O Conde Enfeitiçado - Julia Quinn

Esta resenha NÃO contém spoilers dos livros anteriores.
O Duque e Eu
O Visconde que me Amava
Um Perfeito Cavalheiro
Os Segredos de Colin Bridgerton
Para Sir Phillip, Com Amor


Título: O Conde Enfeitiçado (Os Bridgertons #6)
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro
Nº de páginas: 288
Onde comprar: Submarino | Saraiva | AmericanasCasas Bahia
Nota:

Toda vida tem um divisor de águas, um momento súbito, empolgante e extraordinário que muda a pessoa para sempre. Para Michael Stirling, esse instante ocorreu na primeira vez em que pôs os olhos em Francesca Bridgerton.
Depois de anos colecionando conquistas amorosas sem nunca entregar seu coração, o libertino mais famoso de Londres enfim se apaixonou. Infelizmente, conheceu a mulher de seus sonhos no jantar de ensaio do casamento dela. Em 36 horas, Francesca se tornaria esposa do primo dele.
Mas isso foi no passado. Quatro anos depois, Francesca está livre, embora só pense em Michael como amigo e confidente. E ele não ousa falar com ela sobre seus sentimentos – a culpa por amar a viúva de John, praticamente um irmão para ele, não permite.
Em um encontro inesperado, porém, Francesca começa a ver Michael de outro modo. Quando ela cai nos braços dele, a paixão e o desejo provam ser mais fortes do que a culpa. Agora o ex-devasso precisa convencê-la de que nenhum homem além dele a fará mais feliz.
No sexto livro da série Os Bridgertons, Julia Quinn mostra, em sua já consagrada escrita cheia de delicadezas, que a vida sempre nos reserva um final feliz. Basta que estejamos atentos para enxergá-lo.

Posso começar essa resenha com a mesma frase com que comecei a do livro anterior?
A tal da expectativa fazendo bagunça antes da primeira página. Como já tinha comentado na resenha de Para Sir Philip, estava com o pé atrás antes de começar esse livro, primeiro porque o tema também era viuvez, segundo porque a gente já tinha ouvido falar da Francesca nos últimos dois livros, que ela perdeu o marido jovem, com 2 anos de casada. E, como ela quase não apareceu anteriormente, eu não tinha muito interesse em conhecer essa Bridgerton, já a imaginava como uma viúva ranzinza. Mas, se antes a expectativa atrapalhou, dessa vez ajudou, e muito!

Ela não era como as irmãs. Daphne e Eloise - assim como Hyacinth - eram tão extrovertidas e tão alegres... Os homens sempre se sentiam à vontade na presença delas e o sentimento era, Francesca observara, completamente mútuo.
Mas ela não era assim. Sempre se sentira um pouco diferente do resto da família. Amava-os com fervor e daria a vida por qualquer um deles, mas, embora por fora se parecesse com uma Bridgerton, por dentro sempre tivera a sensação de ter sido trocada quando pequena.
Enquanto a maioria dos Bridgertons era extrovertida, ela era... bem, não exatamente tímida, mas um pouco mais reservada, mais cuidadosa com as palavras. Ficara conhecida pela ironia e pela sagacidade.

O que a gente já sabia antes de começar O Conde? Francesca casou com John, o conde de Kilmartin, e se mudou para a Escócia, mas seu marido morreu pouco tempo depois do casamento. Mesmo assim, ela não voltou pra Londres, preferindo ficar nas terras de seu condado. E o que tem de informação nova? Ela não teve filhos, mas mesmo assim não perdeu o título de condessa, pois Michael, o novo conde, primo de John, não se casou. Você também buga com essa coisa de nobreza, títulos, hierarquia, herança e tal? Porque eu fico perdida! Acontece que Michael se apaixonou pela então noiva do primo assim que bateu os olhos nela pela primeira vez, no jantar de noivado. Como é pecado cobiçar a mulher do próximo, ainda mais sendo o próximo tão próximo, ele disfarçou seus sentimentos muito bem, até porque considerava John como um irmão.

