, também aparentemente, são terráqueos... Seus filhos acreditam em todas essas aparências – ao menos por enquanto. Seguindo os passos dos pais, os jovens Melbourne fizeram os exames de ingresso para Champ-Bleux. Enquanto, cheios de expectativa, aguardam os resultados para saber se ao menos um deles entrou na Escola Avançada, veem-se envolvidos numa questão diplomática entre Terra e Tarilian, o único outro mundo habitado que os terráqueos conhecem. Inesperadamente, o futuro das relações entre os dois mundos vai ser decidido em um barco no meio do oceano! Mal sabem eles que isso é apenas o começo... Logo precisarão decidir pela Terra inteira!

Até que enfim consegui ler Cisne! A fofa da Eleonor mandou o livro pra mim (e pra vocês) já há algum tempo, mas aí teve minha monografia, bienal e tal e coisa... E eu sou dessas que não fica em paz enquanto não termina um livro, então só dava pra pegar pra ler quando fosse ter um tempinho generoso pra me dedicar, haja vista a quantidade de páginas. É quase um tijolinho, minha gente! Fato é que eu desisti do livro físico e fui ler no Kindle (uma versão em pdf que a autora me mandou, não foi o eBook oficial). a coluna agradece Pois bem... entre noites de sono maldormidas, atrasos no trabalho da pós e quebra da tela do Kindle (pra vocês verem como eu sofri!), eis que concluí a história.


Esse é o começo da história de Henry e Doris Melbourne, um casal de biólogos marinhos que mora no veleiro Cisne com seus 8 filhos! Sim, OITO (Ted, Teo, Tim, Tom, Pam, Lis, Peggy e Bob)! Sete biológicos e uma adotada. Essa turma toda é a tripulação do barco e, apesar da pouca idade, dá conta de todos os afazeres - e ainda de boas gargalhadas. Os Melbourne têm uma quedinha por gêmeos, e eu tive uma quedona pelo Tim. Sem dúvidas foi o meu personagem favorito, com suas pegadinhas, seu carinho com os irmãos, sua responsabilidade... Aliás, todos eles, os 10 do barco, são lindos, inteligentes, perspicazes, astutos, companheiros, parceiros, trabalhadores... até demais. No final, eles são tão parecidos que é difícil distinguir, individualizar. É uma grande família que se ajusta à realidade de viver no mar, sem problemas, sem birras típicas dos adolecentes, sem as brigas de irmãos... Os pais são um grande exemplo e conseguem "dominar" os filhos com apenas olhares e palavras. Ficou um pouco forçado, mas deu pra engolir.

O primeiro livro da série "Uma geração. Todas as Decisões" mostra a expectativa de aprovação dos adolescentes Melbourne na Champ-Bleux, a melhor escola avançada, onde os melhores cientistas se formam. Só Bobby não fez a prova por ser muito novo, ou seja, sete deles estão na ansiedade pra saber se passaram. Paralelo a isso, há todo um rebuliço acontecendo entre Terra e Tarilian, um planeta semelhante ao nosso do outro lado do sol. As relações entre eles estão frágeis e acaba sobrando pro Cisne receber três tarilianos para uma viagem de intercâmbio, com problemas políticas e picuinhas de ambos os lados. E pra completar a mistureba de assuntos, lemos bastante sobre a filha adotiva Peggy, que apresenta uma habilidade mental diferenciada, o que desencadeia uma série de outras habilidades em diversos personagens. Nessas partes eu já ficava meio sem saber se tinha entendido direito, se tinha deixado de prestar atenção a algo importante, se a falta de informações era proposital... Muita novidade sendo jogada na nossa cabeça ao mesmo tempo sem uma conclusão ou pelo menos uma resolução parcial.

Como são mais de 800 páginas, se eu fosse contar um pouquinho sobre cada coisa que acontece, ia ser uma resenha enoooorme e vocês não teriam paciência pra ler. Prefiro que a guardem para a leitura do livro, até porque vão precisar. A história apresenta uma quantidade enorme de personagens, e confesso que fiquei um pouco perdida. São inúmeros nomes e sobrenomes, relações de amizade/parentesco, funções, etc. Dá pra confundir, até porque alguns deles têm apelidos e aparência parecidos (vide Teo, Ted, Tim e Tom).

A Eleonor diz que é autora de uma história só, e Cisne é só o início, o primeiro ponto de corte (Linhagens, a continuação, foi lançado na Bienal e também é gordinho - 700 páginas). Então vocês já podem imaginar que é o tipo de livro que não tem um fechamento, um final daquela história (sempre dou o exemplo de Harry Potter: apesar de serem 7 livros sequenciais, cada um deles apresenta uma história fechada, com início, meio e fim). Ao mesmo tempo que fiquei irritada por não gostar de histórias que não têm um mínimo de conclusão, estou curiosa pela continuação Linhagens, mesmo após dias de leitura.

Uma coisa que me incomodou um pouco foi o gauchês bem presente na escrita. Quem já teve oportunidade de conversar com a Eleonor sabe que ela tem o sotaque bem carregado, o qual foi  transportado para as páginas do Cisne (eu praticamente a ouvia narrando a história).
Alguns errinhos de revisão também estão presentes, e o principal deles é nos diálogos. O travessão inicial marcava o começo da fala, mas não havia o segundo para separá-la de outra parte da narrativa, o que confunde bastante na hora da leitura. Pelo que soube, esse e outros erros já foram corrigidos para o eBook.

A capa é lindíssima e nos ajuda a entender melhor como é essa maravilha navegante. Mas ela é daquelas simples, sem orelhas - e nós, amantes literários, sentimos falta dessas abinhas decorativas (só decoração, porque não servem como marcador).

No geral, a história é boa, mas não foi contada da melhor forma possível. Falta um alinhamento de ideias, retirada de excessos e explicações gradativas que saciem o leitor e o situem mais facilmente. Sinto que, quando for ler Linhagens, vou ter dificuldades em lembrar de todos os núcleos, seus personagens e histórias.

Em breve volto com o formulário para sorteio. ;)