O Duque e Eu - Julia Quinn

Título: O Duque e Eu (Os Bridgertons #1)
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro


Simon Basset, o irresistível duque de Hastings, acaba de retornar a Londres depois de seis anos viajando pelo mundo. Rico, bonito e solteiro, ele é um prato cheio para as mães da alta sociedade, que só pensam em arrumar um bom partido para suas filhas. Simon, porém, tem o firme propósito de nunca se casar. Assim, para se livrar das garras dessas mulheres, precisa de um plano infalível. É quando entra em cena Daphne Bridgerton, a irmã mais nova de seu melhor amigo.
Apesar de espirituosa e dona de uma personalidade marcante, todos os homens que se interessam por ela são velhos demais, pouco inteligentes ou destituídos de qualquer tipo de charme. E os que têm potencial para ser bons maridos só a veem como uma boa amiga. A ideia de Simon é fingir que a corteja. Dessa forma, de uma tacada só, ele conseguirá afastar as jovens obcecadas por um marido e atrairá vários pretendentes para Daphne. Afinal, se um duque está interessado nela, a jovem deve ter mais atrativos do que aparenta.
Mas, à medida que a farsa dos dois se desenrola, o sorriso malicioso e os olhos cheios de desejo de Simon tornam cada vez mais difícil para Daphne lembrar que tudo não passa de fingimento. Agora ela precisa fazer o impossível para não se apaixonar por esse conquistador inveterado que tem aversão a tudo o que ela mais quer na vida.

Antes de começar, quero agradecer ao grupo Romances de Época Editora Arqueiro por ter me incentivado a dar uma chance a esse gênero. Já tinha visto inúmeros comentários positivos, mas tinha um trauma porque tentei ler Orgulho e Preconceito e não passei do capítulo 15. podem me julgar, não tô nem aí E Julia não só me fez descobrir que gosto de romance histórico como também quebrou uma sequência de livros arrastados, me fazendo lembrar que posso ler um livro em cada tempinho vago do meu dia ao invés de me distrair com qualquer outra coisa. ♥

Se você, assim como eu, nunca leu nada desse tipo, a grande diferença é a sociedade: bem machista, as mulheres precisam casar cedo e não sabem nada sobre a "noite de núpcias", as roupas são bem formais, as mães empurram suas filhas pros bons partidos... Mas a linguagem narrativa é atual, pelo menos nesse. Nada daquela coisa clássica, com palavras difíceis e construção frasal complexa. É um livro "normal", apenas ambientado numa época diferente, o que torna as coisas mais vagarosas e, por isso mesmo, mais especiais.

Julia Quinn não se contentou com um livro solo ou uma simples trilogia; sua série é composta por 8 livros, cada um contando a história de um irmão Bridgerton. Por um lado, eu adorei, pois não preciso me despedir dos personagens de cara e ao mesmo tempo vou conhecer outros mais profundamente; por outro, já tô nervosa querendo ler todos, e nem foram publicados aqui ainda. Socorro!

O Duque e Eu narra a história de Daphne, a 4ª filha, mas a primeira mulher. Agora que chegou à idade de casar, sua mãe está fazendo de tudo para juntá-la a um dos melhores solteiros, só que ela acredita no amor e dispensa todos os pretendentes. Seus 3 irmãos mais velhos a apoiam, só que tá ficando difícil de driblar a mãe. Até que aparece Simon, o agora Duque de Hastings, amigo do primogênito Anthony. A fama do cara não é tão boa assim, mas o título apaga qualquer passado - ou não. Daphne não quer ser mais uma, mas aceita a proposta de Simon: ele finge estar interessado, ela finge que vai aceitar suas investidas. E assim começa um romance de mentira. Mas, como vocês podem prever, eles acabam se apaixonando, e aí rola aquele climão, porque não podem falar abertamente sobre um possível relacionamento de fato, o irmão dela não admite a possibilidade porque conhece o passado do amigo... E, pra piorar tudo, Simon diz abertamente que nunca vai se casar nem ter filhos, o que parte o coração de Daphne, já que esses são os seus grandes sonhos. Só que se você está achando que tudo vai ser fácil, se enganou... Simon tem motivos bem fortes pra essas resoluções, por causa de um passado complicado com o arrogante e insensível pai. Como será que o casal vai lidar com tudo isso?

