Millie tem 7 anos e uma obsessão
A dor de Karl fica um pouco pior quando o filho resolve colocá-lo numa casa de repouso, de onde ele consegue fugir. Já Agatha preferiu se isolar em casa e não falar mais com ninguém desde que ficou viúva, há sete anos. Os dramas dos três se unem com o objetivo de procurar a mãe de Millie, mas o que acontece vai muito além.
Mas a gente devia poder abraçar todas as mães que não são nossas, porque algumas pessoas não têm mãe - e o que vão fazer com todos os abraços que elas têm?
O uso da terceira pessoa com as visões intercaladas entre os três protagonistas foi uma ótima escolha. Quando o foco é em Millie, entramos na cabeça cheia de questionamentos típicos da idade; as partes de Karl mostram um aventureiro e saudosista senhorzinho que não quer se limitar; já quando lemos sobre Agatha percebemos que por trás da velhinha rabugenta há uma pessoa confusa com seus próprios sentimentos.
O livro te coloca pra sentir, ler nas entrelinhas e refletir, renova a esperança mostrando que nunca é tarde para recomeçar, ainda que com perdas marcantes, causa um paradoxo de melancolia e alegria. Mas ainda não foi tudo que poderia ser, faltou alguma coisa pra ser perfeito, algo que me incomodou, mas não sei definir exatamente o quê, Sobre o último parágrafo, não sei se curti - mais pra não do que pra sim - com informações desnecessárias pra essa história especificamente. Too much information.
A construção dos personagens merece destaque em relação aos dois idosos, fugindo dos estereótipos da idade. Davis soube explorar o lado humano deles e trabalhar suas carências, inseguranças, dúvidas e medos. Escrever sobre luto/morte nem sempre consegue atingir o objetivo de tratar o assunto com a sensibilidade que ele exige. Mas, em contrapartida, em alguns momentos a leitura se tornou um pouco cansativa.
Eles não envelhecerão. Como nós que restamos envelhecemos.
Fiquei extremamente incomodada com os diálogos, porque aqui não tem aspas nem travessão; as falas são marcadas em itálico. Confunde demais!!! Sempre vi o itálico sendo usado pra grifar alguma coisa ou mostrar pensamentos, assim ficou bem ruim.
Talvez você tenha mais sorte do que eu e não fique com o mesmo incômodo, curtindo mais a leitura. Acho válido você ter sua própria experiência de leitura e absorver as preciosas lições do livro.
Achados e Perdidos - Brooke Davis
Record
252 páginas
Livro cedido pela editora
Onde comprar: Submarino | Americanas | Saraiva | Amazon
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