Ser Clara - Janaina Rico


Título: Ser Clara
Autora: Janaina Rico
Editora: Underworld


Clara é uma jovem brasiliense, de 27 anos, que está envolvida com os preparativos do casamento de sua melhor amiga, Laura. Durante a festa conhece um médico rico e famoso, o homem dos sonhos de qualquer mulher. Porém, acaba se envolvendo com um colega de adolescência. Mal sabe ela os obstáculos que viverá pela frente, tais como uma sogra desesperada e até mesmo tentativas de assassinato, até que consiga decidir o que quer da vida.
Trata-se de um livro de linguagem simples e atual, que descreve o cotidiano, os sonhos e as aventuras de uma mulher vivendo entre a realização de uma vida independente e o desejo de conhecer e viver um grande amor.
Clara, Laura, João Thomas, Léo são personagens que encontramos em nosso dia a dia, no trabalho, nos bares, nas festas. Um passeio pelos desejos e sonhos do imaginário feminino.

Resenha de hoje é sobre o livro de uma autora fantástica, não só por sua escrita, mas também pelo seu modo de ser. Conheci a Jana nesse último fim de semana, em um evento do Ser Clara na Nobel do Norte Shopping. Uma mulher com a auto-estima no céu, que assume suas gordurinhas gostosuras e arrasa corações. Ainda consegue ser engraçada, simpática e super bem-humorada.


Nesse clima de auto-afirmação, apresento-vos Clara: brasiliense, 27 anos, professora de português, baixinha, dona de um corpaço e um bumbum de respeito (ela se aproveita de tanta beleza e sensualidade). Prefere gastar pra morar em uma quitinete a continuar sob o teto dos pais. Ganha pouco como todo professor e vive endividada.

Quando cheguei à festa e dei uma olhada geral na mulherada, fiquei pensando em como Deus foi generoso comigo, dando-me o corpo que tenho. Você deve estar pensando que eu sou alguém desprezível de tão convencida, mas não tenho problemas em dizer isso. Não preciso gritar aos quatro cantos do mundo, mas também não preciso fingir para mim mesma que eu tenho problemas com o espelho.

Como você pode ver, este chick-lit é narrado por Clara e começa com o casamento de Laura e Pedro (ela a sua melhor amiga, ele um idiota completo). Nossa protagonista será madrinha, mas não conhece seu par e tem uma bela surpresa quando o vê na igreja; João Thomas é um partidão - alto, olhos verdes, musculoso e rico! *todas gritam* Durante a festa eles já começam a se envolver e terminam a noite na casa dela, mais especificante em sua cama. E contrariando a atitude masculina, João deixa o seu telefone com Clara para que ela resolva se quer ligar ou não. Tudo correndo perfeitamente até que Clara é assaltada na volta do mercado aonde foi comprar os ingredientes pro almoço com o bonitão. E levam justamente o seu celular, o único local que continha os números mágicos do passaporte pra felicidade. Já era João Thomas até a volta dos recém-casados da lua-de-mel.

Nesse meio tempo, Clara encontra uma colega de escola, que a convida para uma festinha na casa de Vitinho. Ela tem um certo recalque por ele ter lhe dado um fora quando adolescentes, então vai decidida a mostrar todos os seus dotes e fazê-lo se arrepender. Mas nessa festa ela revê Léo, tem a oportunidade de se reaproximar dele e de voltar a ter momentos bastante agradáveis em sua companhia. O que ela não sabia é que ele nutria uma paixão escondida por ela.

Por aí vocês já percebem a história principal do livro, né? O triângulo amoroso João Thomas-Clara-Léo vai dar muito o que falar, principalmente porque ela não consegue definir de quem gosta mais. Uma hora o romantismo e a riqueza de João a atrai, em outra ela se pega pensando interruptamente em Léo.

O problema é que não tinha certeza dos meus sentimentos pelo João Thomas. Além disso, sentia-me confusa em relação ao Léo. Pode parecer besteira, frescura de mulher, mas assuntos do coração são muito dolorosos. Poderia ser tudo muito fácil. João Thomas gostava de mim e eu só precisava fechar os olhos para a Natália. Mas o Léo não saía da minha cabeça. Acha que minha felicidade estava no Léo e a minha estabilidade no João Thomas. Se pudesse juntar os dois seria perfeito.

