Nos últimos tempos várias releituras dos tradicionais Contos de Fadas têm sido publicadas e este livro é um belo exemplo de que é possível compor uma obra com este mote, lançando mão de criatividade e bom gosto. A dupla Neil Gaiman (escritor) e Chris Riddell (ilustrador) fizeram um trabalho incrível em A bela e a Adormecida. Tão próximo ao dia internacional da mulher, temos a resenha deste conto que evidencia uma rainha corajosa e decidida que é pra gente se inspirar!
Neste conto, a história começa quando três anões saem em busca de um belo presente para sua jovem rainha que está prestes a se casar (embora não pareça que ela está realmente feliz com isso). Para tanto, eles precisam cavar pela imensa cordilheira até chegar a Dorimar, reino vizinho a Kanselaire. Ao chegarem ao destino os anões encontram pessoas conversando numa taberna local sobre a praga ou feitiço do sono que estava assolando toda a população e se alastrando pelo reino. Uma bruxa ou fada má seria a culpada por esta maldição.
Em uma semana não teria mais o que escolher. Reinaria sobre seu povo. Teria filhos. Talvez morresse durante o parto, talvez de velhice, ou em batalha. Mas o caminho para sua morte, a cada batida de seu coração, seria inevitável.Ao saber desta notícia, os anões voltam para o castelo e comunicam a rainha, cujo o nome não é citado, o que está acontecendo. A rainha fica preocupada e resolve ir averiguar de perto a situação. Mais do que isso, ela resolve adiar seu casamento, que seria no dia seguinte, veste a sua cota, pega a sua espada e segue o caminho em direção ao leste.
Era o reino mais próximo ao da rainha, em linha reta, como voa o corvo, mas nem os corvos voaram até lá. A elevada cadeia montanhosa, que servia de fronteira entre os dois reinos, desencorajava corvos da mesma forma que desencorajava pessoas e era tida como intransponível.Na verdade, no reino assolado pelo sono há uma princesa que também padece deste mesmo mal e está presa no castelo. Os anões sabem que a rainha, quando ainda era uma princesa, dormiu por longo período por causa de um feitiço, quem sabe então ela poderia ajudar a salvar princesa de Dorimar. O que chama a atenção é o fato de que neste conto não há heróis, príncipes ou cavaleiros. Nele a rainha toma as rédeas da situação e vai em busca de tentar entender e solucionar o problema. No percurso ela encontra desafios, obstáculos e algumas surpresas desagradáveis. Será que ela consegue cumprir seu objetivo, resolver esse mistério e salvar de vez a princesa adormecida? Só lendo para saber! Posso adiantar que o final desta história me surpreendeu!
A Rainha permaneceu desperta, porém a floresta estava repleta de pessoas que ela sabia que não poderiam estar ali. Eles andavam ao seu lado na trilha. Ás vezes falavam com ela.Quanto à escrita do Neil Gaiman, esta foi a primeira obra que eu li do autor e eu gostei bastante, pois é uma escrita que cativa e prende o leitor. Esta é uma história em que os personagens não têm seus nomes revelados, porém fica nas entrelinhas quais os contos que estão reescritos de maneira tão rica em criatividade.
A diagramação desta edição é maravilhosa, com ilustrações belíssimas que nos ajudam a mergulhar na história. As letras são pequenas, mas com um espaçamento que torna confortável a leitura, pelo menos pra mim funcionou bem. As cores utilizadas tanto na capa quanto no livro por inteiro são preto, branco e dourado. O livro é todo em papel couché, tem capa dura e vem com uma sobrecapa de papel vegetal, ilustrada e transparente, que compõe lindamente com a ilustração da capa. Enfim, a edição para mim é primorosa, daquelas que deixa a gente um tempão apreciando os detalhes.
Sou apaixonada por contos de fadas, mesmo os tradicionais, com princesas, príncipes, bruxas e cavaleiros. Acredito que eles têm sua importância na nossa vida, na nossa infância e na nossa formação como leitor. Mas é incrivelmente legal poder ler contos em que a mulher é, de fato, protagonista da sua história. Ela não precisa esperar que um príncipe ou um cavaleiro forte e corajoso resolva a situação, mas ela mesma pode seguir seu caminho e fazer suas conquistas. Espero que vocês leiam, se inspirem e digam depois o que acharam. Boa leitura pra todo mundo!
A bela e a adormeccida - Neil Gaiman
Rocco jovens leitores
70 páginas
Livro cedido pela editora
Onde comprar: Submarino | Americanas | Saraiva | Amazon
Olá, ADORO releituras, a ideia de reinventar o universo mágico de princesas é brilhante e na maioria das vezes dá certo. Não conhecia esse livro mas fiquei curioso para ler essa história ousada. Beijos.
ResponderExcluirCristiana, não conhecia essa releitura mas já pude amá-la desde o início da resenha. O bom dessas releituras de contos de fadas é que as princesas que são suas próprias heroínas, não tem um belo príncipe que vem em um cavalo branco pra salvá-la. Fiquei bem curiosa para saber o que acontece com essa tal rainha ao chegar ao reino encantado, na verdade, fiquei curiosa com a história como um todo.
ResponderExcluirObs.: No título está falando que o post foi lançado dia 02/03, mas só apareceu no blog para mim no dia 06/03, sabe o que aconteceu? Tanto este post quanto o anterior.
Cristiana!
ResponderExcluirTambém sou apaixonada pelos contos de fadas e ainda mais pelas releituras que trazem uma visão própria do autor.
Achei interessante saber que as personagens não tem nomes, mas ainda assim, da para acompanhar a história direitinho.
“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher.” (Simone de Beauvoir)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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