Simplesmente Ana - Marina Carvalho

Título: Simplesmente Ana (Ana #1)
Autora: Marina Carvalho
Editora: Novo Conceito


Imagine que você descobre que seu pai é um rei. Isso mesmo, um rei de verdade em um país no sudeste da Europa. E o rei quer levá-la com ele para assumir seu verdadeiro lugar de herdeira e futura rainha… Foi o que aconteceu com Ana. Pega de surpresa pela informação de sua origem real, Ana agora vai ter que decidir entre ficar no Brasil ou mudar-se para Krósvia e viver em um país distante tendo como companhia somente o pai, os criados e o insuportável Alex. Mudar-se para Krósvia pode ser tentador — deve ser ótimo viver em um lugar como aquele e, quem sabe, vir a tornar-se rainha —, mas ela sabe que não pode contar com o pai o tempo todo, afinal ele é um rei bastante ocupado. E sabe também que Alex, o rapaz que é praticamente seu tutor em Krósvia, não fará nenhuma gentileza para que ela se sinta melhor naquele país estrangeiro. A não ser… A não ser que Alex não seja esta pessoa tão irascível e que príncipes encantados existam. Simplesmente Ana é assim: um livro divertido, capaz de nos fazer sonhar, mas que — ao mesmo tempo — nos lembra das provas que temos que passar para chegar à vida adulta.

Enrolei à beça pra escrever essa resenha. Sempre travo na hora de falar sobre um livro superelogiado, mas que não me agradou. O da vez foi Simplesmente Ana, da autora brasileira Marina Carvalho.

Numa versão brasileira de O Diário da Princesa, SA conta a história de Ana, uma jovem que recebe uma mensagem do rei da Krósvia no Facebook e descobre que ele é o seu pai. Após perdoar fácil e rapidamente a mãe (que nunca contou sequer para os pais sobre seu relacionamento com um membro da realeza), Ana resolve passar uma temporada no país de seu pai, vivendo com todo o luxo e pompa a que uma princesa tem direito e se preparando pra ser apresentada à população krosviana. Lá ela conhece Alex, cuja mãe, falecida, era a rainha. A princípio, Alex age de modo estranho, um pouco estúpido, mas com o decorrer dos passeios para conhecer o país eles acabam se aproximando. O problema é que Laika, a namorada linda e poderosa, não gosta nada desse relacionamento "fraternal" e começa a se meter. Está formado o enredo.

Eu tinha muitas expectativas pra leitura deste livro por vários motivos: a) sou cria de Meg Cabot, lia O Diário na minha adolescência; b) adoro romances, e se puder ter um toque conto de fadas melhor; c) só ouvia elogias a respeito de SA; d) a continuação estava vindo, e se a NC resolveu apostar em mais um é porque o livro deve ser legal. Mas fiquei um tanto quanto frustrada. Não que o livro não seja bom, simplesmente não é pra mim. Se eu ainda estivesse com meus 14 anos, poderia ter achado o máximo, mas agora não consegui engolir várias coisas do livro.

Ana é imatura demais! 20 anos, mas às vezes age como se tivesse 15. Teve maturidade pra perdoar a omissão da mãe por todo esse tempo, mas foi ingênua o suficiente pra acreditar em mentiras óbvias. Falando em coisas óbvias, o romance foi um deles. Às vezes ficava até chato ler sobre Ana e Alex querendo, mas não assumindo. Na boa, com 20 anos a gente já saiu da fase "conta pra amiga que está apaixonada" pro "cala a boca e beija logo" (eu que o diga, com 20 estava casada).

Alex até que foi um mocinho legal, mas tinha atitudes incoerentes. Em umas horas parecia um cara estúpido, que não gostava da ideia de ter uma menina - filha legítima - competindo a atenção do rei e quiçá a herança; em outras, agia como o príncipe que era, com delicadeza, atenção, amizade... Ok, essa "bipolaridade" dele tem um motivo, e até é compreensível, não vejo como um grande problema.

Claro que eu odiei a Laika, mas ela foi uma das melhores personagens do livro. Pelo menos cumpriu bem o papel de vilã e conseguiu dar uma mexida na trama. Pra vocês terem noção, Ana não tinha o que falar dela, recalque nas alturas, então preferiu apelidá-la de "nome de cachorro", pois assim teria um motivo pra falar mal (nível de maturidade zero), como se a culpa de ter um nome estranho (cujo apelido só faz sentido na América) fosse da menina.

Marina deu atenção demais à descrição. Tudo era muito bem detalhado, chegando a me irritar. Sei que isso se deve ao fato de eu preferir descrições genéricas para que eu tenha liberdade de construir meus próprios cenários e personagens, mas até um certo ponto eu levo numa boa. Uma ou outra especificação até que é válida, o problema era que tudo tinha que ser nomeado: marca de roupa, canal de televisão, cantor, atriz... Ela não pode simplesmente vestir uma roupa (aliás, às vezes a roupa era uma informação totalmente desnecessária à cena), tem que usar uma calça da marca x, uma blusa da marca y... Isso era toda hora, sem exagero. Uma palavra pra definir meu sentimento: preguiça.

Outra coisa que me incomoda no dia a dia e não podia ser diferente no livro: fazer a piada e explicar. Isso pra mim é chamar o leitor de burro. Não basta apresentar a situação engraçadinha e pronto? Não, tem que completar com uma explicação sobre o porquê de ter feito a piada. Ah, gente, não rola! Como diz minha mãe, já passei do peso e da idade pra essas coisas.

Ah, pra finalizar a sessão "pontos negativos": falhas de continuidade. Pra Ana ir ao orfanato, demora horas e horas, com direito a todo o desenrolar da viagem. Pras meninas órfãs visitarem o castelo tudo acontece rapidamente. Outro detalhe: show na praia, multidão, reconhecem Ana e Alex e saem correndo atrás deles. De repente, Alex tem a brilhante ideia de se esconder entre os alto-falantes e ninguém vê os 2 entrando ali. Claaaaaaaaro, totalmente crível. Só que não.

Essa capa não me diz nada. Pode ser bonita e tal, mas me explica essa poltrona no meio do nada? Não entendi o conceito, devo ser muito burra ou totalmente por fora das tendências.

Isso tudo que eu disse é pra te desestimular a ler? De maneira alguma! Marina tem uma escrita fluida, que te faz virar as páginas sem perceber que o tempo está passando. O livro é bem vendido e elogiado, mas tem um público-alvo certo. Se você for adolescente ou conseguir aturar bem as instabilidades típicas dessa faixa etária, pode ir fundo que as chances de gostar são grandes. Mas se você, assim como eu, sempre espera atitudes menos imaturas e incoerentes, talvez se decepcione.

E não, não estou nem um pouco ansiosa pra ler De Repente, Ana. Já ouvi dizer que a protagonista está ainda mais chata, com mais picos de imaturidade. Prefiro esperar até eu estar mais tolerante, do contrário nem sei se consigo terminar o livro.