Desafio - C. J. Redwine

Título: Desafio (Desafio #1)
Autora: C. J. Redwine
Editora: Novo Conceito

No interior das muralhas de Baalboden, à sombra do brutal Comandante da cidade, Rachel Adams guarda um segredo. Enquanto as outras garotas fazem vestidos e obedecem a seus Protetores, Rachel é capaz de sobreviver nas florestas e de manejar uma espada com destreza. Quando seu pai, Jared, é declarado morto em uma missão, o Comandante designa para Rachel um novo Protetor: Logan, o aprendiz de seu pai, o mesmo rapaz a quem Rachel declarou o seu amor há dois anos, e o mesmo que a rejeitou. Com nada além da forte convicção de que seu pai está vivo, Rachel decide fugir e encontrá-lo por conta própria. Mas uma traição contra o Comandante tem um preço alto, e o destino que a aguarda nas Terras Ermas pode destruí-la.

Antes de começar, gostaria de agradecer à minha colunista Pam; se não fosse ela me encher o saco absurdamente pra eu mandar esse livro, nunca teria tido vontade de ler só pela sinopse. Hahahahaha! Peguei pra ler só pra entender o que tinha de tão tcham no livro pra ela implorar por ele, agora entendi.


Desafio é uma distopia diferente de todas as outras que li. Claro que ainda tem aquelas características que sempre encontramos nos livros do gênero que fazem com que as pessoas comparem com Jogos Vorazes e Divergente - sociedade futurística comandada por um governo tirano, uma pessoa (geralmente uma mulher) revoltada com a situação que quer mudar aquela realidade, mortes -, mas Desafio tem um quê especial.

No futuro, as pessoas precisam viver refugiadas dentro de muralhas. De tanto perfurarem a terra em busca de combustíveis fósseis, seus antepassados acabaram descobrindo e libertando um monstro, semelhante a um dragão sem asas, que incendiou e matou quase toda a população. Baalboden é uma das cidades que servem de proteção contra o Maldito, graças ao Comandante, o único capaz de controlar a fera.

As leis dasta sociedade são altamente machistas, as mulheres não podem sair desacompanhadas de casa e precisam da proteção de um homem. Quando Jared, rastreador do Comandante, não retorna da última missão, sua filha Rachel precisa de um novo Protetor. O substituto natural para esta função seria Oliver, um "avô" para a menina, mas seu pai nomeia Logan, um órfão acolhido pela família depois que sua mãe morrera.

Tudo seria tranquilo se Rachel não tivesse se declarado 2 anos antes para Logan e levado um fora. A relação entre os dois não é muito amigável, aquele clima de desconforto pairando no ar. Mas ambos acreditam que Jared não está morto e decidem procurá-lo nas Terras Ermas. O empecilho é apenas um: o Comandante. Traição é um crime que se pune com a morte, e eles precisam de um plano perfeito, que os leve pra fora das muralhas em busca de seu mentor.

Não vou contar mais da história, isso é suficiente pra você se situar no enredo. Prefiro falar dos personagens.

Rachel entra na lista de heroínas preferidas, ao lado de Katniss e Tris. Ao invés de ser uma moça como a sociedade ensina e espera - boa filha, boa esposa, bons modos... -, ela sabe manejar armas melhor do que muito homem. Seu pai a levava em algumas missões, com isso ela aprendeu a andar pelas Terras Ermas e reconhecer os perigos que se escondem do lado de fora.

Logan não fica pra trás. Seu reconhecimento por tudo que Jared e Oliver fizeram por ele quando criança se transforma em lealdade e proteção a Rachel. Ele também é um bom lutador, consegue se sair bem no combate corpo a corpo, mas sua principal arma ninguém lhe pode arrancar: a inteligência. Um exímio inventor, que cria, reproduz e camufla com perfeição suas obras.

Oliver é um vôzão para Rachel e Logan, mesmo não sendo biológico. Lembrei muito o meu e bateu aquela saudade (quase 9 anos sem ele). Jared é um paizaço, apesar de pouco aparecer no livro; afeiçoamo-nos a ele só de ler o relato dos seus próximos. Criar uma menina sem mãe já é difícil, mas transformá-la numa guerreira mesmo quando as outras garotas ao redor insistem em manter o padrão submissa merece meus aplausos.

Ah, sim. Tem romance, claro! Mas não é aquela coisa forçada ou óbvia, até porque existe todo um trauma do passado. O perigo e a necessidade de proteção acabam por evidenciar o sentimento, mas o que mais conta para isso acontecer é a admiração mútua, o reconhecimento das qualidades e habilidades do outro.

Redwine acertou em 3 coisas: a conexão passado e futuro, a inserção de elementos fantásticos na história e a narrativa intercalada.

Já falei e expliquei que o livro se passa no futuro, mas durante a leitura eu me esqueci várias vezes de que não estava lendo um livro situado no passado. A desvalorização da mulher, a luta com facas e espadas, os mercados ao ar livre para troca e venda de mercadorias, o uso de carroças e lampiões, tudo isso remetia a épocas passadas. Mas aí vinham as invenções de Logan e toda a questão que permeia o Maldito e pá! Lá estava eu numa realidade futurística.

A sensação que tive é que a autora pegou aquela receitinha lá de cima de como fazer uma distopia e deu uma incrementada: 1 pitada de fantasia. O Maldito pouco aparece, mas é o motivo de todo aquele cenário. Uma criatura que cospe fogo, se move por baixo da terra e espalha o terror por onde passa. Com isso, nossos protagonistas têm mais um obstáculo pela frente além do governo opressor.

E, ao contrário das outras trilogias distópicas já citadas, esse livro é todo narrado alternando os capítulos entre Rachel e Logan (em 1ª pessoa). Além de conseguirmos entender bem as sensações, medos e conflitos de cada personagem, podemos acompanhar seus passos quando estão distantes um do outro. Sabemos o trauma que ela vive enquanto ele está em busca de materiais proibidos para suas invenções; sabemos o que ele sente quando está tramando os planos e ela se mantém distante física e emocionalmente. O livro não fica fechado só sob um ponto de vista, o que dá uma abertura de possibilidades à autora para nos levar por diversos caminhos.

A capa é a mesma que a original, LINDÍSSIMA! Rachel ficou linda, bem próximo ao que imaginei com esse cabelão ruivo. E a roupa se repetindo nas capas? In love!
As próximas seguem o mesmo estilo, olha só!


Na versão nacional, o título está em prateado e alto relevo, adoro ficar passando a mão. rs
Revisão ótima. Diagramação simples, nada de especial.

Desafio tem um fechamento, uma conclusão de parte da história, mas deixa grandes brechas pra continuação. Já imagino o que virá no próximo, mas agora quero saber o que ela vai guardar pro terceiro. NC, quando sai o próximo? *-*

Existe, ainda, uma prequel, que seria o 0,5. Outcast conta a história de Quinn e Willow, personagens que aparecem no último terço do livro, mas que têm sua história "mal contada". Pra explicar tudo que aconteceu com eles sem ter que desviar o foco do principal, a autora escreveu esse conto. Pfvr, NC, traduz logo pra gente e joga na Amazon!

Claro que o livro não vai mais pra ninguém, ficará lá na minha estante esperando seus 2 irmãos. Hahahaha! Redwine me conquistou com sua escrita, já está entre minhas distopias preferidas.

Uma distopia com muito do que já estamos acostumados a ver, mas com toques de inovação. Gostei, quero mais e recomendo. ;)

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