Noah foge de casa - John Boyne


Título: Noah foge de casa
Autor: John Boyne
Editora: Companhia das Letras
Nº de páginas: 198
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Cultura | Fnac
Nota:

Noah tem oito anos e acha que a maneira mais fácil de lidar com seus problemas é não pensar neles. Então ele foge, aventurando-se pela floresta. Logo, Noah chega a uma loja. Mas não a uma loja qualquer. A uma loja de brinquedos, cheia de coisas incríveis e mágicas. Lá ele encontra um fabricante de brinquedos bastante incomum. Ele tem uma história para contar, uma história de aventura, maravilhas e promessas quebradas. Juntos, eles iniciam uma viagem. Uma viagem que vai mudar a vida de Noah. E que pode mudar a sua também.

E não é que eu consegui mais um livro do John? O blog está me fazendo colecionar histórias cada vez mais emocionantes. Quer saber se eu chorei ou não dessa vez? Só clicar e continuar lendo!

Noah Barleywarer saiu de casa ainda cedo, antes do sol raiar, antes dos cachorros acordarem, antes do orvalho parar de cair nos campos.

E é assim que somos introduzidos à maravilhosa história de Noah, um garoto de 8 anos que tem tudo o que quer na vida: pais maravilhosos, brinquedos bons, é o sétimo melhor aluno de sua sala (7 de 30 é um número muito bom). Mas aconteceu algo na última vez em que saiu com sua mãe para o Parque de Diversões que ele quer esquecer de qualquer jeito. Afinal, ele prefere deixar para lá do que se importar demais. Tanto é que foge de casa, pé ante pé, sem levantar dúvidas de ninguém.

Através de um caminho tortuoso, acaba chegando à primeira cidade. Nela, as pessoas até são parecidas com as de sua cidade, mas são grossas e mal-educadas. Suas atenções se voltam à macieira que se encontra no final da rua. Não pensa duas vezes e, mesmo ouvindo vozes como se parecessem as de alguém que está sofrendo, ele rouba duas maçãs. É tido como um louco e pedem para prenderem-no. Não é para menos. A árvore está viva! E ela foge de Noah como o diabo foge da cruz.

O menino parte, assim, para a segunda cidade. Esta é um pouco mais normal que a anterior, a não ser pelo homem que já tem a prévia do jornal da tarde. Ele reconhece a notícia do jovem que agrediu a macieira do outro povoado e, novamente, Noah tem que fugir caso queira sobreviver.

E é chegando à terceira e última cidade pela qual ele passa que tudo de mais diferente acontece. Nem mesmo seus sonhos haviam sido tão incomuns. Há um pequeno salsicha e um burro falantes. O primeiro não aceita ser contrariado, ao passo que o segundo só pensa em comer, mesmo depois de uma dúzia ou mais refeições. Mas na realidade, mesmo que eles estejam bem preocupados com o porquê de uma criança estar ali sozinha, Noah está realmente interessado na frondosa árvore que há na frente de uma construção um tanto esquisita. É aí que descobre que ali é uma Loja de Brinquedos. Ao ouvir essas palavras mágicas, o jovenzinho não pensa duas vezes e adentra no recinto.

- Nunca queira ser o que você não é - disse o velho mansamente. - Lembre-se disso. Nunca deseje mais do que lhe deram. Seria o maior erro da sua vida.

O personagem que encontramos a seguir não tem nome e o conhecemos apenas por Velho. Ele e seu pápi haviam se mudado para aquela cidade muitos anos atrás, quando ele tinha a idade de Noah. Mas diferente de nosso protagonista, o Velho logo fugiu da escola, depois de descobrir uma grande aptidão pela corrida. Participou inclusive das Olimpíadas. Mas, no caminho de volta, acabou alterando a rota e, quando chegou novamente à loja, seu pai já estava morto. Nunca o Velho se desculpou por ter deixado seu progenitor morrer sem sua presença. E ali permaneceu, exercendo o ofício do patrono. Os títeres são seus brinquedos favoritos. Ele sempre os entalha com os galhos da árvore que há em frente à loja, mas nunca eles saem do jeito que imaginava. Apenas na reta final do livro e em uma de suas últimas aparições é que tudo dá certo e, finalmente, temos a identidade do Velho revelada (e sinceramente, eu achei o máximo essa intertextualidade).

