Eu sou Malala - Malala Yousafzai


Título: Eu sou Malala (Edição Juvenil)
Autor(a): Malala Yousafzai e Patricia McCormick
Editora: Seguinte
Nº de páginas: 216
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Nota:

Autobiografia da mais jovem ganhadora do prêmio Nobel da Paz, escrita especialmente para o público juvenil.

Uma jovem comum, Malala Yousafzai gostava acompanhar seus programas de TV preferidos, vivia brigando com os irmãos e adorava ir à escola. Mas em pouco tempo tudo mudaria. Ela tinha apenas dez anos quando o Talibã tomou conta do vale do Swat, onde ela vivia com os pais e os irmãos. A partir desse dia, a música virou crime; as mulheres estavam proibidas de frequentar o mercado; as meninas não deveriam ir à escola.
Criada em uma região pacífica do Paquistão totalmente transformada pelo terrorismo, Malala foi ensinada a defender aquilo em que acreditava. Assim, ela lutou com todas as forças por seu direito à educação. E, em 9 de outubro de 2012, quase perdeu a vida por isso: foi atingida por um tiro na cabeça quando voltava de ônibus da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria.
Hoje Malala é um grande exemplo, no mundo todo, do poder do protesto pacífico, e é a pessoa mais jovem e a receber o Prêmio Nobel da Paz. Nesta autobiografia, em que ela conta sua história inspiradora para outros jovens como ela, Malala mostra que todos podem mudar o mundo.

Aprendendo com uma menina a ser uma mulher melhor.
Malala me fez enxergar um mundo novo, de horrores a possibilidades. Nessa autobiografia, contada com a ajuda da jornalista e escritora Patricia McCormick, uma garota comum num país cheio de problemas.

Resumindo a vida de Malala... Ela cresceu influenciada pelo pai, dono de uma escola para meninas, e sempre gostou de estudar. Até que o Talibã começou a ditar um monte de regras absurdas, tolhindo as meninas de irem à escola. Nesse meio tempo, ela escreveu um diário para a BBC contando como era a vida no Paquistão. Depois de ganhar alguns prêmios e conseguir se fazer ser ouvida, Malala foi baleada à queima-roupa quando estava voltando pra casa no ônibus escolar, com apenas 15 anos. Ficou em coma, mas conseguiu se recuperar. E aos 17 anos tornou-se a pessoa mais jovem a receber um Nobel, sendo agraciada com o Nobel da Paz. Malala hoje tem 18 anos e luta pelos direitos humanos das mulheres e pelo acesso à educação.

A história de Malala me emocionou por sua coragem e determinação, pelo seu posicionamento tão maduro com tão pouca idade. O vale do Swat e todo o Paquistão sofreram com o terrorismo, e talvez por ser uma realidade tão distante de mim eu tenha ficado tão impressionada. A que horrores as pessoas foram submetidas! Como pode existir gente que pensa e age daquela forma tão cruel?

Cresci ouvindo a palavra terrorismo, mas nunca entendi de verdade o que significava. Até aquele momento. Terrorismo é diferente de guerra, quando soldados se enfrentam em batalha. Terrorismo é medo por toda parte. É deitar para dormir à noite e não saber que horrores o dia seguinte vai trazer. É abraçar sua família no cômodo mais central da casa porque todos decidiram que é o lugar mais seguro. É andar pelas ruas sem saber em quem se pode confiar. Terrorismo é ter medo de que, quando seu pai sair pela porta de manhã, não voltará à noite.

Uma defensora convicta dos direitos das crianças, uma criança que quer ser ouvida pelos próprios direitos. Em momento algum ela se intimida ou vitimiza, mesmo quando tentam induzi-la nas entrevistas perguntando sobre sentir medo ou ter a infância roubada. E rebate sabiamente com exemplos de meninas que se casam aos onze anos, de meninos que catam lixo para conseguir dinheiro para a família ou de crianças mortas por bombas e balas. Seu altruísmo é perceptível.