Falando um pouco mais dos personagens... Daphne é uma mistura de ingenuidade e ousadia. Ela sabe o que quer, luta por seus objetivos, sabe se comportar e tem jogo de cintura tanto com a mãe quanto com os homens interessados, mas não faz a menor ideia do que acontece no casamento. Não consigo imaginar essa época em que as mulheres não sabiam nada sobre sexo, parece utópico na nossa realidade. Mas essa inocência dá um toque especial ao romance. Já Simon é um fofo! Ele é gago, mas com muito esforço conseguiu vencer esse problema; mesmo assim, a sombra do pai o persegue, ainda que esteja morto. Lidar com traumas nem sempre é fácil, e o livro lida com isso de uma forma boa, fugindo do óbvio e trazendo tensão à trama. Ele é teimoso e decidido, ela também. E juntos eles vão descobrir o amor e se descobrir.

São 8 irmãos, Simon, o pai dele, a mãe da Daphne mais os vários outros "figurantes". Agora pergunta se eu me perdi. Não! Dá pra entender e acompanhar numa boa. Julia foi encaixando aos poucos pra ninguém se confundir e soube conduzir até o final. Os coadjuvantes foram tratados superficialmente, mas já nos aguçando pros próximos livros.

Depois desse resumo enorme, eu posso sintetizar meu sentimento em apenas uma palavra: AMEI! Julia conseguiu dosar certinho o drama, a personalidade de cada protagonista, as cenas hot, o romance meloso, a fluidez da leitura... Eu lia que não via o tempo passar. Como eu já adiantei, por mais que o livro seja de época, a linguagem é atual. Tem humor, tem ironia, tem situações inesperadas... Eu ria que me acabava, e o povo olhava pra mim - no metrô, no trabalho, em casa - achando que eu estava meio doida.

Mas o melhor mesmo foi aquele sentimento gostoso de quando a gente tá recém-apaixonada. Já faz um tempo que eu passei dessa fase, mas é sempre bom relembrar como eu me sentia quando ainda era novidade a troca de olhares e o coração acelerado. Mesmo sendo em 3ª pessoa, eu consegui sentir tudo que a Daphne estava vivendo: paixão, receios, descobertas... Não sei vocês, mas eu adoro quando rola essa empatia e a gente embarca no livro. Quase desejei estar lá, vestindo aquelas roupas lindas e participando dos bailes, mas fiquei com calor só de pensar (e não me imagino sem tecnologia).

Além do romance, o livro suscita discussões sociais. Claro que a época é diferente, mas vemos muitas coisas ainda remanescentes, por exemplo, o homem tem "autorização da sociedade" pra ser o garanhão enquanto a menina precisa se guardar. E ainda tem a questão de abrir mão de um sonho em prol de um amor. Por vezes, me peguei pensando em como eu agiria no lugar dos personagens, tanto naquela época quanto atualmente. Mas a mensagem que eu tirei do livro foi que ser você mesma, sem medo do que vão pensar, foi e ainda é a melhor alternativa pra lidar com os problemas, já que eles vão surgir de qualquer maneira; o importante é saber a hora e o jeito de lidar com cada um deles (deu pra perceber que Daphne entrou pra lista de mocinhas preferidas?).

Minha Daphne é diferente dessa da capa, mas eu gostei mesmo assim. Todos os livros seguem o mesmo padrão, então mantém uma identidade visual. A revisão tá bem boa, o que me deixa muito feliz.

Eu aproveitei a Black Friday pra comprar os 3 primeiros volumes e já estou em cólicas pra ler o segundo. Agora que sei que gosto, ninguém me segura. ;)