Fuga da Biblioteca do Sr. Lemoncello - Chris Grabenstein


Título: Fuga da Biblioteca do Sr. Lemoncello
Autor(a): Chris Grabenstein
Editora: Bertrand Brasil
Nº de páginas: 300
Onde comprar: Submarino | Americanas | Cultura
Nota:

Nesta eletrizante aventura rodeada de livros, Kyle é um dos doze convidados para passar uma noite na biblioteca do famoso e excêntrico Luigi Lemoncello. Quando amanhece, no entanto, todas as portas estão trancadas! Agora Kyle e as outras crianças terão que solucionar cada pista e decifrar as charadas para encontrar a saída! Será que você consegue descobrir como escapar da biblioteca?

A família Keeley é apaixonada pelas criações do sr. Lemoncello, o maior mestre de jogos do mundo, e consequentemente vivem competindo entre si. O filho mais velho é atleta, o do meio é geek, aí o caçula, Kyle, se sente sem muita importância, só porque gosta de passar o dia jogando. Em uma de suas disputas, Kyle acaba quebrando uma vidraça e fica de castigo, mas logo pensa num jeito de encurtar seu tempo longe do video game.

Pra comemorar a reinauguração da biblioteca pública da cidade, que ficou 12 anos fechada, 12 alunos de 12 anos serão escolhidos para passar a noite lá dentro antes de ser aberta a todo o público. A escolha foi feita através de concurso de redações. Acontece que Kyle nem sabia disso e escreveu qualquer coisa em cima da hora achando que seria sorteio. Quando descobre que o próprio sr. Lemoncello leria os textos, tentou até mandar e-mail, mas recebeu uma resposta automática super desanimadora.

Mas pra sua surpresa seu nome foi chamado, o 12º escolhido. Junto com sua melhor amiga e mais alguns colegas de escola vão descobrir antes de todos as surpresas que a biblioteca reserva. Só que a maior de todas acontece de manhã: a porta está trancada! Eles terão que correr atrás de pistas espalhadas por todo o local e descobrirem a única saída possível. O prêmio? Ser garoto-propaganda dos jogos do sr. Lemoncello. Qual dos 12 será o campeão?

O conhecimento que não é dividido permanece desconhecido. Luigi Lemoncello

Fuga da Biblioteca foi uma grata surpresa. Sabe aquelas leituras que você começa sem muita expectativa, mas se vê preso à história assim que passa o primeiro capítulo? Eu estava morrendo de sono, mas devorei 1/3 do livro de uma vez só, e tive que me forçar a parar pra dormir por causa da hora afinal, sou uma menina trabalhadêra. O restante eu terminei no dia seguinte, foi inevitável não virar a última página em menos de 24 horas. Deu vontade de voltar aos meus 12 anos e escrever uma redação pra tentar passar a noite lá na biblioteca também. Fiquei junto com as crianças tentando decifrar os enigmas e confesso que muitas vezes elas foram mais espertas do que eu. rsrsrsrs

A biblioteca é o sonho de consumo de qualquer apaixonado por livros. Aliás, até os jogos citados, físicos ou virtuais, me deixaram com aquela pontinha de vontade. Luigi Lemoncello é um homem extravagante, mas usa sua loucura de uma fora extremamente criativa, estimulando os jogadores a saírem da caixinha. A biblioteca acompanha essa linha e tem uma mistura de livros, realidade virtual, jogos, interação... Se houvesse uma dessas de verdade, eu até pagava pra entrar!

O autor teve grande influência de A Fantástica Fábrica de Chocolate (Charlie and the Chocolate Factory), tanto que chega a citar esse clássico e seus personagens em uma das cenas. Quando comecei a ler, logo comecei a relacionar e adorei a versão literária de um dos filmes que mais marcaram a minha infância. (momento shame on me: só agora descobri que é uma adaptação; já quero ler o livro: sim ou claro?)

- O sr. Lemoncello é bastante parecido com o Willy Wonka - comentou Kyle.
- Você quer dizer tão louco quanto? - perguntou Akimi.
- Prefiro o termo "excêntrico".
- E a dra. Zinchenko é a Oompa-Loompa dele - completoui Sierra.

Como o público-alvo é juvenil, os personagens são um tanto estereotipados. A menina bonita e metida, o garoto que quer aceitação, o menino puxa-saco dos adultos e falso toda vida, o garoto esforçado e legal, a melhor amiga que topa tudo, a garota nerd que ama ler... Tem vários perfis, e conhecemos melhor cada um deles conforme vamos acompanhando os desafios. Então dá pra garotada se identificar com um deles ou se reconhecer um pouquinho em cada.

