Fangirl - Rainbow Rowell

Título: Fangirl
Autor: Rainbow Rowell
Editora: Novo Século


Cath é fã da série de livros Simon Snow. Ok. Todo mundo é fã de Simon Snow, mas para Cath, ser fã é sua vida – e ela é realmente boa nisso. Vive lendo e relendo a série; está sempre antenada aos fóruns; escreve uma fanfic de sucesso; e até se veste igual aos personagens na estreia de cada filme. Diferente de sua irmã gêmea, Wren, que ao crescer deixou o fandom de lado, Cath simplesmente não consegue se desapegar. Ela não quer isso. Em sua fanfiction, um verdadeiro refúgio, Cath sempre sabe exatamente o que dizer, e pode escrever um romance muito mais intenso do que qualquer coisa que já experimentou na vida real. Mas agora que as duas estão indo para a faculdade, e Wren diz que não a quer como companheira de quarto, Cath se vê sozinha e completamente fora de sua zona de conforto. Uma nova realidade pode parecer assustadora para uma garota demasiadamente tímida. Mas ela terá de decidir se finalmente está preparada para abrir seu coração para novas pessoas e novas experiências. Será que Cath está pronta para começar a viver sua própria vida? Escrever suas próprias histórias?

Ainda bem que eu tinha preparado o psicológico pra leitura desse livro. Depois de Eleanor e Park, eu queria ler qualquer outra coisa da Rainbow Rowell, mas já tinha visto umas resenhas criticando Fangirl, dizendo que era o pior livro dela e tal. Mas opinião é aquilo, tu tem que viver pra saber, e eu precisava tirar minhas próprias conclusões. Vou tentar explicar por que eu não gostei tanto, mas já adianto: não chega aos pés de E&P.


Como esse é mais um caso de sinopse bem resumida, não vou me dar o trabalho de falar muito sobre a história, até porque vi algumas resenhas que soltaram alguns spoilers. Então pra evitar prefiro assim, mesmo que fique menor e não tão a minha cara, okay?

Eu não sou muito adepta das fanfics. Nada contra quem gosta, nada contra quem escreve, nada contra alguns livros que se originaram assim, mas não sei se eu conseguiria levar isso numa boa. Acho que até agora só li 50 Tons, mas não li Crepúsculo, então meio que me ajudou a não vincular. No caso do livro, Cath escreve histórias com os mesmos personagens originais, mas em situações diferentes. Vamos às explicações... Simon Snow e seus 8 livros parecem ser uma fanfic de Harry Potter (até porque este é citado 1 vez no decorrer do livro), e aí Cath escreve fics com Simon e seu inimigo se apaixonando (tipo Harry e Draco in love). Misturou muitas coisas desconhecidas pra mim, entre elas a fic da fic e o romance homossexual. Lembrando, antes que comece o falatório, que eu nunca li, então não posso me posicionar, mas recebi com certa estranheza esses elementos.

Só que essa não é a história principal. O livro conta sobre Cath, sua quase idolatria pela série Simon Snow, seu vínculo com a irmã gêmea, sua família desestruturada, seu início de faculdade. Nossa protagonista é uma nerd convicta (acho que por isso que John Green elogia a Rainbow) que tem bastante dificuldades de se desapegar da sua paixão literária pra viver uma nova fase da vida. O ingresso na faculdade não mudou apenas seu endereço, e as mudanças não parecem nem um pouco positivas. Como lidar com a preocupação com o pai, a ausência da irmã, o convívio com uma colega de quarto bem esquisita, uma professora que não entende o universo das fics... É muita coisa pra uma menina que só queria a mesmice. Há vários outras ranhuras na história, mas eu não posso comentar sobre elas; você precisa ler e descobrir mais informações sobre o universo de Cath.

Cath sentiu como se nadasse em palavras. Afogando-se nelas, em certas noites.

