Fique onde está e então corra - John Boyne

Título: Fique onde está e então corra
Autor(a): John Boyne
Editora: Seguinte
Nº de páginas: 222
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Nota:

Alfie Summerfield nunca se esqueceu de seu aniversário de cinco anos. Quase nenhum amigo dele pôde ir à festa, e os adultos pareciam preocupados - enquanto alguns tentavam se convencer de que tudo estaria resolvido antes do Natal, sua avó não parava de repetir que eles estavam todos perdidos. Alfie ainda não entendia direito o que estava acontecendo, mas a Primeira Guerra Mundial tinha acabado de começar. Seu pai logo se alistou para o combate, e depois de quatro longos anos Alfie já não recebia mais notícias de seu paradeiro. Até que um dia o garoto descobre uma pista indicando que talvez o pai estivesse mais perto do que ele imaginava. Determinado, Alfie mobilizará todas as suas forças para trazê-lo de volta para casa. 

Este é o segundo livro do John que aborda diretamente as grandes guerras que o mundo sofreu. Em O menino do pijama listrado, o protagonista não sabe ao certo no que está se metendo e acaba com aquele final mais que trágico, junto de seu melhor amigo judeu. O mesmo não acontece em Fique onde está e então corra. Quer saber mais sobre o livro? Continue lendo a resenha!

Alfie Summerfield completava seus cinco anos quando a Primeira Grande Guerra Mundial eclodiu. O dia exato era 28 de julho de 1914. E é claro que, com este acontecimento, sua festa de aniversário não contou com muita gente, apenas um vizinho muito velho, a avó, os pais - Margie e George -, sua melhor amiga, Kalena, e seu pai. Os adultos ficavam de canto, cochichando. Sua avó, aos prantos, dizia apenas que estavam todos perdidos. Algo sobre alistamento saía da boca deles, e Alfie não sabia bem o que pensar sobre isso. Mas logo ele descobriria.

George, com seus vinte e poucos anos, acaba se alistando. 4 anos haviam se passado e ele não retornara à casa. É claro que por um bom tempo ele mandava cartas, dizendo como estava sendo no campo de batalha - a essa altura, Alfie já havia descoberto o que seu pai havia ido fazer tão longe - e contando coisas do cotidiano. Mas com o passar do tempo a mãe apenas as escondia embaixo do colchão, até o dia em que elas finalmente pararam de chegar. Margie dizia que George estava em uma missão secreta para o governo, mas nosso protagonista tinha absoluta certeza de que seu pai estava morto em uma das muitas trincheiras.

Os tempos haviam mudado, e as despesas estavam cada vez mais caras. Margie fora obrigada a trabalhar como enfermeira em um hospital, além de lavar e costurar para fora, dentre outras inúmeras funções, em troca de poucos centavos. Para eles, que estavam à beira da miséria, cada moedinha fazia a diferença, fosse para o pagamento do aluguel ou até mesmo para a sobrevivência deles. Alfie tinha então nove anos. Sua vizinhança não era mais a mesma. Sua melhor amiga e o pai dela haviam ido embora para uma ilha apenas por serem descendentes de outros países e nacionalidades. Outros haviam falecido na guerra ou voltado com graves sequelas em seus corpos. Alfie continuava estudando, mas não todos os dias da semana. Nos demais, ele ia até a estação de King's Cross (pausa para lembrar do meu lindo Harry Potter <3) para servir seus dons como engraxate aos homens que por ali passavam. E foi em um desses dias que ele conseguiu uma pista sobre seu pai. O médico do exército havia deixado seus papéis caírem, e Alfie, ajudando-o, encontrou uma lista. Havia diversos nomes ali escritos, mas apenas um chamou sua atenção.

HOSPITAL DE EAST SUFFOLK E IPSWICH

Summerfield, George

Nasc.: 3/5/1887

Nº: 14278

A partir daí, o nosso pequeno gafanhoto parte em uma busca incessável por seu pai, até descobri-lo em um hospital que cuida não só de ferimentos expostos, mas também daqueles que nunca terão cura, conhecidos como neurose de guerra. Claro que se George continuasse ali seu estado só pioraria. Mas será que havia algum meio de salvá-lo? Será que o amor da família é capaz de apagar as marcas de uma guerra?

Diferente dos outros títulos do autor, este foi escrito em terceira pessoa, por um narrador bem observador, pois não nos poupou de grandes detalhes. A vida de Alfie antes da guerra não é tão explicada, mas todos viviam em grande harmonia. Além disso, John nos mostra como ela influenciou a vida de todos os habitantes do país, sejam eles estrangeiros ou locais, e ainda explicou diversos motivos pelos quais os que se alistavam acabavam perdendo sua própria identidade (e, muitas vezes, seguida da loucura).

A paciência e a perseverança de Alfie são raras de se encontrar no mundo atual. Algo que nós nunca deveríamos perder!

Depois de ver como algo tão simples de ser resolvido pode dar lugar ao caos, não tem como não se emocionar ao terminar de ler Fique onde está e então corra. O livro é simplesmente magnífico e novamente um de meus favoritos para o ano de 2015, que está encerrando com chave de ouro!

A capa do livro, assim como na maioria das publicações de John Boyne no Brasil, é simples e transmite alguns componentes que encontraremos na narrativa. No caso de Fique onde está e então corra, os elementos mais claros são representados pelo avião e o garoto, além do céu em tonalidades não tão "normais" assim. Quanto à diagramação interna: fonte e tamanho ótimos para a leitura, e há apenas um charme na escrita do título dos capítulos. E essa é uma das diferenças mais notáveis, comparando-o com os demais que já li. As partes são mais longas e contam períodos da vida da família com mais detalhes. Em suma, é mais um achado e digno de ler!