Desaparecida - Catherine McKenzie

Título: Desaparecida
Autora: Catherine McKenzie
Editora: Leya


Emma Tupper não existe mais. E por que não, então, inventar uma nova Emma Tupper? “Só poeira. É como se eu tivesse sido apagada. Transformada em cinzas.” Quem nunca sonhou em recomeçar a própria vida do zero? A jovem advogada Emma Tupper se vê diante dessa oportunidade quando volta para casa, após passar seis meses desaparecida na África. Surpresa, percebe que todos acreditam que ela estava... morta. Emma descobre que sua antiga vida foi apagada. O apartamento onde vivia acaba de ser alugado para um novo inquilino, o misterioso fotógrafo Dominic. No escritório de advocacia, no qual construía uma carreira brilhante com chances de concorrer ao cargo de sócia, sua rival Sophie se apossou não só de seus clientes e de sua sala, mas também de seu namorado, Craig. Enquanto tenta resolver o caos no qual seu mundo se transformou, Emma se questiona: ela era feliz antes de sua viagem à África? Tinha valido a pena se sacrificar tanto em nome do trabalho? Amava Craig de verdade? Queria mesmo ter aquela vida de volta? Romântico e espirituoso, Desaparecida revela a envolvente trama de uma mulher à procura de si mesma.

Quando sua vida resolve mudar sem você ter o direito de escolha, as consequências podem ir muito além do que você imagina. Assim aconteceu com Emma. A mãe tinha fascínio pela África, mas não pôde conhecer o continente, então deixou passagens compradas como um último pedido à filha. Emma não tinha pra onde correr, precisava atender o desejo da mãe, mas isso afetaria seu trabalho; a promoção a que tanto almejava seria adiada por causa das férias. Apenas uma questão de tempo, certo? Errado!


A viagem não saiu como ela esperava. Ficou doente e abandonada pela agência de turismo, dependendo da ajuda de voluntários de uma ONG, isolada numa região afastada. Quando finalmente iria voltar pra casa, um terremoto devastou a região, destruindo aeroportos e redes de comunicação. Foram 5 meses aguardando a chance de voltar pro seu país, totalizando 6 meses de ausência.

Pare e pense: o que aconteceria se você ficasse meio ano sem dar notícias? Como as pessoas iriam encarar seu sumiço? E o mais importante: como seria a sua volta? Emma achou que tudo estaria igual a quando ela saiu, mas, mais do que desaparecida, ela foi dada como morta. Muito tempo sem contato, todo mundo supôs que ela tinha morrido no terremoto. E os problemas começaram assim que ela pisou no aeroporto. Documentos não reconhecidos, conta bancária congelada, apartamento alugado para outra pessoa, namorado com outra mulher. Sua vida ficou totalmente de cabeça pra baixo.

Conforme observo com atenção, noto que não sei exatamente o que estou procurando. Minha mãe? Eu mesma? O eu de antes de me tornar introspectiva e frágil? Bem, aquela pessoa podia até se parecer muito com a garota que o espelho está mostrando, mas o que dizer da pessoa por dentro? A mulher que eu era?
Ela está desaparecida, presumivelmente morta.

Toda essa parte da viagem e terremoto é só uma introdução bem rápida, que dura o prefácio e o 1° capítulo. Quando vi a sinopse, achei que haveria um destaque maior pro período em que Emma permaneceu ausente, mas - ainda bem - isso não aconteceu. A autora soube puxar o foco pro drama que a personagem vivenciou no retorno, usando recursos pra preencher as lacunas pro entendimento do leitor.

Nos intervalos da leitura, fiquei pensando em como seria se acontecesse algo semelhante comigo. Mal consigo desconectar o 3G do celular, todo dia vejo meu facebook e e-mail, nem gosto de pensar em passar 1 dia sem internet. Sinceramente, eu não iria lidar muito bem com esse isolamento total, principalmente por não ter e dar notícias, mas acredito que meu retorno seria um pouco menos complicado em termos profissionais. De todo modo, senti uma angústia ao tentar empatizar com a personagem, imaginando seu sofrimento.

Um dia, o mundo real veio com tudo, e eu pensei que estava pronta pra ele. De muitas maneiras, eu estava ansiosa por voltar. Mas ainda pensava realmente apenas em mim mesma. Pensava que meu coração e minha cabeça estavam em ordem, ou perto disso. Pensava que simplesmente voltaria para fazer o que queria. Essa era a decisão que havia tomado sozinha.

A história é bem legal, abordando o impacto nas várias áreas da vida de Emma. Aos poucos, ela vai se dando conta de que tudo mudou, mas não deixa de tentar reverter o quadro desfavorável. E no meio de toda essa tempestade surge um novo romance, um pouco confuso no início, mas totalmente condizente no final. Só achei que demorou muito, muito mesmo. Por mais que a protagonista esteja passando por um momento conturbado, os meses de distância somados à ausência da mãe tendem a deixar a pessoa carente, e um homem como aquele não dá pra resistir tão fácil. Foi romântico, mas arrastado.

Outro problema foi achar, pela capa e sinopse, que se tratava de um drama/romance. Desaparecida é um chick-lit, não tanto puxado pra comédia, mas ainda assim o retrato da vida de uma mulher. Não que eu não tenha gostado, mas essa expectativa de pensar em um desenvolvimento mais denso acabou sendo frustrada.

Eu recebi o livro em ebook, mas vi o físico na livraria e achei a capa ainda mais linda pessoalmente. De todas as capas pelo mundo, a brasileira é a mais bonita e a que mais se aproxima da ideia que tenho de um chick-lit (e ainda assim ainda está um pouco distante). Sinceramente, não me lembro da revisão, acho que as férias deram uma apagada nessa lembrança.

A autora tem outros títulos publicados, e eu espero que a Leya traduza alguns pra que eu possa ter outro contato com a escrita dela, e de uma próxima vez prometo pesquisar antes pra ter uma ideia do que encontrar.

Desaparecida vale a pena, e vale mais ainda se você se dispuser a se colocar no lugar da personagem e refletir sobre a sua vida. Dê essa chance a Catherine McKenzie, você vai gostar.