Na maior parte do tempo ela se mostrava bem consciente provavelmente amadurecida pela guerra, sabendo que "só tinha dez anos, mas sabia que encontraria um jeito [de continuar a jornada da luta pela paz e pela democracia no país]". Mas às vezes deixa transparecer a criança que era, como quando se espantou com Selena Gomez, Madonna, Beyoncé e Angelina Jolie comentando sobre seu atentado. E ao final desabafa sobre a responsabilidade que carrega e as consequências disso.

Não posso ser como as meninas da minha idade - devido à maneira como o mundo me vê. Quando se tem um papel público e tantas pessoas contam conosco, acho que devemos agir como as pessoas esperam.

Além de lutar pela educação, ela também defendia o direito das mulheres, sendo feminista sem ao menos saber o que era. Não entendia por que as mulheres eram tão restritas em sua sociedade, por que a cultura na qual estava inserida permitia o estudo de meninos, mas não incentivava o estudo de meninas. Quando assistia a uma série americana, pôde constatar que, embora com muito mais liberdade, as mulheres americanas também não tinham igualdade plena.

No Swat, um de seus referenciais era Benazir Bhutto, a primeira mulher a ser primeira-ministra do Paquistão, um modelo a ser seguido, mesmo tendo sido baleada em desfile público pelo Talibã. Malala sabe que ser líder política é o seu destino. E tem convicção de transformar o termo "política", com um carga tão pejorativa, em algo real, seu objetivo de vida.

Em seu relato, Malala faz questão de destacar a importância da família. Em meio a tanto perigo, eles enxergavam possibilidades e encararam a responsabilidade de defender o país. O pai é um sonhador e passou toda essa paixão pelo bem-estar social para a filha. A mãe era o apoio que eles necessitavam pra seguir em frente. Ou, como ela mesma disse, o "pai era como um falcão, ousando voar onde nenhum outro voaria", e a "mãe era quem tinha os pés firmemente plantados no chão". E os irmãos... ah, os irmãos eram irmãos, aqueles que amam, perturbam e não a deixam esquecer que apesar de tudo ela ainda é uma menina.

Uma noite, quando aconteceu um bombardeio bem perto da nossa casa, corri para meu pai.
- Você está com medo? - perguntei.
- À noite nosso medo é grande,, jani - ele disse. - Mas de manhã, à luz do dia, encontramos nossa coragem novamente.

Também ressalta o mérito e o reconhecimento dos professores. "Um aluno, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo." E ela mostrou que isso é verdade, sendo uma aluna estudiosa, valorizando a pessoa que lhe ensinava, prezando e devorando seus livros e escrevendo sonhos e diários que alcançaram todo o mundo.

Quando nossos professores, como a srta. Ulfat no fundamental I, diziam "Excelente!" ou "Muito bem!", nosso coração alcava voo. Porque, quando um professor elogia, pensamos: Eu sou alguma coisa". Em uma sociedade onde as pessoas acreditam que as meninas são frágeis e incapazes de qualquer coisa que não seja cozinhar e limpar, pensamos: Eu tenho um talento. Quando um professor diz que todos os grandes líderes e cientistas um dia foram crianças também, pensamos: Talvez possamos ser grandes amanhã. Em um país onde tantas pessoas consideram um desperdício mandar as meninas para a escola, é o professor que nos ajuda a acreditar em nossos sonhos.

A leitura de Malala foge completamente da minha zona de conforto, por ser biografia também, mas especialmente pela perturbação que me causou. Se hoje luto pelos meus direitos e defendo o feminismo, não posso sequer comparar com o que mulheres submetidas ao radicalismo islâmico. Se podia optar por faltar a aula, levei um tapa de uma menina que precisava se esconder pra estudar. Malala me ensinou lições importantes, me deixou desconfortável, me impactou e certamente me transformou.

Essa edição é a juvenil, escrita para que pessoas de sua idade entendam facilmente todo o relato. Mas também há a edição "normal", publicada anteriormente, e a edição ilustrada, para crianças. Não importa a maneira que você quer ler, o importante é que não deixe de conhecer a história fantástica dessa menina.

O Talibã atirou em mim para me silenciar. Em vez disso, agora o mundo inteiro estava ouvindo minha mensagem.

Um comentário

  1. Malala s2
    que história linda, né? forte e corajosa, idealista e igualitária, sem sombra de dúvidas o meu preferido atualmente nesse quesito de biografias
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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