Obs: Pra quem não sabe o que são títeres, aí vai uma pequena explicação, encontrada no dicionário Priberam:

1. Boneco que se move por cordéis e engonços = marionete

Bom, aos poucos e no decorrer da narrativa é que entendemos o porquê de Noah estar fugindo de casa, mesmo tendo tudo o que sempre desejou. O medo por tal motivo é palpável, e creio que qualquer ser humano que o esteja enfrentando também não pensaria duas vezes e correria mundo afora, só para se livrar de toda dor. Mas ver que o Velho sofrera tanto por motivos aparentes fez com que o menino pensasse duas vezes em prosseguir com suas aventuras.

Esse é talvez um dos livros mais emocionantes escritos pelo John Boyne - dentre os três já lidos por mim. Saber que há algo por trás da fuga de Noah faz com que queiramos acabar logo a obra e descubramos finalmente o porquê de tudo aquilo. O jovem precisava passar por esse tipo de provação para finalmente perceber que fugir nem sempre é a melhor maneira de lidar com os problemas. E não é por enfrentá-los que ele precisa sofrer. Ao contrário, é melhor saber logo o que está acontecendo, mesmo que com pouca idade, do que esperar até que esteja maior e, aí sim, começarem os problemas emocionais.

E é óbvio que Boyne tinha que dar uma pancada em meu coração na reta final do enredo. Chorei, chorei e chorei mais ainda. Diferente dos outros dois, este me conquistou desde os primeiros parágrafos até as últimas palavras. Tudo é tão mágico e emocionante que não sabemos se o que foi ali descrito é real ou apenas uma arte da imaginação fértil de uma criança de oito anos. Prefiro pensar que é verídico!

A diagramação do livro está muito fofinha, com diversas ilustrações no decorrer da narrativa. A fonte e seu tamanho estão ótimos para a leitura, assim como o papel  pólen bem macio ao toque.

Já fiz uma lista dos próximos livros dele que vou querer ler e sei, que dentre os 10 já publicados no Brasil, os próximos dois serão, provavelmente, infantojuvenis, assim como os três já lidos, rs.

- Ah, bom, trigonometria é tão útil para um garoto quanto uma bicicleta para um peixe - replicou o velho.
Esse trecho do texto é o que mais faz sentido na minha vida hahahaha!

3 comentários

  1. Olá Pamela! Tudo bem?
    Gostei bastante da sua resenha, parabéns! :D Pelo que você descreveu a minha impressão é que toda a estória é uma criação na mente da criança, o que eu acho bem legal. Eu gosto da ideia de uma criança criado um mundo com o objetivo de superar um trauma. Fiquei interessada pela estória, vou procurar :D

    Luz e literatura!
    Beijos

    cantaremverso.com

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  2. Olá, nossa que livro interessante. Quando comecei a ler sua resenha não acreditei
    e tive que voltar para saber se era isso mesmo rsrs. Não conheço o autor e nem
    muito menos o livro, mas gostei da pegada, não lembro de ler nada parecido hahaha.
    As 3 cidades são bem estranhas, adorei a dica,
    bjs

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  3. Só li do autor O menino do pijama listrado, e achei que esse é muito mais a minha cara! rs... Adorei a tal da macieira que está viva, mas fico feliz por elas não gritarem de verdade porque uma vegetariana ficaria sem opções... hehe... adorei o livro mostrar que fugir dos problemas não é a solução, é sempre melhor lidar logo com uma pequena coisa do que deixá-la aumentar até alguém explodir.

    Beijo!

    Ju
    Entre Palcos e Livros

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