Fragmentados - Neal Shusterman

Título: Fragmentados (Fragmentados #1)
Autor(a): Neal Shusterman
Editora: Novo Conceito
Nº de páginas: 320
Onde comprar: Submarino | Saraiva | Americanas
Nota:

Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria .

Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.

O vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.

Aquela sensação boa de pegar uma distopia e se viciar nela enquanto não termina de ler. Eu vinha numa onda de romances, coisas bem melosas e fáceis de ler, mas chegou uma hora em que precisei de algo pra me dar uma chacoalhada, e não poderia ter escolhido livro melhor.

Esse livro aborda discussões muito atuais. Pra acabar com a guerra entre o grupo Pró-Vida e o Pró-Escolha, um meio termo foi encontrado. As mulheres não mais podem abortar, garantindo o direito à vida e a satisfação do primeiro grupo. Mas dos 13 aos 17 os pais têm o direito de fazer um "aborto retroativo": enviam seus filhos à fragmentação, processo no qual todas as partes do corpo de um adolescente é retirado para ser transplantado para outra pessoa. Dessa forma, os problemas com doação de órgãos acabam, os pais têm seu direito de escolha garantido, e muitas pessoas ganham uma nova chance à vida.

Só por essa premissa, eu já teria ficado curiosa. Mas descobrir os detalhes do enredo me deixou fascinada. Assuntos mais profundos são trabalhados de forma a me deixar refletindo durante e depois do término da leitura. A narrativa é sempre em terceira pessoa, mas intercalada entre os 3 protagonistas e mais alguns coadjuvantes que são importantes em determinado momento do desenvolvimento.

Connor descobriu que os pais o enviariam pra fragmentação na véspera da viagem de férias, quando viu apenas 3 passagens compradas. Ele tinha uma namorada que dizia fazer tudo por ele, mas na hora de fugirem juntos ela deu pra trás.
Risa cresceu em orfanatos e sempre se esforçou demais pra ser uma exímia pianista, mas não chegou à excelência. Como o governo precisava fazer corte de gastos, ela foi uma das escolhidas para sair do orfanato e continuar vivendo nos corpos de outras pessoas.
Já Lev, o 10º filho, nasceu e foi criado sabendo que seria um dízimo, entregue à fragmentação quando completasse os 13 anos. Isso pra ele é motivo de grande orgulho, o cumprimento de uma missão muito especial.

O livro nos mostra três histórias paralelas que logo no início se entrelaçam. Os primeiros capítulos podem parecer confusos, mas são ágeis e logo nos apresentam esses personagens, cruzando seus caminhos de uma maneira inusitada e essencial para o desenrolar da história. São três personalidades, histórias e objetivos distintos que só têm em comum a ordem de fragmentação adiada pela fuga. Enquanto há dois adolescentes lutando pra sobreviver, tem um achando um absurdo seu destino ser corrompido.

Li algumas resenhas falando sobre uma cena de embrulhar o estômago. Ou sou muito insensível ou muito durona, fato é que passei batido por ela e só depois que fechei o livro parei pra pensar qual era a tal cena.

Além dessa questão sobre aborto, direito à vida, poder de escolha, há ainda questões sobre ética médica, consciência humana, liderança, vingança... Cara, são tantos conceitos embutidos no livro que eu poderia ficar aqui a tarde inteira falando sobre eles. Prefiro deixar você aproveitar a leitura e pedir pelamor que você não a faça apenas por diversão. Já basta o povo reduzindo Jogos Vorazes a Peeta ou Gale

Fazia um bom tempo que eu não lia um livro da Novo Conceito tão bom. Falando nisso, cadê a continuação de Desafio? A editora lança vários livros medianos, mas dessa vez me surpreendeu com um título tão inovador. Espero de coração que os próximos 3 volumes não demorem a ser lançados aqui no Brasil.

A capa é igual à original, bem combinando com a história. A diagramação está confortável, mas não teve nada de "uau" como a editora costuma fazer. Em compensação, o material de divulgação foi bem legal: um quebra-cabeça e marcadores com fotos de partes do corpo. A revisão também ficou ok.

Para de preguiça, pega na estante e lê. Ou aproveita o Natal e pede/compra de presente. Leitura mais do que recomendada, obrigatória pros fãs de distopia.