O Último dos Canalhas - Loretta Chase

Esta resenha NÃO contém spoilers de outros livros da série.
O Príncipe dos Canalhas



Título: O Último dos Canalhas (Canalhas #2)
Autor(a): Loretta Chase
Editora: Arqueiro
Nº de páginas: 304
Onde comprar: Submarino | Saraiva | Casas Bahia
Nota:

O devasso Vere Mallory, duque de Ainswood, está pronto para sua próxima conquista e já escolheu o alvo: a jornalista Lydia Grenville. Só que desta vez, além de seduzir uma bela mulher, ele deseja também se vingar dela.
Ao se envolver numa discussão numa taverna, Vere foi nocauteado por Lydia e se tornou alvo de chacota de toda a sociedade. Agora ele quer dar o troco manchando a reputação da moça.
Mas Lydia não está interessada em romance, principalmente com um homem pervertido feito Mallory. Em seus artigos, ela ataca nobres insensatos como ele, a quem considera a principal causa dos problemas sociais.
Nesse duelo de vontades, Vere e Lydia se esforçam para provocar a derrota mais humilhante ao mesmo tempo que lutam contra a atração que o adversário lhe desperta. E, nessa divertida batalha de sedução e malícia, resta saber quem será o primeiro a ceder à tentação.

Como lemos e resenhamos o primeiro livro juntas, eu e a Andressa (Blog Mais que Livros) resolvemos estender a parceria pra esse também. Em time que tá ganhando, não se mexe, e eu, Dreh e Loretta somos uma equipe e tanto. hahahaha!

Vere nunca quis assumir o ducado de Ainswood, e, como a linha de sucessão era enorme, isso nunca foi um problema e permitiu que ele aproveitasse a vida da melhor maneira Mallory de ser: sendo um canalha. Mas a vida é uma caixinha de surpresas, nem sempre agradáveis; pouco depois de enterrar seu primo e amigo que era o penúltimo duque antes dele, precisou voltar às terras da família para enfrentar a temível doença do priminho, a quem havia se apegado muito, o duque de apenas 9 anos. Lidar com a morte tão próxima, não poder fazer nada e ainda herdar título, posses e terras mexeu com a cabeça de Vere. Só que, ao invés de assumir as novas responsabilidades e dar o apoio necessário às órfãs - que acabaram tornando-se suas tuteladas -, ele preferiu fugir e continuar na libertinagem, afastando os pensamentos o máximo possível.

É em Londres que ele vai conhecer Lydia Greenville, uma jornalista que foge totalmente dos padrões femininos da época. Ela não se preocupa nem um pouco em casar, preferindo investir na carreira e em ajudar outras mulheres. Mesmo com todo o preconceito da sociedade machista, ela garantiu sua vaga no jornal escrevendo umas das melhores matérias, mesmos que nem sempre reconhecidas por todos, com denúncias sobre assuntos tabus na sociedade - prostituição, exploração de menores, não reconhecimento de filho bastardo. Isso é reflexo de sua infância difícil, que a obrigou a ser independente logo cedo depois de perder a mãe e ser abandonada pelo pai.

A vida não era nenhum conto de fadas. Na vida real, Londres assumia o lugar de palácio de sua imaginação romântica juvenil. As mulheres e crianças esquecidas eram suas irmãs e sua prole, toda a família de que ela precisava.

Porém, reportagens bombásticas não são a única coisa que ela escreve. Mesmo achando perda de tempo escrever histórias ficcionais, ela se vê obrigada a continuar narrando as aventuras de A Rosa de Tebas, tamanho o retorno financeiro que gera à revista Argus. Escrita sob um pseudônimo masculino, a história vem deixando a população da cidade em polvorosa, empolgando até os leitores menos assíduos. E, no dia em que o criado pessoal de Vere tenta apresentá-lo a essa incrível história, os protagonistas se conhecem.

Lydia está em uma perseguição à cafetina mais popular da cidade. Ela não se importa se quase atropelou algumas pessoas ao passar pilotando um cabriolé feito louca, o importante era salvar a pobre menina que havia caído nas garras daquela bruxa. O primeiro embate dos dois se dá num beco, no meio do tal resgate. Feito de tolo em meio a uma plateia de nobres desocupados, Vere começa a traça seu plano de vingança e o aperfeiçoa a cada encontro dos dois. Mal sabe ele que está cavando sua própria cova.

No mundo real, nenhum beijo poderia transformar um solteirona convicta em uma menina de olhos sonhadores. Em especial aquele beijo, que obviamente era um substituto para o soco na boca que Sua Graça teria lhe dado se ela fosse um homem.

Vere e Lydia são tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais que o resultado do livro não poderia ser diferente. Sarcásticos e independentes até o último fio de cabelo, eles não cansam de provocar ou alfinetar o outro. O sentimento pode não ser nítido, mas a tensão sexual entre eles é quase palpável e o desenvolvimento relacionamento acontece bem devagar, passando pelo momento em que aceitarão o que sentem até, finalmente, assumirem para o outro como estão envolvidos.

Na verdade, os dois sempre haviam sido impiedosos um com o outro. Sempre tinham trocado insultos e socos. Era como se comunicavam. Era como expressavam afeto e compreensão.

Loretta Chase está se firmando na minha seleta lista de autores preferidos. Ela parece ter criado um padrão para os seus livros que me agrada muito: as críticas sociais que surpreendem pela forma direta com qual são abordadas e a narrativa que quebra a histórias em duas partes, trazendo sempre um final eletrizante que nada tem a ver com o romance em si.

