Nerve - Jeanne Ryan

O começo de Nerve tinha tudo pra ser um clichê: Vee trabalha nos bastidores e vive uma vida bem pacata enquanto Syd, a amiga linda-maravilhosa, brilha e contracena com o cara mais gato do colégio, que por acaso é o crush da bela-recatada-do-lar. Se eu lesse essa frase sem saber que o livro não é um romance, podia jurar que ia ter aquela reviravolta que faria Vee ser descoberta e ganhar o papel principal. SQN! Ela entra em cena, sim, mas de um jeito muito mais emocionante.

A sensação do momento é Nerve, um jogo virtual em que os jogadores precisam cumprir os desafios propostos pelos expectadores, filmando com o próprio celular cada etapa. Vee cumpre um dos desafios só pra provar que era capaz, mas não imaginava as proporções que isso ia tomar. O vídeo acabou viralizando e já viu, né? Ela sendo reconhecida, todo mundo falando dela, fama subindo à cabeça... E quando o prêmio ficou muito atrativo, ela resolveu entrar de vez no jogo.

Os prêmios são diretamente proporcionais aos desafios: quanto melhor, mais difícil! Vee se envolve cada vez mais com o jogo e talvez não perceba quando é tarde demais pra voltar atrás. E se ela não conseguir pular fora pode colocar a vida dela, da família e dos amigos em risco.

Nerve tem um quê de Jogos Vorazes, essa coisa do sadismo dos expectadores. Pra ver os desafios, os Observadores precisam pagar, e tem até uns que gastam mais, os Observadores Presenciais, só pra seguir os participantes e ver ao vivo.

A narrativa em primeira pessoa me fez perceber uma Vee de atitudes antagônicas. Por vezes tive empatia, entendi seus motivos e até quis estar em seu lugar pra superar meus próprios limites, mas em outras senti raiva e quis socar a cara dela. Tudo isso porque ela precisava conciliar provas cada vez mais difíceis, crise de consciência moral/ética e ainda lindar com os Observadores presenciais a perseguindo.

Sobre os desafios, nem achei tãããão desafiantes assim. Alguns estão por aí no YouTube, outros parece coisa de grupo de adolescentes brincando... E a maneira como a autora desenvolveu a história a fez ficar ainda mais deficiente, com cenas que pareciam incompletas, sem muita profundidade.

Aliás, totalmente desnecessário o romance, não combinou com o enredo. Vee encontrou um parceiro de jogo para ajudá-la nos desafios, mas ao invés de serem apenas "equipe" Jeanne cismou de colocar sentimento entre eles. Ferrou com tudo! Ela poderia ter focado mais na crítica ao uso da internet e à relação exposição-observação e trabalhado menos os conflitos emocionais dos personagens.

Não sou fã de capa-filme, então não gostei muito dessa (principalmente porque tem cena que naõ tem no livro, deve ser só na tela mesmo). A original e até mesmo as de outros países são mais significativas. Mas tirando isso o trabalho da Planeta foi bom em revisão e diagramação.

O livro foi bom, mas poderia ter sido melhor. Minha sensação era de que a autora tinha uma história com um potencial enorme em mãos, mas não soube desenvolvê-la bem. Já ouvi colegas falando muito bem do filme, então talvez esse seja mais um dos raríssimos casos de "a adaptação ficou melhor que o original". Bora conferir!

Nerve - Jeanne Ryan
Outro Planeta
304 páginas
Livro cedido pela editora
Onde comprar: Submarino | Americanas | Saraiva | Amazon

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