O primeiro dia do resto da nossa vida - Kate Eberlen


Se você é ansioso, leia “O primeiro dia do resto da nossa vida”. O livro conta a história de Tess e Gus que têm muitas coisas em comum. Só que tem um detalhe, eles não se conhecem e nem sabem se vão se conhecer. Motivo da leitura: A capa (sempre a capa). Achei linda, sem contar que me deixou um tanto curiosa, já que na sinopse diz que eles tudo pra ficarem juntos e na capa eles caminham para lados opostos.

O livro está dividido em cinco capítulos e estes estão subdivididos por meses ou anos das vidas de Tess e Gus. Então pode ocorrer que no ano tal seja só para Tess, Gus ou os dois contarem o que estava passando pela vida. Ah! A narração é em primeira pessoa.

Percebemos, durante a leitura, a construção dos personagens principais, a sua relação com família e amigos, e os projetos para o futuro. Com o decorrer da leitura e do tempo, fica claro a mudança nas responsabilidades, as prioridades dos dois que mudam ou são esquecidas e o amadurecimento.

Mas eu não conseguia deixar de pensar: Qual era o meu objetivo agora?

A história começa a ser contada em agosto de 1997, onde Tess e Gus, ambos britânicos e com 18 anos, prestes a entrar na universidade, estão viajando. Ela fazendo um mochilão pela Europa com o "dinheiro contado” com a sua melhor amiga Doll, e ele com os pais.

Gus vai iniciar a faculdade de medicina. Ele queria mesmo fazer algo envolvendo artes, mas como seu pai (dentista) tinha como sonho ver os filhos dotôres doutores, acabou influenciando em sua escolha. Tess tinha outras ambições. No entanto, por conta da doença da mãe que veio a falecer de câncer, há mudanças em sua vida e ela deixa para trás o sonho de iniciar a universidade para cuidar da sua irmã mais nova e um tanto peculiar, Hope.

Em outra ocasião, nós teríamos rido da estupidez daquelas palavras, mas o temperamento instável de Hope estava tomando conta dela. Era quase como se uma sombra obscura se apossasse do seu rosto.

É notório os problemas de autoestima dos protagonistas da história. A insegurança dos dois “reina” o tempo todo, e isso influencia nas tomadas de decisões deles. Gus era comparado com o seu irmão, Ross, que sofreu um acidente e veio a falecer. Após a morte do irmão, Gus se sente culpado pelo acontecimento, e acredita que para se livrar das comparações, ao iniciar a universidade ele conseguirá ter uma nova vida e assim se distanciar da imagem de Ross, o queridinho de todos.

Já Tess, nunca se acha boa o bastante nas coisas que faz. Procura em si todos os defeitos e tenta agarrar o mundo com os braços para tentar agradar os amigos, a família e os namorados. Isso faz com que ela deixe de pensar em si, do que almejava para se dedicar aos outros.

Acredito na verdade eu tenho certeza que as eles, em alguns muitos momentos, fizeram escolhas erradas achando que seria sua tábua de salvação, mesmo refletindo sobre a sua relação com as pessoas, profissão, família e se teriam futuro ou não.


O livro é cheio de encontros dos dois: o encontro na loja na véspera de Natal, na igreja na Itália, no show dos The Rolling Stones e assim vai. E nesses encontros eu pensava que tudo ia dar certo, que eles se abraçariam e viveriam felizes para sempre e começava a cantar “Finally” de CeCe Peniston.

Só que é o seguinte, não vá pensando que eles vão se encontrar e vão se apaixonar e viverão felizes para sempre. Mas já nas primeiras páginas do livro fica impossível não torcer pelo encontro de Tess e Gus. Nesses encontros e desencontros do casal, Kate conseguiu dosar a mão e prender o leitor até a última página.

Por um instante, nossos olhares se fixaram um no outro, nossas expressões confusas. Será que eu a conhecia de algum lugar?

Sobre o livro, achei a capa de uma delicadeza (já disse isso), um cuidado com a edição e a revisão. O título do livro se dá pela frase encorajadora "Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida" que ficava na casa de Tess. Mas, eu acho que ideia ficou um tanto perdida no decorrer da história e até esquecida.

Os personagens criados são bem reais. Em alguns momentos até disse “Acho que tenho um pouco de Tess e Gus”. Outro ponto positivo é quando Kate traz acontecimentos para a história de Tess e Gus, como a Copa do Mundo de 1998, o 11 de setembro de 2011, além das referências de obras de arte, músicas, livros e culinária (acho que isso enriquece a história).

Agora, como a história tem muitos personagens, em alguns momentos eu fiquei me perguntando, principalmente no final, “Quem é esse mesmo?” Mas nada que venha comprometer a leitura. Como esse foi o primeiro livro que li de Kate, achei a escrita um pouco parecida com “Um dia” de David Nicholls.

Então é isso, aos ansiosos (assim como eu), muita calma. Esse livro é um teste de paciência que vale a pena. Ao ler “O primeiro dia do resto de nossa vida” não vá só com a expectativa de encontros entre Tess e Gus. Esse é o tipo de livro para pensar sobre as escolhas e suas consequências.

Mas você não pode viver a vida toda pensando "quem dera", não é?

Essas escolhas que podem mudar tudo, e esse tudo podem levar a um caminho de alegrias ou tristezas (inclua outras percepções ou outros sentimentos aqui). Mas há sempre a oportunidade de recomeçar, certo?



O primeiro dia do resto da nossa vida - Kate Eberlen
Arqueiro
432 páginas
Livro cedido pela editora
Onde comprar: Submarino | Americanas | Saraiva

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