A livraria dos finais felizes - Katarina Bivald

Resenha Livro A livraria dos finais felizes

– Existe uma pessoa para cada livro. E um livro para cada pessoa.
Falar de livros é bom, né? Mas um livro que fala de livros é melhor ainda e quando esses livros conseguem mudar as pessoas e a rotina de uma cidade é fantástico!
A livraria dos finais felizes se passa em Broken Wheel uma cidade quase esquecida em Iowa. A cidade parou no tempo e pra ter noção só tinha 637 habitantes.

Jonh andou até a janela. – A verdade – disse ele – é que Broken Wheel está morrendo.

A cidade é como se fosse um refúgio, pois encontramos nas histórias questões raciais, de gênero, alcoolismo, mães que cuidam dos filhos sem os pais, o temor a Deus, relacionamento com pessoas mais novas e assim vai. Assim, Broken Wheel é vista como aquele local em que todos são aceitos (independente das suas escolhas ou modo de ser), já que se não se encaixavam ou eram descriminados em outras cidades ou outros estados.

Mas o livro conta a história de quem, mesmo? Bem, vamos lá! Sara tem 28 anos, mora na Suécia, trabalhava uma livraria e troca cartas com Amy, uma senhora que mora em Broken Wheel. Nas cartas elas trocam ideias sobre livros e seus personagens, sobre os vizinhos de Amy e o emprego de Sara.

Uma livraria! Deve ser um lugar legal para trabalhar. Nunca tivemos uma livraria em Broken Wheel, mas já tivemos uma biblioteca móvel em uma bicicleta.

Indiretamente, Sara vai conhecendo os moradores da cidade. Passados uns dois anos de cartas trocadas, surge o convite de Sara ir visitar a cidade de Amy, e por ser demitida, da livraria, foi intensificado o convite de que a sueca faça uma visita a Broken Wheel. Elas sentiam uma conexão entre elas era tão legal que elas enviavam livros uma para as outras.

Não é irônico que meus livros estejam viajando para lugares onde nunca fui? Sinceramente não sei se isso me consola ou se me preocupa.

Enfim, Sara vai a Iowa e acha estranho, já que tinha combinado de Amy buscá-la para levar a pequena cidade e ela não chegava. Ela consegue chegar na cidade e fica sabendo da morte de Amy e que estava havendo o enterro de sua amiga. Ela era como se fosse uma conselheira da cidade e todos tinham um grande respeito por ela.

Como Sara era hóspede, todos tentam tratar ela como se Amy ainda estivesse na cidade. Sara ficou hospedada e na casa de Amy e a cidade se prontificou em cuidar dela, levando-a para onde quisesse, oferecendo comida de graça e o que ela precisasse. Apesar de Sara tentar retribuir, de alguma forma (se prontificou em lavar os pratos), mas ninguém aceitava.

Sara percebia que os habitantes de Broken Wheel não tinha o costume de ler, na verdade eles não gostavam de ler mesmo. Achavam uma perda de tempo. Já Sara via os livros como um refúgio, um mundo em que pudesse conhecer lugares, pessoas e viver experiências diversas, tanto é que ela sempre fazia a pergunta para si e para os outros se preferiam livros ou as pessoas. Pra ter noção ela não tinha muitos amigos na Suécia.

Em casa, Sara tinha quase dois mil livros. E três amigas, se considerasse as antigas colegas de livraria.

Então imagine ela em uma cidade em que a única pessoa que ela “conhecia” havia morrido. Ela se sentia deslocada, já que não tinha uma pessoa que pudesse conversar.

Sara sabia que a maioria das pessoas acreditava que ela usava os livros para se esconder da vida.

Na trama há vários personagens (alguns engraçados e outros nem tanto) que acabam se envolvendo com a vida de Sara e até tentam arrumar um relacionamento forçado para Sara, e a única pessoa na cidade seria Tom, o sobrinho de Amy, já que ele tem a mesma idade dela.
Sem ter o que fazer, além de ler os seus livros, Sara começa a explorar a casa de Amy e, ao entrar no seu quarto, se depara com vários livros e passa a pensar no que poderia fazer com toda aquela quantidade e diversidade.

O quarto de Amy era como a biblioteca perfeita [...] Todas as paredes eram cobertas por estantes.

A cidade se retroalimentava e tudo dependia dos habitantes de Broken Wheel. Raramente as pessoas da cidade vizinha passavam por lá, já que as outras cidades conseguiam avançar no tempo e Broken Wheel não.

Resenha Livro A livraria dos finais felizes


Foi ali, fora da loja vazia de Amy, que a sombra de uma ideia começou a se formar. Ainda era vaga demais para contar a alguém ou mesmo para admitir a si mesma, mas era uma ideia, definitivamente era uma ideia.

