O Cavaleiro Fantasma - Cornelia Funke

Título: O Cavaleiro Fantasma
Autora: Cornelia Funke
Editora: Seguinte
Nº de páginas: 176
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Casas Bahia
Nota: 

Jon Whitcroft não estava nada feliz naquele internato. Tinha saudade de casa e não via a hora de provocar algum acidente envolvendo o Barba, o novo - e insuportável - namorado de sua mãe. Até que, na sexta noite em Salisbury, Jon encontra um motivo ainda maior para sair correndo dali: ele passa a ser perseguido por um bando de fantasmas, que desejavam nada mais, nada menos que a sua morte! Mas, em vez de pedir ajuda para a mãe, ele recorre a outro protetor: Sir William Longspee, um cavaleiro fantasma que, depois de ser assassinado, jurou zelar pelos fracos e inocente. Sir William cumpre sua promessa e, ao lado de Jon, percorre cemitérios, duela contra zumbis e vai em busca de seu próprio destino - revelando aos poucos sua história repleta de mistérios.

Depois de acompanhar milhares de resenhas positivas acerca dos livros da Cornelia Funke, resolvi me render às maravilhas citadas anteriormente. Agora vem a questão que muitos me perguntaram: por que raios você não começou com a trilogia Mundo de Tinta? Pelo simples fato de serem 3 livros igualmente extensos e ricos em uma narrativa que não merecia ser lida de forma rápida. Já O Cavaleiro Fantasma é o livro mais atual da autora, e, já que é curtinho, por que não aproveitá-lo como o primeiro?

Jon é um jovem de onze anos. Vive uma vida pacata com as irmãs, a mãe e o namorado dela, apelidado "carinhosamente" pelo garoto de Barba. O relacionamento entre ele e o homem não é o dos melhores, e ele pensa incansavelmente em uma maneira de matá-lo, mesmo que seja acidentalmente.

Um belo dia recebe a notícia de que irá para um internato, o mesmo que seu pai um dia estudou. É claro que ele não queria deixar as mulheres da casa nas mãos do estranho Matthew, mas não houve segunda chance e logo ele foi mandado à Salisbury.

Ao chegar à cidade, conheceu os donos do internato, Edward e Alma Popplewell, além de seus colegas de quarto, Angus Mulroney e Stuart Crenshaw.

Eu era o conde de Monte Cristo, que voltaria da terrível ilha-presídio para se vingar de todos aqueles que o haviam mandado para lá. Eu era Napoleão, exilado em Santa Helena para morrer solitário.Harry sob a escada dos Dursley.

Os dias passavam bem, mesmo com a saudade de casa, que crescia com o passar do tempo. Mas foi na sexta à noite que algo de terrível aconteceu, fazendo com que Jon pensasse seriamente se não seria a hora de voltar para os braços da mamãezinha.

Três cavaleiros. Pálidos, como se a noite os cobrisse com o bolor dos tempos. E olhavam fixamente para mim.

Os três cavaleiros fantasmas não ousaram mexer com ele enquanto estava protegido pelas paredes do internato, mas foi somente quando o jovem estava vulnerável, em outra oportunidade, que eles soltaram realmente o que queriam com Jon: sua morte. Todos os que pertenciam à linhagem de Hartgill deveriam ser mortos, como vingança pela morte de Stourton. Aliás, é o próprio Stourton quem tem esta sede.

Há somente uma chance do garoto sair vivo desta loucura toda: chamar por William Longspee, morto por Stourton através de um envenenamento. Mas como pedir ajuda a alguém que já está morto? A oportunidade está na catedral, onde há um sarcófago em forma de monumento pela morte de um cavaleiro. E é através da evocação de um jovem que precisa de zelo, que a narrativa começa a ganhar forma

Ah, não poderia esquecer da grande ajuda que Ella dá a Jon. Sem ela, ele não conseguiria sobreviver aos dias que passaram.
Cornelia soube escrever com maestria uma história de suspense infantojuvenil, sem se dar ao trabalho de esconder ou mascarar a realidade nua e crua do ser humano. Através de personagens ricos em detalhes, as mensagens obtiveram seu devido êxito.

Jon e Ella sabem exercer papel de adulto, mesmo tendo apenas onze anos, e dão um samba de conhecimento até mesmo na avó da jovem. O trio Jon, Ella e William demonstraram o quão grande é o respeito pelo amigo, a lealdade que se deve ter com ele, além da honra em cumprir o que foi prometido, mesmo que seja difícil alcançá-lo.

Outro ponto que achei bem positivo à história foi o fato de haver uma grande pesquisa histórica por trás da construção dos personagens que são os fantasmas. Realmente existe um monumento em uma catedral, em homenagem a William Longspee (vide foto abaixo, retirada do Google). Isso demonstra que a autora se preocupou em trazer à narrativa grandes fatos reais, que fazem parte da história mundial. Por este motivo, durante a leitura, percebemos que não se trata de mera ficção. Há ambientes reais, recriados, reinventados e moldados ao estilo de escrita de Cornelia.



Mesmo com tantos pontos positivos relatados na resenha, algo não rolou. O clímax, que poderia ter sido retratado em apenas poucas palavras, se estendeu por páginas e páginas. E, quando finalmente achei que algo realmente iria acontecer, Cornelia mudou de rumo, fazendo com que toda a emoção fosse por água abaixo. Este é o principal motivo de apenas 4 estrelas terem sido dadas.

A Seguinte teve uma feliz ideia na publicação de O Cavaleiro Fantasma. A capa é simples mas incrivelmente bela, em tons de azul envelhecido e prata. A diagramação interna é simples também, e a leitura é rápida. Super recomendado e agora vou aguardar impacientemente pela trilogia Mundo de Tinta, minhas próximas leituras aqui no blog!