Freud, me tira dessa! - Laura Conrado


Título: Freud, me tira dessa!
Autora: Laura Conrado
Editora: Novo Século


Freud, me tira dessa! narra a história de Catarina, uma jovem que passa a morar sozinha em função do novo emprego. Dona de uma vida amorosa catastrófica e disposta a rever suas escolhas, Cat busca ajuda na psicoterapia. Como se não bastasse o dolorido processo de conhecer a si mesma e de adentrar na relação com seus familiares, Catarina se apaixona pelo terapeuta. No auge de sua angústia, a personagem recorre ao pai da Psicanálise para sair dessa. Por meio das confusões de Cat, é possível não simplesmente rir, mas também se identificar com a profunda trajetória de autoconhecimento e aceitação da própria história.


Catarina é uma jovem como várias outras: mora sozinha, está lutando pra crescer no emprego e procura seu grande amor. Saiu da casa dos pais, no interior de Minas Gerais, pra morar na capital por conta do seu novo trabalho. E além de enfrentar as dificuldades de sair debaixo das asas dos pais, ela tem que conviver com a pressão da futura promoção e da constante avaliação aliada às alfinetadas de uma supervisora chata.


Como se não bastasse, sua vida amorosa não anda lá essas coisas. Levou um pé na bunda do seu colega de trabalho, que começou a sair com uma outra funcionário, super normal aos olhos de Cat. A dor da separação ficou ainda maior pelo fato de ser trocada por alguém absolutamente sem sal, sem nenhuma beleza de destaque, com características normais.

O cara tem dois caminhos: ou vira pegador, ou volta para a ex. Eu, aliás, era um excelente agente catalisador de retomadas. Era como se ficar comigo fosse o necessário para o cara ver que amava mesmo a outra. E eu era, no máximo, uma das melhores pessoas que eles haviam conhecido, adoravam minha companhia, desejavam o melhor do mundo para mim e antecipavam a sorte da pessoa que, um dia, estaria comigo. Ainda assim, voltavam ou encontravam outras. Eu vivia num looping.

Em meio a tudo isso, Cat ainda tem problemas na família. Seu irmão, a única pessoa com quem pode se abrir, mora nos EUA. Sua mãe é toda amores pra Amanda, a caçula. E o pai fica assistindo a tudo de longe. Pra piorar, a irmã começa a namorar seu ex, o "amor de adolescência" que na época não queria nada sério, mas que resolveu assumir o namoro logo com a mimada e protegida da família.

Caos instalado, confusões na mente, pressão por todo lado. O que fazer? Começar uma terapia! Cat pensou ter achado a solução para os seus problemas. Mas não imaginaria que de lá viria mais um: ela se apaixona pelo terapeuta! E aí mesmo só Freud pra dar um jeito nessa cabecinha complicada e complexa.

Vocês não fazem ideia do quanto eu me identifiquei com a Catarina. Sério mesmo, gente! Ela é tão parecida comigo que eu desejei que fosse de verdade pra ser minha amiga. Até tem a minha idade e é acima do peso (mas tinha que entrar na academia pra emagrecer, só pra acabar com a minha graça). A diferença é que ela está caçando um namorado e eu tô na minha muito bem casada, obrigada. As passagens que narram a terapia me deixaram boquiaberta, porque aí eu vi como somos igualmente complicadas. Comecei a frequentar a psicóloga há uns 4 ou 5 meses e me reconheci nas falas da personagem e nas reações ao ouvir o que o terapeuta falava.

Imagens de casais apaixonados saltavam da televisão. Todas as pessoas felizes do mundo saíram para fazer compras no mesmo horário que eu. Mulheres lindas, bem-vestidas e com cabelos que pareciam ter passado escova progressiva na barriga da mãe cruzavam meu caminho.

Outro ponto positivo são as personagens secundários. Do amigo gay às colegas de trabalho, da irmã perfeitinha ao estrangeiro que dá em cima dela... eles não são aquela coisa estereotipada, sabe? Pelo contrário, assim como Cat, poderiam ser reais e estarem à solta por aí.

Aí juntou a identificação com o fato de eu amar chick-lit mais a ótima escrita da Laura... tcharam! AMEI o livro!

A capa podia ser mais fiel às características da personagem. De onde saiu essa mini cintura? A diagramação, com letras não tão pequenas, e as páginas amareladas só contribuem pra facilitar a leitura. E falando nisso... revisão quase 100%. Uma bobeirinha aqui outra ali, mas nada que diminuísse o livro.

Eu vivia uma dicotomia: queria o mundo, viver, me jogar e aproveitar, mas também queria construir um relacionamento de verdade, ter filhos... Dentro de mim cabiam todos os desejos. Talvez por isso, algumas coisas estava travadas: eu não tinha certeza do que queria.

Um chick-lit imperdível, com cenas do dia-a-dia, confusões que já passaram pela cabeça de qualquer mulher, personagens cativantes e um enredo simples, mas que te prende. 5 estrelinhas muito merecidas e um coraçãozinho no Skoob. Em seu livro de estreia, Laura Conrado mostra a que veio e por que ganhou o Prêmio Jovem Brasileiro 2012.

PS: Se você chegou ao final da resenha e ainda não está convencido de que o livro é bom, só vou te falar mais uma coisa. O lançamento foi há menos de 1 ano, pelo selo Novos Talentos. Laura fechou contrato com a Novo Século e já está indo para a 3ª edição, com previsão de lançar FMTD Teen e FMTD 2 (o qual, diga-se de passagem, estou esperando ansiosamente).