Depois do que aconteceu - Juliana Parrini

Título: Depois do que aconteceu
Autor(a): Juliana Parrini
Editora: Suma de Letras
Nº de páginas: 344
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Nota:

O vazio deixado por Alex está sempre comigo e isso é bom. Bom porque essa dor me dá a certeza de que a sua existência em minha vida foi real. E o mais difícil nessa batalha que se estende dia após dia é ficar longe de quem você mais queria estar perto.
Isabel passou o último ano fugindo. Depois do que aconteceu, ela não acredita que conseguirá voltar a ser feliz. O que não esperava era que o destino colocaria Daniel Clark em seu caminho. A atração entre os dois é imediata e irreversível: ao voltar para casa, a carioca Isabel não será capaz de esquecer os encantadores olhos azuis daquele cara que conheceu por acaso em plena Avenida Paulista. A partir desse dia, a tristeza de Isabel perde espaço para uma paixão que mudará sua vida. Ficar presa ao passado vale mesmo a pena? Ou é preciso seguir em frente e dar uma segunda chance ao amor?

Então, né? Dia de fazer resenha de um nacional que não me agradou muito. Preparados? Porque eu não tô. =P

Conhecemos uma Isabel amargurada, triste, depressiva, sem perspectivas, sofrendo por amor. Você demooooora a saber com detalhes o que aconteceu entre ela e Alex, seu namorado/noivo de 13 anos, mas percebe que não foi morte. Ao invés de ficar curiosa, fui me irritando por tanto drama sem nunca serem revelados detalhes que justificassem o abandono.

Isabel estava lá curtindo a bad há 1 ano, se afastando dos amigos e se enclausurando em casa, quando de repente viaja, conhece um boy magia (americano, de olhos azuis, sarado... viva à estereotipação) e se encanta por ele instantaneamente. Na vibe de precisar voltar a viver, dá uma chance pro cara e vai jantar com ele. Depois de um tempo, ele brota no Rio e já no primeiro reencontro transam e rolam declarações. Precipitado, né?

Mas não para por aí... Os fatos se desenrolam, aparece família envolvida no meio e... tcharam! o cara é um babaca traidor. Só que, miraculosamente, tudo acontece pra justificar as atitudes do cara. E aí começa um festival de inconstância por parte dos protagonistas, que vão do 8 ao 80 na mesma página. O negócio é tão surreal que eu passei dois terços do livro revirando os olhos a cada vez que Isabel e Daniel se encontravam. Uma hora eles têm as piores expectativas quanto ao outro, 2 parágrafos depois já estão jurando amor eterno e pertencimento. Me poLpa, né?

E, pra variar, eu não fui muito com a cara do mocinho. Tentei entender a postura do Alex, ao qual só temos acesso através de lembranças, e não sei como eu reagiria na situação dele. Tem um quê de covardia? Sim, não há como negar. Mas também não rola julgar sem viver o problema na pele. E, como no final tem uma reviravolta, espero que as coisas fiquem bem chacoalhadas no próximo volume.

Também fiquei extremamente incomodada com trechos de músicas em inglês ou frases em italiano sem tradução. Das duas, uma: ou eu pulava e ficava sem entender o que aquilo tinha a ver com a história, ou parava de ler pra consultar o Google. Cabia uma nota de rodapé, né? Afinal, ninguém é obrigado a saber outro idioma.

Mas o que mais incomodou foi o machismo. Com essa campanha rolando no facebook, meu feminismo aflorou e eu não pude deixar de rejeitar essa parte do livro. Tudo gira em torno de resolver os problemas com homem, as amigas sempre dando conselhos machistas... Não, gente! Por favor, parem! Bora querer se valorizar?

Alguns personagens ganharam o merecido destaque, mas outros não tiveram a oportunidade de aparecer. De toda forma, senti que faltou aprofundamento na personalidade de todos eles, inclusive dos protagonistas, resumindo a sentimentos e emoções momentâneas e não explorando outras características. E junta isso ao grande clichê da história, com cenas altamente previsíveis.

A capa é linda e foi o que me atraiu de cara. Não tem como não me apaixonar por algo tão declaradamente carioca. ♥ Houve algumas falhas de revisão pequenas, mas no geral o texto está legal. A escrita da Juliana é boa, fluida, o problema é o conteúdo forçado e as situações irreais. Talvez uma narração em terceira pessoa fosse uma melhor opção, tirando a carga dramática e nos dando uma opinião mais neutra e talvez até cenas além do umbigo da Isabel.

Vou ler Antes que Aconteça só por desencargo de consciência, pra saber no que deu o trelelê do triângulo, mas com bem menos expectativas. E só pra confirmar... #TeamAlex