A Profecia de Hedhen - Cristina Aguiar


Título: A Profecia de Hedhen
Autora: Cristina Aguiar
Editora: Modo


Os Tronos eram forças que reinavam nos dias antigos com o título de “Luminares”, e através deles, a luz era derramada por todos os povos, espalhando sua sabedoria, justiça e paz. Mas as trevas, infelizmente, começaram a entrar naquele mundo e corromper os corações. Os Tronos foram enfraquecendo, e para manter a esperança eles criaram a Profecia, antes que sua luz fosse apagada de vez. A Profecia falava do retorno dos Tronos em dias futuros, onde este já seria dominado pelas trevas. Os três sinais dos “Luminares” estariam marcados nos corpos daqueles destinados a receber essa luz ancestral e poderosa. Dos três, um deveria assegurar o cumprimento dessa Profecia, sem se importar com as conseqüências; o outro deveria sacrificar a própria vida em troca da vitória; apenas um permaneceria oculto para sua própria segurança, pois em suas mãos repousaria o Cetro de Luz, símbolo dos antigos Tronos. Será que essas três pessoas, portadoras dos poderosos sinais, teriam forças para lutar contra o mal e trazer de volta a sabedoria, justiça e paz dos dias antigos?

Este livro chegou até mim através de um Book Tour organizado pela Andressa. Recebi o livro sem muitas expectativas: não tinha lido a sinopse, não tinha parado pra observar a capa, no skoob não tem avaliações dele... E ele veio em um momento não muito propício, pois eu estava cheia de coisas pra fazer e com a pressão do tempo característico de um BT. Mas, como sempre, abri meu coração para a leitura de uma nova história.

Dessa vez não me sinto preparada a narrar a história com minhas palavras, pois eu não conseguiria descrever com exatidão a sua grandeza. Por isso, começo a resenha com um super quote, contendo o pré-prólogo (antes do "capítulo" do prólogo, há 2 explicações, que resumem bem a história).

Apresentação

A Terra de Hedhen, após uma primeira era abençoada, vive agora em um mundo infestado pelas trevas. Vive-se a realidade dos sacrifícios humanos e da subserviência forçada. A única esperança de todos está no cumprimento de uma Profecia. Esta fala de uma mulher, a Herdeira, que deveria surgir e unir os povos na luta para expulsar o mal e trazer de volta a luz que existia antes da queda dos Primeiros Tronos.O livro é ambientado em um fictício mundo matriarcal, onde homens e mulheres vivem de forma igualitária, exercendo as mesmas funções. A história procura ser dinâmica, intercalando romance, magia, drama, humor e aventura na medida certa.

O primeiro ponto que me chamou a atenção foi a questão do matriarcado. Ao ler Hedhen, fiquei imaginando como eu viveria em uma sociedade onde a mulher fosse tão respeitada e seguida. Elas eram guerreiras, profetisas, rainhas, líderes, muitas vezes superando os homens. Isso mexeu um pouco com minhas bases, os famosos "paradigmas" (e se mexeu comigo, como será com um leitor masculino?).

Realmente o livro é bem intercalado. Em um mesmo capítulo você lê sobre três histórias paralelas, o que está acontecendo com cada um dos protagonistas. Quando esquenta uma história, a autora corta pra outra, que te prende tanto quanto a primeira. E por aí vai.

O livro é recheado de ação, do início ao fim. Antes do clímax principal (e final), há vários momentos de tensão, nos quais você fica agarrado ao livro. A autora conseguiu desenvolver bem essas partes intercaladas, misturando cenas de ação, pitadas de romance e mistérios sobrenaturais, atingindo a vários públicos em um só livro.

Pra você entender melhor o conteúdo, aqui vai mais um quote:

Os Primeiros Tronos

No início, o Pai-Criador constituiu o mundo, e para governá-lo criou três seres de luz formados da mesma essência dos astros do céu. O Luminar Maior, que trazia em si o poder da luz solar. O Luminar Menor, cuja glória era semelhante à da luz lunar. O Luminar Médio, que tinha a luz estelar em seu interior.
A Cidade Dourada era a sede de seu reino, e de lá a Sabedoria era derramada sobre a terra. Para viver no mundo físico, esses poderosos seres adquiriram corpos materiais que escondiam a sua glória. Foi nessa forma que eles viveram espalhando a bem-aventurança. Um homem e duas mulheres, conhecidas com as gêmeas das luzes noturnas, irmãs inseparáveis, criadas em um momento único e especial, pois sua luz deveria brilhar mesmo nas mais densas trevas. Com a união sagradas do Luminar Maior com o Luminar Menor, em seus corpos materiais, desenvolveu-se uma linhagem pura de reis e rainhas incontaminados. Quando o mal veio para o mundo na forma de uma pedra que caiu do céu, a essência de luz começou a ser sugada dos Luminares, levando-os em direção à aniquilação. Antes que isto acontecesse, eles criaram uma Profecia que garantiria o retorno de sua essência de luz, a fim de que o mundo recebesse novamente a Sabedoria do alto, originada do Pai-Criador. Sua fonte de luz foi passada para um poderoso artefato e escondida para pudesse ser revelado no tempo certo: o Cetro de Luz.

