Os veranistas - Emma Straub


Viajar é bom, né? ÉÉÉÉÉÉÉ! Adoro planejar, conhecer lugares, os costumes de outros povos, prestar atenção no sotaque, comprar lembrancinhas (principalmente chaveiros para a minha coleção), experimentar a culinária local e assim vai. Os veranistas é bem isso. Emma Straub consegue despertar a vontade de fazer as malas e desbravar o mundo.

Motivo da leitura: 1 – Cara, quando vi a capa do livro, eu simplesmente me apaixonei (ultimamente tenho escolhido livros pela capa e até agora tem dado certo).

Emma conta a história dos Posts (Franny e Jim), família que mora em Nova York e vai passar as férias de verão em uma ilha na Espanha, Maiorca, com Bobby e Sylvia (seus dois filhos), Carmen (namorada do filho, alguns muitos anos mais velha do que ele), Charles (melhor amigo de Franny) e seu marido Lawrence. A proposta é passar 14 dias (mesma quantidade de capítulos) na casa de Gemma (que quase nunca estava lá), uma amiga de Charles de quem Franny não gostava.

A casa é enorme e é bem equipada/mobiliada. Ah o ponto ruim! O acesso à internet era PÉSSIMO! O único local onde funcionava menos pior era na cozinha. Então, se estivéssemos lá, teríamos que ter muita paciência para postar as fotos e fazer snaps, embora o foco deles não fosse esse.

Os Posts são o tipo de família que tem costume de viajar, tanto é que Franny, Jim e Sylvia vão para Maiorca com as milhas acumuladas, inclusive em boa parte do livro todos os personagens relembram outras experiências dos lugares que já conheceram. Embora a proposta da viagem seja de comemoração, devido aos trinta e cinco anos de casamento de Franny e Jim, e o ingresso de Sylvia na faculdade, os ânimos e os humores de todos não estavam lá os melhores.

Em teoria, a ideia de Maiorca era atraente: era uma ilha, o que prometia poucas ondas e brisas agradáveis[...].

Franny era uma escritora bem controladora, tanto é que sua filosofia era sobre os filhos eram “melhor em casa, onde ela poderia ficar de olho do que nas ruas, onde eles poderiam ser presos”. Mãe é sempre exagerada, né? Ela fez e organizou praticamente tudo nessas férias de verão, desde as comidas aos programas e tudo com bastante animação. Afinal, ela tinha que aproveitar!

Jim havia sido afastado da revista em que trabalhava porque tinha se envolvido com uma das funcionárias que era bem mais nova. A relação entre ele e Franny estava complicada, tanto é que eles até pensavam na possibilidade do divórcio.

Sylvia, aos 18 anos, ainda morava com os pais e estava indo estudar na Brown. O seu maior dilema era sua virgindade e precisava “perdê-la” antes de as aulas começarem. Ao contrário dos jovens de hoje, ela não ligava muito para as redes sociais, já que suas fotos um tanto constrangedoras foram postadas na internet, nem possuía muitos amigos.

Franny se preocupou com que a filha aprendesse um pouco do idioma local durante as férias, então Sylvia passou a ter aulas de espanhol com Joan, um jovem maiorquino. Ela o descrevia como uma das pessoas mais lindas que ela já tinha visto. Inclusive a mãe dela achava o mesmo.

Havia um maiorquino de vinte anos em sua sala de jantar e ela desejava cobri-lo com azeite local e entrar num corpo a corpo com ele.

Mulher, se acalme! rsrsrs

Então você imagina uma menina, cujo quarto item na lista de coisas de fazer antes da faculdade seria perder a virgindade, juntando com um menino/professor lindo, o que será que vai acontecer?

Bobby morava em Miami, era dez anos mais velho que Sylvia e eles se davam super bem. Esse foi o personagem que mais me surpreendeu. Por morar longe dos pais, havia muitas coisas que Franny e Jim não sabiam e que ele também não tinha consciência do que estava acontecendo, como a crise no relacionamento dos pais, por exemplo. Bobby mantinha um relacionamento de sete anos com Carmen, uma personal trainer muito focada com o corpo e a alimentação, mas por ser mais bem mais velha do que ele e não mostrar interesse em ter filhos, ela não era bem aceita pelos Posts.


Confesso que no começo eu tive meio que uma raivinha de Carmen, mas depois eu tive uma pena dela, pois ela tentava agradar a todos da família de Bobby, mas pelo fato de ser mais velha do que ele, nada parecia agradar.

Ela tentou muito fazer os Posts gostarem dela. Ficava calada nos jantares e sorria com o ar inexpressivo quando eles falavam de coisas sobre as quais ela nada sabia. Usava suas roupas mais conservadoras e tentava não se queixar do frio. Mas nada do que fazia parecia apropriado.

Charles (artista) e Lawrence (produtor de filmes) eram casados e planejavam adotar uma criança. Lawrence se mostrava o mais centrado da relação e mais interessado no processo de adoção. Devido à relação de anos entre seu marido e Franny, era notório que ele sentia um pouco de ciúmes. Já Charles era mais “relax”, embora achasse (pelo menos no início) não estar preparado para adotar uma criança.