Assim, Sara decide criar uma livraria com os livros de Amy, mesmo os habitantes acreditando que essa ideia não dê certo, já que não teria pessoas para comprar livros. Sara se vê otimista e leva a ideia para frente, mesmo que a livraria durasse o tempo em que ela permanecesse na cidade.
Com a ajuda de todos, a livraria é inaugurada, a “Livraria dos Carvalhos”. Com livros baratos para estimular a leitura e, às vezes, doações. Aos poucos a cidade faz da livraria um ponto de encontro. Sara imaginou um local aconchegante com algumas poltronas e cores vivas.

O lugar parecia mais uma sala de estar familiar, onde tudo havia sido reunido com o passar das gerações, ou a casa de um jovem casal sem dinheiro para comprar coisas novas. Ela gostava de ambas as imagens.

Ao lado de Broken Wheel existia Hope, uma cidade também pequena, mas acreditavam que as pessoas se achavam superior. Como sabiam que havia aberto uma livraria na cidade, as pessoas da outra cidade foram lá conferir, já que na cidade deles não possuía. Então, como a cidade vizinha tinha o costume de subestimar os moradores de Broken Wheel, os moradores, juntamente com Sara, resolvem fazer um evento com promoções na livraria, e com isso aproveitaria para mostrar ao pessoal da cidade vizinha que se interessavam por leitura sim, mesmo que fosse de fachada. Nessa deixa, Sara aproveita para incentivar os moradores a lerem cada vez mais.

Agora vamos as impressões do livro? Vamos! O que chamou, primeiramente, a impressão foi a história e depois a capa. Esse amarelo vivo chamou logo a atenção. A Suma das Letras está de parabéns pela edição e revisão. No entanto, acredito que o nome do livro poderia continuar como estava em inglês, só que traduzindo para o português.Digo isso já que, na minha opinião, faz mais sentido e por ter uma prateleira na Livraria dos Carvalhos com o nome “O leitores de Broken Wheel recomendam”, mas por uma questão de marketing, né? E também por se referir a finais felizes, né? Já que a maioria dos contos de fada sempre termina com “E viveram felizes para sempre”.
A capa faz referência ao livro e tem um momento em que você vai lendo e a capa fica em sua cabeça.

O balcão amarelo-girassol era a primeira coisa que todos viam quando entravam na loja. Sara achava que aquilo fazia parecer que estavam entrando em um tipo de loja mágica. O que não era possível com um balcão amarelo?, perguntou a si mesma.

O livro, indiretamente, indica outros livros a serem lidos como Harry Potter, Bridget Jones, Orgulho e Preconceito, dentre outros, afinal, Sara vai comparando a sua vida e a suas experiências com eles, além de associar as personagens de alguns livros aos moradores de Broken Wheel.
Apesar de estarem quase isolados, o livro traz assuntos que são bem debatidos hoje em dia, como já foi mencionado mais acima, mas eu senti que a autora não explorou como devia, principalmente no final do livro. A proposta do livro é incrível, afinal apesar do “boom” da leitura em que vivemos hoje, é muito complicado fazer uma pessoa “criar” o hábito pela leitura, principalmente quando vemos nas escolas a adoção de paradidáticos em que os estudantes são obrigados a ler.

Nossos críticos e educadores têm que pedir muitas desculpas por fazer os meninos verem histórias sobre rebelião, aventura e palavrões como uma obrigação. Está me entendendo? O verdadeiro crime dessas listas não é deixar livros merecedores de fora, mas fazer as pessoas verem aventuras literárias fantásticas como um dever.”

(Na moral, nessa hora eu parei assim... E fiquei pensando no quão verdadeiro é isso.)

Confesso que criei uma expectativa quando se aproximava a parte em que Sara deveria convencer os moradores da cidade a ler, mas isso passou como algo tão normal. Acho que a autora tenha escrito de maneira superficial. E essa temática vai se perdendo ao longo do livro, principalmente da metade para o final, quando Sara ganha a admiração de todos e o povo da cidade se mobiliza para que ela se case com Tom antes que o visto dela expire e possa permanecer na cidade. Nessa parte eu achei tudo tão forçado... Era como se no livro tivesse que ter um casal/romance. Ficou nítido que forçaram o relacionamento dos dois. Então isso faz com que o livro mude o foco.

Nas partes finais do livro fica perceptível como a autora corre com a narrativa e vai dando desfechos rápidos e óbvios, então não tem aquele suspense ou aquela ansiedade para o que vai acontecer. Quando vê, já aconteceu. Outro ponto é que a história possui muitos personagens e, no início, fiquei um pouco de quem faz o quê, mas ao longo da leitura eles vão sendo construídos e vai dando para entender.