Na primeira vez em que li essa parte, as coisas não fizeram muito sentido, mas, quando retornei a esse começo lá pela metade do livro, compreendi exatamente o que esse resumo significava e vi que seria minha melhor opção para colocar na resenha.

Não há como negar que Hedhen foi inspirado na bíblia (a começar pelo nome, né? rs), o que me motivou ainda mais a devorar o livro e apreciar cada página. Muitas semelhanças podem ser vistas, como a história em si, nomes de personagens, falas... Não é por isso que você que não acredita na bíblia precisa deixar de ler, ok? É uma história bem construída, e só por isso já vale.

Me envolvi mesmo com os personagens. Gostei de Jael e Deborah (respectivamente o Luminar Médio e o Luminar Menor) de graça. E fiquei encantada ao descobrir o porquê dos nomes, lá no finalzinho. O Luminar Maior é revelado no decorrer do livro. Fiquei admirada com as características dessas duas personagens, como a ousadia, a sabedoria, a determinação, a fé... De certa forma, elas foram uma inspiração pra minha semana.

No início fiquei meio perdida com tantos personagens. Eu já não sou boa de nome, com um monte de uma vez ficou um tanto quanto tenso. Mas aos poucos eu me acostumei, até porque todo mundo aparece toda hora, tornando a história bastante dinâmica: vários personagens com várias histórias, o que não deixa cair na monotonia. Os romances descritos são pontuais, simples e bonitos. Nada de melações, até porque o foco do livro não é esse.

Infelizmente o livro apresenta incontáveis erros de português. Pra vocês terem noção, nesses 2 quotes eu tive que corrigir umas 5 coisinhas. No capítulo 6 eu já estava altamente irritada, então optei por desistir de contar e marcar e apenas comecei a ignorar, senão a leitura não ia fluir. Regras de crase e vírgula são ignoradas, o verbo 'haver' apresentava crise de identidade (ora com H, ora sem H), palavras em desacordo com a nova ortografia, algumas frases duplicadas, redundantes... enfim, a revisão foi péssima.

Outra coisa que incomodou bastante foi a diagramação. Pra começar, no começo de cada capítulo tem uma imagem de um castelo em cinza (no site da designer dá pra ter uma ideia do que eu estou falando, é basicamente um dos lados desse fundo um pouco distorcido com o texto por cima). Agora imagina aí: papel pólen (amarelado), letra preta pequena e um fundo acinzentado. A cada novo capítulo eu ficava triste por ter que enfrentar aquela página.

Comentei rapidamente com a autora por Facebook, então vou colocar aqui a justificativa dela para esses fatos:

E quanto aos erros, tanto de português quanto de diagramação também me incomodam, mas isso foi devido ao fato da pressa de aprontá-lo a tempo para a Bienal de São Paulo, e devo dizer que quase não deu tempo! Sei que isso acaba inferiorizando a qualidade do livro, e espero que sejam consertados numa possível próxima edição. Houve sim (a revisão), mas foi tudo feito muito nas pressas. Quando eu recebi o texto revisado para aprovar, mal tive tempo de ler, principalmente pelo fato do livro ser grande. Ele foi o último a sair da gráfica, e eu o recebi um dia antes do último dia da Bienal, que era o dia do lançamento.


Como ela mesmo disse, isso realmente diminui o livro. A não ser que você ignore a boa escrita, há um constante incômodo a cada erro e uma interrupção na fluidez da leitura. Torço mesmo pra que isso seja ajeitado pra próxima edição.

A capa tinha ficado despercebida até eu parar para ver de fato. Quando fiz isso, lá pelas tantas do livro, pude entender a imagem. Gostei muito, ponto pro capista. Minha "tristeza" foi só ter visto a "foto" da última folha lá no finalzinho da leitura e não ter mais personagens desenhados. Parece coisa de criança, mas gosto de quando o livro nos direciona para a imagem dos personagens. Giulia, se você quer livros ilustrados, vai ler gibi!

Como estou com a cabeça a mil por conta do curso no trabalho (eis o motivo do meu sumiço esses dias), coloquei os pontos principais aqui, mas algo me diz que esqueci alguma coisa. Seja lá o que for, não é essencial, senão me lembraria.