Ligações - Rainbow Rowell


Título: Ligações
Autor(a): Rainbow Rowell
Editora: Novo Século
Nº de páginas: 304
Onde comprar: Submarino | Saraiva | Americanas | Casas Bahia
Nota:

Georgie McCool sabe que seu casamento está estagnado. Tem sido assim por um bom tempo. Ela ainda ama seu marido, Neal, e ele também a ama, profundamente – mas o relacionamento entre eles parece estar em segundo plano a essa altura.
Talvez sempre esteve em segundo plano.
Dois dias antes da tão planejada viagem para passar o Natal com a família do marido em Omaha, Georgie diz a ele que não poderá ir, por conta de uma proposta de trabalho irrecusável. Ela sabia que ele ficaria chateado – Neal está sempre um pouco chateado com Georgie –, mas não a ponto de fazer as malas e viajar sozinho com as crianças.
Então, quando Neal e as filhas partem para o aeroporto, ela começa a se perguntar se finalmente conseguiu. Se finalmente arruinou tudo.
Mas Georgie estava prestes a descobrir algo inacreditável: uma maneira de se comunicar com Neal no passado. Não se trata de uma viagem no tempo, não exatamente, mas ela sente como se isso fosse uma oportunidade única para consertar o seu casamento – antes mesmo de acontecer…
Será que é isso mesmo o que ela deve fazer?
Ou ambos estariam melhor se o seu casamento jamais tivesse acontecido?

Quando um livro representa tanto uma fase da sua vida, você fica sem saber se gostou porque conseguiu se identificar ou se não gostou porque conseguiu se identificar. Tenso, não?

Em resumo, a livro narra o dilema de Georgie ao ver o marido e as filhas viajando pra passar o Natal com a sua sogra enquanto ela optou por priorizar a carreira e ficar trabalhando com o melhor amigo durante as festas. Nesse meio tempo, ela não sabe se o casamento acabou - até porque ele já não vinha muito bem - ou se pode esperar as coisas se acertarem na volta. E aí, pra não ficar curtindo a fossa em casa, ela resolve dormir na casa da mãe.

O problema é que sempre o celular descarrega, ou Neal saiu pra ir ao mercado, ou eles vão passear com a ex-noiva dele... e ela nunca consegue falar com ele. Até que descobre um aparelho antigo, daqueles de enfiar o dedo e girar, conecta na extensão do quarto e liga pro telefone fixo. Ele atende, mas não é o mesmo Neal, é a versão 15 anos mais nova dele.

- Acho que consigo viver sem você - dissera ele, como se fosse algo em que pensara nas últimas vinte e sete horas -, mas não uma vida de verdade.

15 anos atrás eles também brigaram, ele também foi pra casa dos pais, ela também achou que tudo estava acabado. E no dia de Natal ele dirigiu 27 horas seguidas só pra encontrá-la e pedi-la em casamento. Esse telefone é mesmo mágico, conecta com o Neal do passado, ou ela está ficando doida? Será a grande oportunidade de mudar todo o rumo da história deles? Ela pode convencê-lo a não se casar com ela? Mas aí suas filhas não vão existir!

A lembrança estava um pouco confusa para ela agora, o que parecia impossível - como podia esquecer qualquer um desses detalhes? Em certo ponto, seu cérebro deve ter se acostumado com a cena toda. Ela e Neal estavam tão fundamentalmente casados que não mais parecia tão importante como chegaram lá.

Nessa confusão, sua amizade com Seth, que é mais antiga que o relacionamento com Neal, fica abalada. São melhores amigos, parceiros de trabalho, se complementam perfeitamente. E claro que rola aquela rivalidade velada entre os homens. Priorizar o trabalho significa priorizar Seth, negligenciar Neal e, pior, suas filhas! Georgie nunca foi uma mãe muito presente e agora está percebendo como sofre com a ausência das meninas.

As perguntas, o conflito, o medo, tudo invade a vida de Georgie em poucos dias. E ela precisa parar, respirar e avaliar o que realmente quer pra si e pra família, e agir rápido, antes que seja tarde demais.

Quando Georgie pensava em divórcio agora, imaginava-se deitada ao lado de Neal em duas mesas de cirurgia enquanto uma equipe de médicos tentava desenlaçar seus sistemas vasculares.

Não posso falar de namoros bastante longos porque nunca tive, mas sei como é uma crise de casamento com o divórcio batendo à porta. A gente pensa em tudo, desde o começo de namoro, tentando descobrir onde começou o erro, em que momento as coisas começaram a desandar. Comigo ainda é menos pior porque não tenho filhos, mas se sem mais esse "peso" eu já fiquei bem mal, imagino o drama da protagonista.

As coisas não ficaram ruins entre Georgie e Neal. As coisas eram sempre ruins - e sempre boas. O casamento era como um conjunto de balanças constantemente equilibrado. E então, em algum ponto, quando nenhum dos dois estava prestando atenção, eles deixaram o lado ruim sobressair tanto que acabaram ficando lá. E agora só uma quantidade imensa de bom os levaria de volta. Uma quantidade impossível de bom.
O bom que restara entre eles não tinha muito peso...

A narrativa é em terceira pessoa, mas com foco sempre em Georgie, intercalando o presente, as ligações com o passado e algumas lembranças da época de namoro e início de casamento. Ao mesmo tempo que acompanhamos a crise, vemos o romance entre eles e entendemos um pouco da personalidade do Neal, sempre fechado. E foi nessas horas que meu coração apertou, por saber e viver que um dia o amor foi tão forte, tão presente, mas acabou se perdendo no meio do caminho.

Neal não tirava o fôlego de Georgie. Talvez o oposto. Mas tudo bem - era muito bom, na verdade, ficar perto de alguém que preenchia os pulmões dela de ar.

Por mais que tenha essa pegada de fantasia, um telefone mágico, não fugiu do estilo da Rainbow. Sou eternamente apaixonada por Eleanor & Park, não curti Fangirl nem Anexos, mas mesmo assim resolvi ler esse, dar outra chance. E não me arrependo. Como disse no começo, essa identificação com o conflito da personagem foi o que me deixou sem saber se gostei ou não.

Houve alguns momentos arrastados, outros que eu queria marcar o capítulo inteiro como quote e precisei me conter. Mas sem dúvidas esse livro mexeu comigo, e só por isso já valeu a pena.

- Se eu não tenho truques - disse ela -, como é que eu consigo fazer você fazer quase tudo que eu quero?
- Você não me faz fazer nada. Eu faço as coisas. Porque eu te amo.

Dessa vez não vou dizer que recomendou ou não, porque nem eu sei. Mexeu demais comigo, então minha avaliação ficou ainda mais subjetiva. Mas, se te ajuda, Landline ganhou prêmio Goodreads Choice Awards como Melhor Ficção de 2014. Isso deve ser um bom sinal. ;)

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