A Costureira - Kate Alcott


Título: A Costureira
Autora: Kate Alcott
Editora: Geração


Uma jovem ambiciosa e uma estilista célebre sobrevivem ao maior naufrágio da História, mas são arrastadas pelo turbilhão de escândalos que se segue à tragédia. Tess Collins, uma jovem inglesa que sonha ser mais que uma empregada e ver reconhecido o seu talento para a alta costura, consegue emprego com a famosa estilista Lady Duff Gordon a bordo do Titanic, que ruma para os Estados Unidos. Porém, a viagem que se iniciou de forma tão auspiciosa acaba se tornando a maior tragédia marítima de todos os tempos. Tess e lady Duff sobrevivem, a primeira para viver as aflições do amor e as chances de ascensão social, a segunda para se ver envolvida nos escândalos do inquérito sobre o terrível desastre naval. Com um pano de fundo histórico, mas sob um ângulo inédito, este soberbo romance acompanha a trajetória dessas duas mulheres apaixonadas pela linha e agulha, tão parecidas e tão diferentes, deleitando-nos com um retrato emocionante de uma época conturbada e de uma sociedade dividida.

Um século e meio depois de ter recebido e lido o livro, eis-me aqui resenhando. monografia me consumindo Mas eu precisava falar pra vocês sobre A Costureira, que me surpreendeu muito.

Quando recebi, a sinopse me pareceu muito interessante. E a capa com esse vestido pomposo? Linda demais! Até então tudo dentro da normalidade. Só que eu me amarro quando a gente espera algo normal e vem algo que supera nossas expectativas. Eis o que aconteceu nesse livro.

A Costureira narra a história de Tess Collins, uma jovem oriunda de uma família pobre, que aprendeu a costurar com a mãe quando menina. Decidida a melhorar de vida, ela vai pra cidade, mas acaba trabalhando como doméstica. Um dia, ouve falar de um navio que vai cruzar o oceano, e nele vê suas esperanças de mudança. Só que ainda precisa arrumar um jeito pra entrar nele. Eis que o destino dá uma mãozinha e ela consegue, com um tantinho de humilhação, ser a ajudante de Lady Duff Gordon, uma estilista de alta costura que está fazendo muito sucesso. Assim, as duas embarcam no Titanic.


O navio estava agora quase perpendicular ao céu noturno estrelado, uma linha vertical, pairando como uma bailarina na ponta da sapatilha. As luzes das cabines e dos deques ainda estavam acesas, e um estranho brilho verde das luzes da parte submersa do navio iluminaram o mar escuro. Era, estranhamente, uma bela visão.

Eu achei que fosse me lembrar bastante do filme, mas a história foi bastante original. A autora pegou um fato verídico e criou tudo em cima dele. A Lady Duff Gordon realmente existiu e exigiu que um bote, com capacidade para umas 50 a 60 pessoas, saísse com apenas 12. Não satisfeita, impediu que sobreviventes do naufrágio embarcassem no bote. Após o resgate, houve os julgamentos e tudo o mais. E essa foi a inspiração. Já deu pra sentir como é essa personagem, né? Arrogante, metida, nariz em pé... E Tess é o oposto. Apesar do tratamento grosseiro da "madame", ela se mantém educada e prestativa. E mesmo com seus esforços pra provar que é eficiente também na costura, se contenta em começar servindo chá e passando vestidos.

As cenas do naufrágio foram bem descritas e me comoveram bastante. Consegui associar várias delas ao famoso filme Titanic. E ainda teve um período no barco de resgate, até chegar à terra firme. Mas tudo isso acontece nos 3 primeiros capítulos. A parte densa relata as tensões vividas pelos sobreviventes, os julgamentos ocorridos pra apurar o naufrágio, as diferentes versões sobre o acidente e a desigualdade social.

Pode ter sido uma série de pequenos erros alinhados de modo fatal, mas as pessoas não querem ouvir isso. Querem um único motivo, e não vários. Não querem analisar as decisões morais e práticas que estamos tomando.

Tess vive um dilema após outro. Por um lado, defende a patroa de todos que a acusam, acreditando ser impossível que ela seja uma pessoa má. Por outro, fica horrorizada a cada novo depoimento, que corrobora a falta de compaixão de Lady Duff. Nossa protagonista é bastante humana e se mostra comovida com a dor alheia. E, pra completar, se vê dividida entre dois homens: o servente Jim e o poderoso Jack. Um dos raros triângulos amorosos em que eu torço pra pessoa certa. \o/

- Celebrar a sobrevivência não é suficiente - disse ela, com tranquilidade. - Há pessoas lá embaixo no saguão do hotel, no porto, nos cortiços do East Side, que perderam maridos, esposas, irmãs e crianças, e não têm nada para celebrar. Gente como vocês sempre sobrevive. Vocês devem mais que isso.

O movimento feminista, presente à época, não foi esquecido e ganhou destaque através da jornalista Pinky, que se preocupava mais com sua carreira do que com um romance e lutava para ter uma remuneração compatível com o seu trabalho e não em função do seu sexo.

Infelizmente houve muitos erros na revisão, mas dessa vez não foram gramaticais/ortográficos. A digitação é que realmente contribui para tanta confusão. Letras faltando no meio da palavra, palavras repetidas, um número no meio da palavra, uma linha inteira sem espaço entre as palavras. Oi? Faltou um tanto de atenção na revisão, Geração.

No geral, a história é bem legal. Esse lance de ser baseado em fatos reais tornou o desenrolar da trama ainda mais interessante. E a forma sutil como o desastre foi apresentado me comoveu ainda mais do que se fosse descrito de maneira detalhista e agressiva. A autora está de parabéns pela modo original de contar uma história tão conhecida e consagrada por um filme.