#Fui - Viviane Maurey

Lully está pronta para voar alto, literalmente. Ela irá embarcar para os Estados Unidos, onde fará um intercâmbio de quatro meses. Ela já conhece as meninas com que irá dividir seu quarto no hotel, o emprego na estação de esqui local foi acertado previamente e ela passou tantas horas pesquisando sobre Lake Tahoe que consegue andar pela cidade como se fosse o Rio de Janeiro. A ansiedade está a mil, e esconder isso do namorado não está sendo nada fácil.

É a primeira vez que ela vai passar tanto tempo longe da família e do namorado, só que Eric, apesar de estar disfarçando, não está gostando muito dessa situação. Não é só pela distância, mas por todas as novas experiências que ela irá passar longe dele. Só que a Lully é uma mulher decidida e não vai deixar de correr atrás de seus sonhos por conta do ciúme de ninguém. Ela irá ver neve pela primeira vez, e a sensação de estar naquele infinito branco será inesquecível.

Sério! Não há quadro de Monet ou raio que o parta que o prepare para um momento como esse! O chão está coberto de branco. Para todo lado que olho. Meus deus, que coisa linda! A neve cobre quase tudo...

#Fui atraiu minha atenção assim que o descobri. Um new adult nacional, que conta a experiência de um intercâmbio e escrito por uma mega fã de Harry Potter? Tinha tudo para ser um livro que me prenderia por horas a fio. Quando o recebi da editora em um kit super fofo, fiquei mais empolgada ainda com a leitura e assim que tive chance iniciei. 

A história é narrada em primeira pessoa pela Lully, sendo os capítulos estruturados como se fosse um diário. Os capítulos se iniciam com a data, e há uma contagem regressiva que eu acabei não compreendendo a que se referia. O livro é dividido em sete partes, todas de acordo com a fase da vida da protagonista, e a primeira se chama "indo embora". Ela se inicia um dia antes do embarque e abrange as primeiras aventuras da protagonista em solo americano. Infelizmente não descobri quais são as fases seguintes.

A Viviane Maurey possui um escrita fluida e extremamente juvenil, mas me incomodou demais a forma como a protagonista se expressava, tanto que os três motivos que me levaram a abandonar a leitura estão ligados a isso. A protagonista tem vinte e dois anos, está no último ano da faculdade (coisa que eu só descobri depois), fala abertamente sobre sexo, mas diz coisas como "e de repente o ninja atacava e começa desesperadamente a cortar cebolas invisíveis".

Eu precisava ficar me lembrando a todo instante que ela era uma adulta! Até cheguei a cogitar que o problema era eu, que talvez eu não fosse o público-alvo do livro. Só que não, eu sou exatamente o público desse livro. E, mesmo que fosse um livro infantojuvenil (o que obviamente não é), já li vários livros assim e o máximo foi sentir que era bobo demais para mim, nada que me fizesse abandonar ou interferisse significativamente na minha avaliação.

Sou tipo a Luna Lovegood. O mundo não está preparado para as minhas epifanias.

A Lully é super geek e existem muitas referências na história. Sempre gostei de livros com essa pegada e, por mais que entenda apenas metade das referências, nunca tinha me sentido prejudicada. Até agora. Referências externas precisam ser sutis, e, quando o entendimento se faz essencial, os autores costumam dar uma explicação rápida e superficial. Aqui a personagem manda a gente pesquisar tudo no Google. Se isso tivesse acontecido uma vez, eu teria achado engraçadinho e seguido a história, mas ela faz isso algumas vezes.

Esse elemento provavelmente deveria fazer parte do jeito brincalhão da personagem, só que suas tiradas são todas forçadas e nada engraçadas. Perdi as contas de quantas piadas sobre o mundo acabar foram feitas, além de outras que acabavam com ela dizendo 'brinks' e isso foi informal além da conta para mim. Se eu pegar um livro e fizer duas resenhas dele, uma por escrito e outra em vídeo, elas podem ter exatamente o mesmo conteúdo, mas ainda assim serão diferentes. Eu preciso adaptar meu linguajar à plataforma, então sim, me incomoda quando eu leio um livro coloquial em um nível "daria uns pegas", principalmente porque essa é a forma como um grupo de pessoas se expressa, e nessa história essa caracterização estava longe de ser necessária. O que me leva a outra coisa que me incomodou.

