O Irresistível Café de Cupcakes - Mary Simses

Título: O Irresistível Café de Cupcakes
Autor(a): Mary Simses
Editora: Paralela
Nº de páginas: 288
Onde comprar: Submarino | Saraiva | Americanas | C.Bahia | Cultura
Nota:

Ellen é uma advogada de Manhattan e seu noivo está prestes a se tornar um importante político. Tudo em sua vida parece estar perfeito e no caminho certo. Até que ela decide realizar o último desejo de sua avó e entregar em mãos uma carta. Para isso, ela precisa ir para Beacon, uma charmosa cidadezinha do interior. Entre cupcakes de blueberry e deliciosas rosquinhas, Ellen desvenda os mistérios da vida de sua avó. Aos poucos, ela descobre os simples prazeres da vida e que "perfeito" nem sempre é o que parece.

Eu estava mesmo precisando de uma história gostosinha, fácil de ler, fluida e apaixonante. Foi assim que visitei Beacon, no Maine, junto com Ellen. Vida perfeita, bom emprego, noivo dos sonhos, dinheiro na conta... até que a vó morre, faz um último pedido e ela se vê obrigada a viajar quilômetros até uma cidadezinha pequena pra entregar uma carta. Já perceberam o clichêzão, né? A moça altamente urbana cai na cidade pequena, descobre os prazeres de uma vida pacata e vê seu coração sofrendo um baque...

Alguma coisa dentro de mim estremeceu. Parecia o coração de um pássaro engaiolado, de repente liberto e prestes a voar.

Enquanto Hayden, o noivo, é patricinho, elegante, com uma carreira sólida na advocacia e aspirações políticas, Roy, o primeiro contato em Beacon, é o típico cara do interior: bruto por fora, sensível por dentro. Conhecê-lo foi como desembrulhar aqueles presentes pegadinha, com milhares de embalagens até chegar ao conteúdo. Cada vez que ele revela uma camada, percebemos nuances diferentes em sua personalidade e nos apaixonamos gradualmente. Torcemos por ele, pela sua felicidade.

Maaaaaaas preciso dizer que, apesar de todo o envolvimento que tive com Roy, não consegui me sentir à vontade com Hayden. O tempo todo me coloquei no lugar dele, que não fez nada de errado, tentou agir sempre de modo a agradar a noiva, mas sem saber era deixado de lado. Foi um sentimento bem próximo ao que tive quando li Despedida de Solteira. Se não fosse isso, acho que teria favoritado, mas essa angústia constante me deu uma abalada.

E, como em todo livro de triângulo, a autora privilegiou um dos vértices da disputa. É nítido como a narrativa conduz o leitor a se aproximar de um e desgostar de outro. Vi resenhas em que Hayden foi tachado de chato, insuportável, arrogante... Mas a gente não conhece a história dele com Ellen anterior à morte da avó. Não tivemos chance de saber detalhes do início do relacionamento nem de vermos seu romantismo; então é óbvio que vamos nos envolver mais com Roy porque estamos lendo muito mais sobre ele.

A narração na voz de Ellen nos permitiu ver todo o conflito pelo qual passou, e que angústia! Trocar o certo pelo duvidoso? Arriscar-se em uma vida totalmente diferente? Perder tudo o que conquistou com o trabalho? Foram tantas dúvidas - TANTAS - que cheguei a ficar na mesma dúvida. E não sei se concordei com a decisão dela.

No quesito "urbano dependência", me identifico muito com Ellen. Por mais relaxante que seja viajar para lugares tranquilos, sinto falta da agitação da cidade grande. Gosto de estar conectada o tempo inteiro ok, isso não é saudável, eu sei. Fico irritada quando não encontro loja/restaurante X no local. E a leitura me fez refletir bastante sobre isso. A inserção de Ellen num local com costumes diferentes mexeu com seu orgulho, mas também serviu para ela se redescobrir. Fiquei pensando se eu precisaria de um tratamento de choque como esse - em condições diferentes, pfvr, pq meu coração está ocupadíssimo - para desacelerar e quebrar meus próprios paradigmas.

"E por que ele voltou?", eu perguntei.
O raio de sol deslizou para o rosto de Roy. "Acho que porque, apesar de tudo, aqui ainda era o seu lar."
Refleti um pouco a respeito. Me perguntava se é possível tirar o lar verdadeiro de dentro de alguém. Provavelmente não.

Além disso, a história da avó e do seu amor de adolescência gerou muitos questionamentos pros personagens, e também nos envolvemos nessas dúvidas e tentativas de esclarecimentos. Fugir de um lugar para fugir de lembranças. Escolhas da juventude que influenciam o restante da vida. Usar a razão ou a emoção para decisões importantes. Pra mim, não cabe continuação, mas seria bem legal se a autora escrevesse um diário da avó, para podermos preencher as lacunas que ficaram abertas e nos envolvermos ainda mais com Beacon.

Suponho que a lição de tudo isso seja não chegar aos oitenta anos fazendo um retrospecto da vida e se perguntando se fez a escolha certa ou como teria sido diferente se você tivesse feito uma opção e não a outra.

Sabem que não leio sinopse, né? Então pela capa e título decidi ler achando que seria um romance envolvendo uma confeiteira e um cliente, algo do gênero. Ledo engano! Fiquei um tempão esperando pra entender o título, e finalmente consegui. Não vou contar o(s) motivo(s), mas adorei a ideia. Houve uma pequena variação na tradução, acredito que por conta de o blueberry não ser comum no Brasil. E aí, consequentemente, mudou a capa, o que eu preferi, porque essa aqui do lado parece livro de receitas. A nossa ficou com mais carinha de romance, mais convidativa. Ah! É soft touch, morro de amores! ♥
A diagramação proporciona conforto durante a leitura, e a revisão não deixou a desejar. Mas se prepare para aspas no lugar de travessão; já estou tentando abstrair pra não criar cabelos brancos tão cedo.

Não é uma leitura extremamente marcante, mas é gostosa de se fazer. Pros românticos de plantão, mais do que recomendado. Corra o risco de ficar que nem eu, com o livro na cabeça mesmo depois de ter terminado a leitura.