A impressão que tive era de que tudo seria lindo, mas no decorrer da leitura fui percebendo as lacunas nos relacionamentos entre eles. Inicialmente todos tinham queixas ou inseguranças e não se comunicavam uns com os outros. Embora estivessem se divertindo, era possível perceber uma interação mais natural entre Franny e Charles, o restante parecia estar pisando em ovos e uns tentando agradar os outros, com meias palavras ou fugindo dos problemas. Mas eis que acontece um BUUUUUM! E do décimo primeiro dia/capítulo pra frente tudo parece se resolver/desenrolar! Acredito que, às vezes, até o clima/local diferente pode ajudar a colocar a cabeça no lugar, resolver as coisas e seguir em frente!

A história mostra situações que qualquer família/casal está sujeito a passar, os personagens são bem reais. Mas aqui pra nós, eu pensava que tinha tudo para ser as piores férias. Tinha hora que eu olhava e pensava “Chamem a Christina Rocha que isso é mais um tema para o ‘Casos de Família’”.

A narrativa contempla várias situações que nos deparamos no dia a dia: relações extraconjugais, sobre ser ou se sentir jovem ou velho, adoção por casal homoafetivo, dúvidas sobre a carreira profissional, relacionamentos amorosos, dentre outros assuntos.

Apesar dos momentos de tensão, há muito humor e umas descrições meio que proibidas para menos de dezoito anos calientes, se é que vocês me entendem.

Franny havia dormido com um espanhol certa vez, quando estava na Barnand. [...] Seu nome era Pedro – ou seria Paulo? [...] De qualquer forma, Pedro-Paulo não era nem de longe tão bonito quanto Joan.

O livro parece se tratar de um diário de bordo, onde contam a rotina dessas sete pessoas na casa/ilha. Meio que, indiretamente, o livro dá dicas do que se pode fazer e como aproveitar quando se vai a um lugar diferente. Então eles foram a praias, jantaram em restaurantes no centro, iam a casas de festas, Franny teve aula de tênis (ela tentou até se relacionar com o professor), visitaram museus, ficavam na piscina e quando estava chovendo eles passavam o dia em casa jogando palavras cruzadas.

Sobre a edição do livro, como disse antes a capa tá de uma lindeza só, o tom coral e azul deixou clara a ideia de verão. E, depois da leitura finalizada, foi possível relacionar com a proposta da capa. O papel pólen ajuda a nossa leitura. Agora, algumas páginas chegaram rasgadinhas e enquanto ia avançando a leitura, as folhas iam ficando amassadas.

O livro me prendeu em algumas partes para entender o que estava acontecendo, é uma leitura fluida. Há algumas notas de rodapé e umas palavrinhas que tive que consultar o dicionário (não que isso atrapalhe a leitura). Um ponto que acho que pode deixar a leitura confusa é a cronologia da história, pois em algumas partes o parágrafo se referia ao presente e o próximo remetia a uma situação que havia acontecido antes da viagem e no próximo retornava para Maiorca. Isso fez com que eu voltasse a leitura algumas vezes para poder me situar e entender o contexto.

Todos os personagens foram bem explorados e construídos. Confesso que tenho dificuldades em memorizar os nomes dos personagens, mas Emma escreveu tão bem que essa foi uma das poucas leituras em que não fiquei “Quem é esse mesmo?”.

Para aquelas pessoas que estão com vontade de viajar, fica a dica do livro, pois eu tenho certeza que você vai aproveitar Maiorca sem ter saído do lugar.


Os veranistas - Emma Straub
Rocco
285 páginas
Livro cedido pela editora
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4 comentários

  1. Oi ,enquanto eu estava lendo a resenha,ficava me perguntando se o livro não seria confuso para mim,que tenho muita dificuldade em decorar nomes. E que bom que no finzinho da resenha,você tirou minhas dúvidas quanto a isso.

    Bem,livros assim além de divertidos,nos fazem refletir sobre os relacionamentos familiares. E quando a autora é bem detalhista ,histórias em que os personagens conhecem outros países,torna a leitura bem prazerosa.
    Dá a impressão que estamos conhecendo juntos o lugar também.

    Quero conhecer o livro! :)

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  2. Olá!
    Quem é que não gosta de viajar? Hahaha
    Gostei da dica de livro, uma boa leitura para o verão, ficar imaginando todos lindos e felizes na praia e eu bem longe, já que moro no interior do estado :/ hahaha
    Fiquei um tanto confusa com todos esses personagens, mas acredito que isso não atrapalhe em nada na leitura, já que você comentou que todos foram bem explorados. Gosto muito de livros que focam em dramas familiares, então vou anotar esse livro para ler assim que tiver a oportunidade.
    Beijos

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  3. Muitas vezes escolhi o livro pela capa, quando me chamam a atenção, mesmo que não sejam bonitas, e sim, geralmente dá certo. Nossa, lendo a sua resenha fiquei super animada para ler esse livro. O que mais achei legal foi a autora ter criado essa família, que tem muitos problemas em se relacionar. Além disso, ela também fala de cada personagem e acontece todas essas situações que são bem comuns na nossa realidade.

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  4. Apesar de eu amar viajar também, não curti muito, achei os personagens muito distantes um do outro. Deu pra ver que estão pesando em "muitos ovos".
    Não to num bom momento para lê-lo, mas vou deixar anotado aqui, pra quem sabe um dia, afinal, livros sobre dramas familiares e viagens são sempre reflexivos e tocantes, mesmo que a gente discorde ou fique triste com algo.
    bjss

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