Há dois pontos em relação à mistura de português e inglês que me incomodam em um livro. Odeio ver um nacional com palavras em inglês misturadas no texto sem necessidade. Eu entendo que existem pessoas que falam desta forma, eu mesma às vezes faço isso, mas sempre tento me corrigir. Se há um contexto, essa inserção é até um ponto positivo para a história, mas o autor também não pode supor que todos os seus leitores irão entender o que está escrito. Logo, uma nota de rodapé com a tradução não cai nada mal. A autora conseguiu subestimar seus leitores em alguns momentos, mas superestimou em outros.

O livro é lindo, daqueles que dá vontade de ter na estante, mas eu não sei se recomendaria. A história tem muito potencial, inclusive dei uma olhada nos últimos capítulos e fiquei curiosa para saber como os fatos se desenrolaram. Só que não adianta, não tenho paciência com a Lully.


#Fui -Viviane Maurey
Globo Alt
360 páginas
Livro cedido pela editora
Onde comprar: Submarino | Americanas | Saraiva | Amazon

6 comentários

  1. Essa questão do intercâmbio me chamou a atenção desde o início do lançamento.
    Mas que pena esses pontos negativos na história hein?
    Achei a premissa da obra bem interessante, mas confesso que não leria no momento.
    Me pareceu ser um pouco enrolado :(
    Quem sabe eventualmente no futuro não acabe lendo? Vamos ver...
    Beijos
    Caroline Garcia

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  2. Oi Dreeh, tudo bem?
    Nossa que coisa mais chata você não ter gostado do livro. Infelizmente pelas coisas que você falou, eu acho que também me irritaria com tamanha imaturidade. E tinha curtido a premissa da menina que mesmo com o namorado ciumento, não desistiu de viajar, mas agora desanimei total.
    A capa é uma gracinha, mas não compraria apenas pela capa sabendo desses pontos negativos.
    Beijos

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  3. Vish. .
    Não conhecia o livro mas depois desse desabafo nem quero conhecer rs.
    Parece ser um livro que tinha tudo pra ser uma boa história só que a autora não conseguiu manter os leitores presos a história. .
    Parece ser bem bobinho. .

    Bjo

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  4. Oi Dreeh,
    iiih, pelo o que você contou, eu iria detestar de primeira!
    Pelo jeito, é mal escrito mesmo, mal desenvolvido, e essa personagem chatinha, credo, tenho paciência nem comigo na tpm, que me dirá com personagens kkkkkkkk
    Não vou ler, não.
    Melhor aproveitar meu tempo com outro mais gostosinho.
    beijocas.

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  5. Dreeh, você falando sobre a Lully me lembrei de muitos jovens adultos que falam da mesma forma que ela (tanto na internet quanto pessoalmente), parece que eles estagnaram um ponto na vida que tentam continuar com as gírias e costumes adolescentes, uma hora ou outra é legal mas toda hora é uma chatice. Não sei porquê, mas acho que eu leria esse livro e não o deixaria de lado, por mais que a personagem seja chata na maior parte da leitura conseguiria conviver com ela, convivo com gente pior na verdade kk.

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  6. Dreeh!
    Tão bom ver um livro onde os leitores poderão se identificar com a protagonista e até de alguma forma sonhar um pouco em fazer a aventura que ela fez.
    E se é voltado para um público mais jovem e nerd, deve mesmo ter uma linguagem mais acessível e de fácil entendimento, deve ser um texto bem dinâmico para poder prender a atenção deles. Que pena que esse é justo o ponto que não a agradou e a fez abandonar a leitura.Tem alguns livros que não conseguimos mesmo terminar por algum motivo...

    Desejo um mês repleto de realizações!
    “A música é uma revelação superior a toda sabedoria e filosofia.” (Ludwig van Beethoven)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE AGOSTO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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