Michael sempre esteve por perto, formando um trio inseparável e harmonioso, e sofreu tanto quanto Francesca com a morte de John, mas eles tiveram reações diferentes. Ele se afastou totalmente, pelo luto, sim, mas porque sem a menor vontade acabou assumindo o condado e tudo o que era de John. Ela queria o conforto do melhor amigo e não entendia por que tanta distância da parte dele. Depois de muitos desentendimentos, ele decidiu que era melhor se mudar para a Índia, onde viveu por 4 anos.

Em toda vida ocorre um momento decisivo. Um instante tão extraordinário, tão claro e tão nítido que temos a sensação de havermos sido golpeados no peito, deixados sem fôlego, sabendo, sabendo, sem a menor sombra de dúvida, que nossa vida jamais será a mesma.

Francesca foi uma ótima condessa, administrando bem as propriedades e fortuna de Kilmartin. E, quando Michael voltou, ela já tinha retirado o luto e estava disposta a encontrar um novo marido. Nem te conto quem morreu de ciúmes com essa história. rsrsrs Entre a reaproximação, tentativas de controle de desejo e possibilidade de casamento de ambos, o enredo vai se delineando, com direito a fugas para a Escócia e muito, muito sexo.

O romance demora a começar, pra ter toda essa introdução e adaptação do leitor aos personagens. Conseguimos entender o sentimento de ambos, quão significativa foi a perda de John para eles, como Michael ficou abalado por ter de assumir o papel do primo e como ele temia traí-lo desejando sua esposa. Mas, como já dizia o sábio funk, demorou para abalar, demorou, mas abalou meu coração! As cenas sensuais são pra lá de quentes, mas não é só sexo, tem sentimento, desejo, paixão, tudo junto. Na parte hot, esse foi o melhor livro.

Em algum lugar, nos recantos mais nebuloso de sua mente, Francesca sabia que aquilo era errado, que era mais do que errado: era insano. Mas não conseguiria ter se movido nem se as labaredas do inferno estivessem lambendo os seus pés.

Como sempre, há aquelas críticas embutidas, especialmente quanto à figura da mulher e aos padrões sociais impostos. Francesca é uma mulher bastante independente, que assume a administração do condado e prefere se manter na Escócia a voltar pra casa de sua mãe. Apesar de amar sua família, ela não queria ser mais uma Bridgerton. E, quando resolve se casar de novo, enfrenta algumas regras da sociedade, algumas vezes passando por cima, outras sendo pressionada pelas convenções.

Vale ressaltar que as histórias dos livros 4, 5 e 6 são praticamente simultâneas. Enquanto Colin cortejava Penelope, Eloise já estava se correspondendo com Phillip e Francesca estava tirando o luto e reencontrando Michael. Os 3 casamentos acontecem com intervalo de dias, o que explica o "sumiço" de Francesca nos outros livros - ela morava longe, não estava presente nos momentos decisivos das outras histórias.

E ele, que dormira com tantas mulheres, subitamente se deu conta de que nada fora até então além de um menino imaturo. Porque nunca tinha sido daquela maneira. Antes tinha sido o seu corpo. Aquilo era a sua alma.

E o grande diferencial desse livro foi a malária. Michael contraiu a doença durante seu período na Índia e frequentemente apresentava crises. Na época, a doença era pouco conhecida, o tratamento ainda era precário, não se sabia como era a transmissão, mas tudo foi cuidadosamente pesquisado e explorado pela Julia, que se empenhou pra ser fiel à medicina e à época. O mais legal é que, a exemplo da morte de Edmund (pai dos Bridgertons), o final do livro nos presenteou com a nota da autora explicando não apenas o motivo da morte de John, que não cabia na história, como também detalhes sobre a malária, seus tipos e sintomas. E uma parte dos lucros da venda deste livro será revertida para centros de pesquisa da doença. Julia divando de novo!

Faltam só 2 livros pra acabar a série, e sim, tá batendo o desespero e a saudade antecipada. Agora que consegui finalmente ficar em dia com a série, só me resta esperar ansiosamente pela publicação de Um Beijo Inesquecível pra conhecer um pouco mais da tagarela Hyacinth.

Um comentário

  1. Oi Giulia, também já estou bem triste em saber que a série está chegando ao fim. Eta família é uma delícia, e cada livro que leio, fico mais apaixonada. Amei a forma como Michael amava em silêncio, me dava uma dó!
    Bjs, Rose.

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