{ literatura na escola} #2 A danada da "lente" do professor

Mais uma edição da coluna Literatura na Escola. Agora que estou começando a delinear o projeto de Monografia, estou empolgadíssima com o tema. E gostei dos comentários de vocês no #1 (quem não leu, é só conferir aqui). Hoje o assunto também promete!!!
Quero ler as opiniões sinceras de vocês. E podem sugerir mais temas pra essa coluna. Eu já tenho várias ideias, mas quero a contribuição de vocês.



A DANADA DA "LENTE" DO PROFESSOR...



Vou começar o post com um resumo do início da história do jacaré egoísta (leia a história toda) e depois um caso hipotético...

A Dona Pata queria que seus três filhinhos patinhos tomassem banho para ir à festa dos pintinhos amarelinhos. Só que o Jacaré se achava o dono da lagoa e não deixava ninguém chegar perto dela. A Dona Pata até que tentou conversar com o Jacaré, mas ele não quis saber e mandou os patinhos irem pra festa sujos mesmo, porque lagoa não é banheiro.

Na hora dos exercícios de interpretação de texto, a professora perguntou "Porque teve a confusão entre o Jacaré a Dona Pata?". O aluno respondeu: "É porque a Dona Pata queria dar banho nos patinhos". E a professora, com caneta vermelha, corrigiu: "Porque o Jacaré não queria emprestar a lagoa".

O caso não é verídico, mas aposto que você já passou por uma situação parecida. Eu já, e váááááárias vezes! É impressionante como alguns professores se acham o dono da verdade e não aceitam nenhuma resposta diferente da sua. Em alguns casos, como esse do jacaré, professora e aluno estavam dizendo a mesma coisa de modos diferentes. Mas tem casos em que o aluno teve outra interpretação e o professor sequer se dá o trabalho de analisar a resposta para ver se ela está coerente.

Nas séries iniciais os textos ainda são textos pequenos e, em sala de aula, a leitura é geralmente feita pela professora ou dirigida por ela. E diversas vezes, a professora conduz e manipula a leitura, tolhindo o aluno de fazer sua própria leitura, ter sua interpretação de modo livre. Se o aluno não entender do mesmo jeito do professor, já era, é resposta errada!

Também não é pro aluno escrever meia dúzia de abobrinhas e querer que o professor aceite. Mas se o professor analisar com boa vontade (ô problema!), pode se surpreender e ver o que talvez nem tivesse enxergado anteriormente.

Um exemplo clássico! O professor pede pra turma fazer um pequeno texto dizendo o que achou do final de Dom Casmurro. Um aluno coloca que não gostou porque Capitu traiu Bentinho. O outro diz que ficou triste porque Capitu é inocente e acabou mal na história. Quem está certo? Aliás... existe certo e errado?

Vou contar um caso que foi além disso. Eu já estava no Ensino Médio quando a professora de Língua Portuguesa pediu para que fizéssemos uma redação. Quando ela devolveu corrigida, eu estranhei um risco vermelho e umas palavras por cima do que eu tinha escrito. Fui perguntar a ela e a resposta foi "Isso que você escreveu não deu a entender direito, então eu reescrevi da maneira certa". Então eu falei pra ela que o que eu escrevi era justamente o que eu queria dizer e que ela tinha mudado totalmente o sentido com aquela correção. Mesmo assim, a nota continou e ela não deu o braço a torcer (porque nem mandar na minha própria escrita eu posso).

Professores (das séries iniciais, de Língua Portuguesa, de Literatura)... vamos estimular a interpretação livre!
Nada de ser a "lente" do aluno, que transforma a sua visão e, muitas vezes, deturpa.
E viva a imaginação! \o/

7 comentários

  1. Cheguei no blog agora e já fiquei feliz vendo a foto do velho George Martin ali em cima :)

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  2. Nossa adorei seu texto, na minha opinião essa situação mudou um pouco, mas existe muitas escolas com um ensino bem rígido ainda.
    professores que fazem de proposito, não dão ao aluno as ferramentas para serem pessoas pensantes.
    Beijos
    http://umlugarnaestante.blogspot.com.br/

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  3. Que Mara *-*
    Bom post...

    Beijos!
    Carol
    http://baudhistorias.blogspot.com.br/

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  4. Oi,amiga!
    Ótima colocação! Isso é lamentável! Mas o pior é que acontece em todas as séries. A criança está na fase de descoberta e não cabe o professor dificultar esse caminho porque é justamente nessa fase que a criança está descobrindo o prazer da leitura. Tendo que praticá-la, a única coisa que a criança tem noção é que ela tem que escrever assim como os palavras vão surgindo de acordo com seus pensamentos.
    Por essas e outras, que vemos crianças cada vez mais inibidas a praticar a escrita, seja pela trava do professor ou pela falta de incentivo da família.
    Adorei o tema.
    Bjs!

    Zilda
    Cachola Literária

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  5. Oie...
    Tudo bom?
    AMEI o post... Apoio totalmente.. já passei por essa situação de: ah mas não era isso que eu queria que você colocasse.. ¬¬

    Adorei seu blog... Já estou seguindo...
    Depois dá uma passadinha no meu para conhecer e se puder segui-lo ficarei muito grata... Relíquias da Lylu =D
    http://reliquiasdalylu.blogspot.com.br

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  6. Oiii. Tudo bom?
    Ótima essa iniciativa (e desenvolvimento) de posts sobre literatura nas escolas. E concordo plenamente com vc. Alguns professores por estarem no lugar de quem ensina acha que o aluno é tolo e sem uma boa opiniao, incapazes de ensinar também...
    Com certeza, muitos dos alunos que desconhecem o prazer de ler, viveriam de forma diferente caso professores lhes oferecessem dicas de títulos conforme os gostos dos próprios ALUNOS e parassem com esse "preconceito" com outras obras.
    E que esses que temos que considerar mestres apenas por terem diplomas abrem os olhos!
    Bjss e até mais!

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  7. Poois é, né.
    Minha professora de português e redação precisa dar uma passadinha no seu blog.. rsrs
    Ela sai tacando caneta vermelha em tudo, corrige errado, conta errado os pontos, a prova é TODA mal feita, mal elaborada... Teve uma questão que faltava alguma coisa pra fazer sentido e marcar a resposta... ninguém soube fazer. Apenas uma garota, e ela chutou kkkk Cruz credo! O ruim é que como é escola pública (faetec), não temos tantos professores disponíveis pra dar aula no lugar dela (e ela já dá aula no lugar da prof de redação)! Tive até uma prof de inglês em que a prova e o teste eram a MESMA xerox de um exercicio (ridículo, por sinal) de outro livro! kkkkk a preguiça dessas prof de linguagens são fogo... rs

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