Desejo à Meia-Noite - Lisa Kleypas

Título: Desejo à Meia-Noite (Os Hathaways #1)
Autor(a): Lisa Kleypas
Editora: Arqueiro
Nº de páginas: 272
Onde comprar: Submarino | Saraiva | Americanas
Nota:

Após sofrer uma decepção amorosa, Amelia Hathaway perdeu as esperanças de se casar. Desde a morte dos pais, ela se dedica exclusivamente a cuidar dos quatro irmãos uma tarefa nada fácil, sobretudo porque Leo, o mais velho, anda desperdiçando dinheiro com mulheres, jogos e bebida. Certa noite, quando sai em busca de Leo pelos redutos boêmios de Londres, Amelia conhece Cam Rohan. Meio cigano, meio irlandês, Rohan é um homem difícil de se definir e, embora tenha ficado muito rico, nunca se acostumou com a vida na sociedade londrina. Apesar de não conseguirem esconder a imediata atração que sentem, Rohan e Amelia ficam aliviados com a perspectiva de nunca mais se encontrarem. Mas parece que o destino já traçou outros planos.
Quando se muda com a família para a propriedade recém-herdada em Hampshire, Amelia acredita que esse pode ser o início de uma vida melhor para os Hathaways. Mas não faz ideia de quantas dificuldades estão a sua espera. E a maior delas é o reencontro com o sedutor Rohan, que parece determinado a ajudá-la a resolver seus problemas. Agora a independente Amelia se verá dividida entre o orgulho e seus sentimentos.
Será que Rohan, um cigano que preza sua liberdade acima de tudo, estará disposto a abrir mão de suas raízes e se curvar à maior instituição de todos os tempos: o casamento?

Depois de me aventurar com Julia Quinn, estava na hora de conhecer outro nome dos romances de época muito falado pela blogosfera. Lisa Kleypas foi a escolhida, com essas capas maravilindas que fizeram meus olhos brilharem à primeira vista. E não me decepcionei! A exemplo da minha xará, Lisa usa a receita "1 livro pra cada irmão", começando com Amelia - que também não é a mais velha.

Os Hathaways são uma família diferente do que a aristocracia inglesa costuma ver. Aliás, eles são nobres por acaso, já que o primogênito Leo herdou o título "maldito" de um parente distante. Suas quatro irmãs - Amelia, Winnifred, Poppy e Beatrix - dependem dele; eles passam por uma situação difícil desde que os pais morreram. O dinheiro, que já é pouco, começa a faltar ainda mais quando Leo resolve gastar mundos e fundos com a "vida boa". Como o irmão não tem responsabilidade, Amelia a toma pra si e passa a viver em função da família, até porque não tem mais esperanças de casamento depois de uma decepção amorosa. Já viram que vai ser difícil dobrar a mocinha, né? E o responsável por isso é Cam, metade cigano metade irlandês.

Cam é daqueles caras que fazem tremer só com um olhar, numa mistura de desejo e temor. Ele trabalha e vive como um homem da cidade, mas seu sangue cigano vive gritando por liberdade e aversão a dinheiro. As partes que falam da sorte dele são engraçadas, porque ele faz de tudo pra não ter dinheiro, tenta gastar com coisas inúteis, mas acaba conquistando fortunas sem querer. E ele tem uma lábia! Até eu fiquei aqui caidinha por ele.

Foi interessante acompanhar a desconstrução de paradigma de ambos os personagens. Cam prezava a liberdade, ansiava voltar para sua vida nômade, escondia segredos. Amelia jurou não se envolver novamente pra não correr o risco de uma nova frustração, é autossuficiente, não aceita ajuda nem se imagina submissa a alguém. Tinha tudo pra dar errado, mas ainda bem que é livro. Ela não se deixou dobrar fácil, como já esperávamos devido à sua personalidade, mas ele foi insistente - não babaca - e conseguiu.

No geral, eu curti o relacionamento desenvolvido entre o casal. Desde o começo já tem romance, não fica aquela enrolação e, com o passar das páginas, vai ficando mais apimentado. O título tem um significado além da beleza, se encaixa perfeitamente à trama e já me botou pra pensar no que vai acontecer nos próximos a partir do nome.

Além do romance em si, esse gênero sempre prega o feminismo, a liberdade da mulher de escolher o que fazer da sua vida e de seu corpo. As mocinhas nunca podem ser aquela bobinha, têm que ter ousadia e pensamento à frente do seu tempo. Amelia foi uma com quem me identifiquei, por causa da responsabilidade com os irmãos mais novos. Mas não precisei lutar contra minhas próprias regras nem sofri uma decepção amorosa como a dela.

Preciso destacar também as passagens cômicas, dignas de gargalhada. Em meio a toda pompa, surge Lady Westcliff com sua visão americana que enxerga as cerimônias como uma grande bobagem. Me diverti com seus comentários sempre pontuais e irreverentes. Também gostei muito das 2 mais novas, que sempre se metiam em confusão e eram bastante ingênuas, principalmente quando o assunto é homens.

O ponto negativo pra mim foi envolver espiritismo no meio. Desnecessário, gente! Não só porque é religioso, mas porque foi numa parte nada a ver, com uma resolução nada a ver. Eu entenderia se fizessem referência ou até usassem como foi usado, mas não com o peso que teve no desenrolar da história. Entendam: não é questão de não gostar por causa da minha fé, simplesmente não gostei da cena e do desfecho dessa parte, ok?

Os próximos livros da série são com outros casais protagonistas, sempre com um Hathaway no romance. Apesar de a Win ter aparecido pouco no primeiro livro, fiquei bem curiosa pela história dela (é o segundo). Mas o que mais quero ler é a da Beatrix.

Como já adiantei, essas capas da série Hathaways me conquistaram desde sempre. O conjunto de cor, imagem e conceito ficou ótimo, fora que a fonte deixou mais clean que a capa original, apesar de ser a mesma imagem. A Arqueiro também fez um bom trabalho de revisão.

Já posso incluir a Lisa na lista de autores que quero ler a série inteira. São "só" cinco, mas espero que já já lancem mais. Viajar no tempo, mergulhar em outros costumes, se apaixonar por um homem com H maiúsculo. Quem não gostaria?