- Ainswood, deixe-me explicar uma coisa: se a ideia é fazer uma declaração de amor à sua esposa, diga apenas "eu te amo". Não é para provocar, desafiar, agir do seu modo beligerante. Este deveria ser um momento de ternura, e você o está estragando. Estou com vontade de jogar um balde de carvão em cima de você.

Pra quem estava com saudades do lord Belzebu... ele aparece e vem com tudo. Quem lembra da cena da briga na estalagem da noite de núpcias? Vere é o amigo que confundiu Jessica com uma prostituta e acabou apanhando por causa disso. Agora nesse livro, os marqueses de Dain têm um papel importante na reviravolta da história, com apoio, conselhos e uma ligação além da amizade.

Eu tenho entrado numa onda de feminismo, então claro que vibrei com essa protagonista, pra mim a melhor que li até hoje. Ela não apenas é à frente do seu tempo como já aplicava conceitos como sororidade, empatia, igualdade de direitos. Se normalmente vemos romances de época com mocinhas fortes, aqui ela vai muito além, extrapolando discussões sobre relacionamentos e mergulhando de corpo e alma nas questões sociais referentes à mulher.

- Tenho plena consciência de que seu interesse está em outro lugar. Você não se casou por causa do intelecto dela. Para você, é inconcebível que ela ou qualquer outra mulher tenha um intelecto. Bom, deixe-me dizer uma coisa, Ainswood. Elas têm. As mulheres estão sempre pensando, e se você não quiser ser manipulado o tempo todo, recomendo que exercite seu cérebro obtuso e lento para compreender o da sua esposa. Sei que isso é difícil para você. Pensar altera o delicado equilíbrio de sua constituição. Estou contando o que sei para facilitar a situação. Nós, homens, devemos nos apoiar.

E junto a isso tem também o reconhecimento da interdependência no casamento. Mesmo com todas as suas ideias revolucionadoras, Lydia acaba cedendo e entendendo que no relacionamento não há uma pessoa acima da outra, ambos têm suas fraquezas e precisam de ajuda em algum momento, assim como oferecem o apoio que o outro necessita. O feminismo não é enxergar a mulher como superior ao homem, mas sim colocá-la no mesmo patamar, e isso a Loretta consegue enxergar e transmitir.

Em relação à capa, fiquei um pouquinho chateada por não manter a identidade visual da série; só as fontes são iguais, mas a imagem não tem nada a ver com O Príncipe dos Canalhas (e nosso Vere não tem nada a ver com esse Brad Pitt ai.). A diagramação segue o mesmo padrão do livro anterior com as fontes agradáveis aos olhos e os capítulos contínuos, sem pular página. Na revisão há algumas pequenas falhas, mas só os mais chatos irão perceber.

Romances de época são recheados de chichês, mas dê uma chance a esses canalhas e se surpreenda com uma história que vai além do romance.

5 comentários

  1. Loretta Chase se tornou uma de minhas autoras favoritas, acha que vou perder o lançamento do novo livro? nem a pau, Juvenal!!!! to doidinha pelo meu exemplar! quero devorar! os canalhas em redenção são incriveis e eu adoro o jeito com que ela cria esses personagens imperfeitos!
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  2. Confesso que não gostei muuuuuito do Príncipe dos Canalhas, mas acredito que foi pq coloquei muita expectativa em cima do pobre livrinho e eu não aprendo nunca, não sei controlar minhas expectativas e ansiedade aí acabo me decepcionando hahaha, mas gostei, só não era tudo o que eu pensava. Com o Último dos Canalhas fui com menos sede ao pote e estou no capítulo 10 e até agora estou amando, principalmente por conta da personagem Lydia que está muito a frente do seu tempo e é feminista <3 acho que não tem mais com que eu me decepcionar, pois a história já me conquistou por completo e Lydia não parece uma mocinha influenciável que vai mudar de opinião sobre os assuntos polêmicos :D beijosss

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  3. Aaaaaaaaa que legal, eu já tinha lido uma resenha desse livro,mas era bem mais curta e não apresentava tantos detalhes, confesso que gostei bastante , adoro romance de época e romance de época clichê é ainda melhor.
    Quero muito ler , porque esse tipo de livro leio bem rápido e é disso que estou precisando.
    Beijos

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  4. Olá!

    Eu li e amei o primeiro livro da série. E estou ansiosa para a leitura desse que pretende ser até melhor do que o primeiro, digo isso baseado nas resenhas que já li. Lydia, por tudo o que já li a respeito, será no mesmo estilo da Jessica, que até agora é minha mocinha favorita de romance de época. Jessica foi uma das razões para eu gostar tanto da Loretta Chase, as mocinhas que ela cria podem até serem uns clichês ambulantes - e é difícil encontrar uma que não seja nesse gênero -, mas o que a diferencia das outras é sua inteligência, sagacidade e tenacidade.
    E quero muito saber como será o Vere.

    Beijos,
    entreoculoselivros.blogspot.com

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  5. Oiiie, em time que está ganhando não se mexe, adorei HAHAH Ainda não tive a oportunidade de ler nenhum livro da Loretta, o que ébuma pena, pois só vejo elogios a essea dois livros. Sou mega apaixonada por romances de época e ainda mais quando a mocinha de mocinha não tem nada. Não vejo a hora de poder ler e compartilhar com vocês.

    Bjs

    amantesdaleiturablog.blogspot.com

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