Eu gostei de ter lido o livro, recomendo, achei muito interessante a parte em que aparecem, no início da maioria dos capítulos, as cartas de Amy para Sara. Me senti como acho que a gente se sente com relação aos livros...

Sophy levou o livro ao rosto, ainda com muito cuidado, e lentamente aspirou pelo nariz. Então sorriu.
- Está sentindo? Cheiro de um livro novo. De aventuras desconhecidas. De amigos que nunca conheceu, de horas de escapismo mágico esperando por você.

Como a gente se transporta e vive e se envolve com milhares histórias ou as nossas expressões quando estamos lendo algo com o qual nos identificamos.

Com os livros, ela podia ser quem quisesse, estar onde quisesse. Podia ser durona, bonita, charmosa, dizer a frase perfeita no momento perfeito e...viver coisas

Sobre Sara preferir livros a pessoas, tem um momento em que Amy escreve para ela e que também fiquei tão feliz quando eu li e termino a resenha com esse trecho que acredito que represente bem tudo o que temos feito aqui, bem como os outros blogs, vlogs, encontros literários e afins.

Talvez isso prove que eu estava certa sobre livros e pessoas: livros são fantásticos e provavelmente vêm com uma cabana própria na floresta, mas será que seria divertido ler livros fantásticos se não pudéssemos falar sobre eles, conversar sobre eles, citá-los constantemente?

Resenha Livro Resenha A livraria dos finais felizes

A livraria dos finais felizes - Karina Bivald
Suma de letras
336 páginas
Livro cedido pela editora
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6 comentários

  1. Oi Danila, achei a capa do livro fofa e fui conquistada pelos quotes, o primeiro é muito verdadeiro e o último perfeito :) Sobre a história acho que vou gostar de acompanhar, e se virasse filme daria uma bela sessão da tarde rsr. Apesar de parecer superficial em alguns momentos o livro parece conter uma mensagem importante mesmo que a autora não tenha dado tanta ênfase ao fato da protagonista convencer os moradores a ler. O livro deve ser bem legal e se tiver a oportunidade vou querer conferir ;)

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  2. Esse livro tinha tudo para ser maravilhoso, principalmente pela forma como ele fala dos livros, de maneira tão real, e eu mesma me identifiquei em vários quotes, imagina lendo esse livro. Enfim e uma pena que o desenvolvimento do livro foi de forma tão rasa, sem um envolvimento, com certeza também esperava mais, principalmente da personagem e os moradores da cidade. Apesar disso, ainda sim quero dar uma chance a leitura.

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  3. Nossa,em primeiro lugar,que capa é essa?
    Muito linda!!!
    E achei o enredo do livro bem original.
    Que bom poder transformar uma cidade com o poder da escrita,dos livros!!!!!

    E confesso que também muitas vezes prefiro meus livros à algumas pessoas.
    Muitas vezes são nas páginas de uma boa história, que me refugio dos problemas...

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  4. Danila!
    Já gostei do livro por dois aspectos: primeiro porque fala de livraria e ainda cita várias indicações de livros; e, por saber que a protagonista trocava cartas com a dona da livraria. Adoro cartas, tanto que faço correspondência desde a adolescência e é uma delícia..
    Quero demais poder ler esse livro.
    “Não pedi coisas demais para não confundir Deus que à meia-noite de ano novo está tão ocupado.” (Clarice Lispector)
    FELIZ 2017!
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  5. Aiiii realmente livros que falam de livros são duplamente gostosos de se conhecer e ler. Gostei bastante da história se passar em uma cidade tão pequena e com caracterizaras bem peculiares e interessantes.
    Sobre a história é uma pena que a autora tenha se perdido um pouco com o decorrer da trama, acho que a proposta do livro é muito interessante. O modo como começa, com as trocas de cartas, também foi algo que despertou minha curiosidade. Além disso, saber que a protagonista cita livros como os de Harry e o de Orgulho e preconceito é algo que me agrada bastante também. Enfim, apesar do livro ter decaído um pouco com o passar do tempo, acho que é uma boa leitura (sem falar que a capa é bem lindinha mesmo). Leria sem problemas.

    Beijos

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  6. Oi!
    Estou bem curiosa sobre esse livro, a capa dele chama mesmo logo a atenção do leitor, e a historia é linda, mesmo com esse começo triste, achei bem legal como a leitura vai transformando a vida das pessoas de Broken Wheel, e principalmente a força da Sara para tentar mudar aquela realidade e compartilhar algo que faz bem para ela com a cidade, mesmo os moradores não acreditado muito nisso. As cartas da Amy parece ser mesmo muito emocionante e quero muito ler esse livro !!

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