Eu demorei a engrenar na história, passou mais da metade do livro e eu ainda não estava conectada aos personagens e ao enredo. Todo início (ou seria final?) de capítulo, tinha um quote: uma parte de um dos 8 "livros" do Simon Snow ou um trechinho de uma das fics de Cath. Esses pedaços me davam agonia porque: a) eu não conseguia mergulhar na leitura; b) eu achava que estava perdendo tempo ao invés de ler sobre Cath. Mais uma vez reforço: tem a ver com a história, mas pra mim não funcionou porque eu não estou acostumada a esse universo. Algumas pessoas até disseram que essas partes continham um resumo do que aconteceria no capítulo seguinte; eu até me esforcei pra reconhecer, mas mesmo assim não rolou.

Mas, sabe? Mesmo não entendendo o fanatismo de Cath, eu entendo sua atitude. Todo adolescente e adulto também, por que não? está em busca de aceitação, de reconhecimento. Se o devido valor não vem de casa, de quem está perto, a gente busca isso em outro lugar. Wren, sua gêmea, até passou por esse período de deslumbre com as fanfics, mas sua personalidade mais comunicativa e extrovertida a fez enxergar novas possibilidades no mundo real. Cath não. Por ser mais tímida e fechada, não conseguiu superar essa barreira tão facilmente. Na internet, Magicath era popular; o fandom acompanhava suas histórias e solicitava mais. Sua fic era uma válvula de escape, mas também era o passaporte pra ela se sentir importante, útil. E isso me fez pensar bastante. Será que nós, blogueiros, também não utilizamos dessa ferramenta para escaparmos da nossa realidade? Vai dizer que você não conhece um que é o tímido do colégio, o que sofre bullying, mas com um livro e uma opinião alcança popularidade? Às vezes uma aparente imaturidade ou obsessão podem revelar muito mais se estivermos dispostos a entender a situação sob outro ponto de vista. Depois pense nisso melhor.

Sorrisos confundem, ela pensou. É por isso que não sorrio.

Continuando... Tem romance? Tem sim, senhor! E delicado, calmo, conquistador. Claro que é diferente de E&P pela época e pela idade do casal, mas não deixa de ser poético. Posso não ter me conectado com a história como um todo, mas as cenas em que Cath e ele (omiti o nome de propósito) protagonizam são fofas. Eu torcia para que as coisas acontecessem mais rápido, mas adorei o modo singelo como tudo se desenrolou. E isso que me fez não tirar mais estrelas.

A narrativa também é gostosa. Entenda: a história não me agradou, mas o modo como ela foi contada sim. Mesmo sem me atingir em cheio, Rainbow me convenceu de que sua escrita é boa, sendo assim, estou disposta a ler os próximos livros que chegarem traduzidos às minhas mãos.

- Estou bem - disse, gentilmente. - De volta ao cavalo, Cath.
- O que é o cavalo? - ela suspirou, vendo-o vestir um agasalho com capuz. - Corrida? Trabalhar demais?
- Viver - disse ele, um pouco alto demais. - A vida é o cavalo.

Sempre faço questão de comentar sobre a revisão da Novo Século, que nesse livro me surpreendeu positivamente. Foi bem bom, muito acima do "padrão NS" (tirando um "nuca dela" que doeu meu fígado). Agora a pergunta que não quer calar: por que eles só contratam um revisor decente pra livros de destaque? Os mais "normais", os que não são do selo principal, os que não têm uma alta expectativa de vendas, esses não merecem? Só uma reflexão.
A capa veio com a mesma imagem original, e eu me amarro no estilo das capas da Rainbow, desenhadas e bonitas. E a diagramação tá legal, proporcionando uma leitura confortável.

Como a gente sempre fala, não deixe de ler por uma opinião não tão positiva. No skoob você encontra várias pessoas que amaram, algumas até que preferiram este a E&P. Gosto é pessoal, altamente subjetivo, e só dá pra saber o nosso se experimentarmos. Então permita-se! Mas, por favor, se você não leu Eleanor & Park, leia! É muito melhor!