A história traz lições que pros pequenos ainda vale repetir. Valores como amizade, lealdade, sinceridade, honestidade, trabalho em equipe e perserverança são transmitidos no desenvolvimento da história, abordando também seus contrapontos e mostrando as consequências de escolher o caminho errado. É um livro politicamente correto, mas o faz de uma maneira leve, divertida, inserida no contexto.

Um dos grandes aprendizados pra mim foi o sistema de classificação decimal de Dewey, "uma ferramenta organizacional de conhecimento geral que é continuamente revisada para acompanhar o conhecimento". Se vocês repararem na capa, tem uma roleta com 000, 100, 200... Tem a ver com isso aí, os assuntos são divididos por áreas, com subdivisões em dezenas e unidades. E - pasmem! - aqueles fedelhos de 12 anos sabiam todas as 10, inclusive iam e vinham nas seções com a maior facilidade.

- Tem alguma pista? - perguntou Haley.
- Claro. - Kyle leu o minúsculo pedaço de papel que estava colado no vidro. - "Uma vez que aprender a fazer isso, será livre para todo o sempre."
Todo mundo começou a rir.
Aquele último enigma era ridiculamente fácil.
- Prontas, crianças? - perguntou o sr. Lemoncello. - Todos juntos agora.
E, ao mesmo tempo, todos gritaram: LER!

Pros leitores mais ávidos, há inúmeras referências, de Agatha Christie a John Green. Dá pra gastar um bom tempo só pesquisando por elas - eu passei batido de tão curiosa que estava pra descobrir o final da história. hahahaha!

Preciso elogiar o trabalho da Bertrand. Além de o texto ser bem revisado e a capa uma adaptação muito legal da original, o que mais se destaca é a tradução. Parte das pistas envolvia desenhos com jogo de palavras (ex: imagem de uma igreja e ao lado -CA, ou seja, CAPELA - CA = PELA). Eles tiveram que pensar em tudo isso pra fazer sentido em português, obviamente encaixando na história. E ainda tiveram o maior trabalho pra relacionar os livros e autores que não vieram pro Brasil ainda. Difícil, né? Estão de parabéns! E, autores nacionais, duvido alguém fazer algo do tipo com a nossa literatura. hehehehehe!

Pesquisando para escrever a resenha, descobri que esse é só o primeiro livro. \o/ Nem imaginei, porque ele é fechadinho, redondinho, me deixou super tranquila com o final. Agora claro que quero saber o que o excêntrico sr. Lemoncello vai aprontar nas Olimpíadas da Biblioteca!

O jogo nunca acaba até chegar ao fim.

4 comentários

  1. Oi Giulia, apesar de não ter visto A Fantástica Fábrica de Chocolate, lendo a sinopse logo pensei nesse filme e acho até que esse livro daria um ótimo filme também rsrs. A história parece conter muita aventura e trazer a tona diversos valores importantes :) Ótima dica ;)

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  2. Oi,concordo com a Lili Aragão. Esse livro daria um ótimo filme para a criançada.
    Cheio de charadas ,descobertas e aventuras.
    E com várias referências!!!!!
    Para quem curte o gênero,essa é uma boa pedida.

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  3. Quando comecei a ler a resenha já me veio a mente A fantástica fábrica de chocolates.. Ai no meio descubro que é essa a referência.. Na mosca!
    Adorei o livro, parece ser uma graça! Merecia uma adaptação cinematográfica também!

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  4. Olá Giulia,
    Vou direto ao ponto: que livro/resenha surpreendente! Confesso que quando vi esse livro não imaginei que seria tão bom assim, e sim, lembra e muito A Fantástica Fábrica de Chocolate, que grande influência para uma aventura dessas!
    Senti uma invejinha desses 12 alunos sortudos, como gostaria de participar de uma aventura eletrizante rodeada de livros, um sonho! Que enredo mais criativo! Criar um jogo de realidade virtual em uma biblioteca, e com referências da Agatha Christie então? Também quero participar kkkk
    Adorei a proposta do livro, ainda mais por trazer belas lições, com certeza vou querer ler, e já estou ansiosa pela próxima aventura em Olimpíadas da Biblioteca.
    Beijos

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