Mas afinal, quem é Natália? Esta é a mãe de João Thomas, sogra de Clara (sim, eles começam a namorar). Depois que ela consegue o telefone de João, eles não se desgrudaram mais, MESMO. João é ciumento e possessivo (se não tivesse um defeitinho seria irreal, ele é quase perfeito!). Só que a mãe dele é uma perua preconceituosa e elitista, fazendo um inferno na vida de Clara com suas ameaças.

Somos apresentados rapidamente à família de Clara: suas irmãs Juliana e Raquel, seu sobrinho Iuri, sua prima Giovanna, seus pais (alguém lembra seus nomes?)... Achei legal falar sobre eles porque a Janaina já adiantou que suas irmãs também serão protagonistas de livros. Juliana estrelará Cartas para um Pai, falando sobre a sua relação com o pai de Iuri, nunca revelado a ninguém. Já Raquel será a personagem principal de um livro (ainda sem nome) sobre swing. O "casal perfeito de comercial de margarina" tem seus podres também!!!

Também conhecemos Chico e Glória, professores de Educação Física e Artes da escola onde Clara leciona. Os três são amigos que vivem com medo dos cortes de custos que andam acontecendo, e cada reunião é um teste de coração. E por último, mas não menos importante, Débora é a ex-mulher de João, atualmente casada com Antônio. Eles também têm participação intensa na trama.

O livro termina com o casamento de Clara. ÓBVIO que eu não vou contar com quem foi, mas posso adiantar que gostei da decisão. Só espero que Ser Clara 2 (sim, vai ter a continuação e será sobre a lua-de-mel dos pombinhos) mostre que o vértice deixado de lado conseguiu ser feliz também.

Eu crente que ia ser aquela leitura light, de boas risadas e muitos devaneios femininos. Me enganei, ainda bem! No final a autora nos prende e não é só com a escolha de Clara. Tem um pouquinho de ação e suspense, além de tratar sobre assuntos super atuais, como homossexualismo, traição, anorexia, independência feminina. Impossível parar de ler! Comecei minha leitura às 17h30 e não consegui ir dormir sem descobrir o final. 5 horas depois eu fechei meu livro com um sorrisão no rosto.

Peço desculpas pela pouca quantidade de quotes, mas fiquei tão envolvida com a história que acabei me esquecendo de marcar mais.
E pra "compensar", deixo a passagem que mais me fez rir. Você pode até pensar que eu sou uma boba que rio a toa, mas é que eu me imaginei nessa cena: a minha mãe é igualzinha!!!!!

Lá pelas tantas, minha mãe resolve que é hora de cantar parabéns. Para mim, esta é a pior hora dos meus aniversários. Todo mundo olhando pra mim e cantando aquela musiquinha chata, enquanto tenho que forçar um sorriso e ficar batendo palmas como uma demente. Depois a gente ainda tem que soprar uma velinha ridícula que enche o bolo de cuspe. Urgh!

Ok, os palavrões, como sempre, me incomodaram e achei erros de ortografia e regência. Mas nada que ofusque o brilho de Ser Clara.
capa causa muito burburinho. Eu adorei, acho que tem tudo a ver com o jeito de Clara. Consigo imaginá-la chegando bêbada depois de uma festa e fazendo um pipi antes de se jogar na cama com maquiagem e tudo.
Só não entendi a estampa daquelas beirolinhas do livro e da contracapa. Não tem a irreverência de Clara, achei inadequado.

Se você tem preconceitos com a literatura nacional, por que não dá uma chance pra Ser Clara? Janaina Rico mostra o porquê de a literatura nacional ganhar cada vez mais espaço. Seu livro é excelente, com uma linguagem fácil e divertida.
E se você, assim como eu, adora chick-lit, não perca tempo! Você também vai se apaixonar por Clara, João Thomas e Léo.