Twittando o Amor - Teresa Medeiros

Título: Twittando o Amor
Autora: Teresa Medeiros
Editora: Novo Conceito


Abigail Donovan é uma escritora de sucesso. Ela quase ganhou o prêmio Pulitzer e até foi elogiada no programa da Oprah. Então, por que ela passa os dias e noites escondida no chiquérrimo condomínio onde mora, na companhia de seus dois gatos, sem conseguir escrever? Quando o seu editor a obriga a entrar no mundo das redes sociais para expandir seus horizontes, Abby imagina que vai ser obrigada a conversar com adolescentes que teclam escondido do porão de casa. Mas ela acaba conhecendo Mark Baynard, um professor britânico sexy, bem-humorado e inteligente que está viajando pelo mundo em busca de aventura. Abby tenta resistir ao seu charme, enquanto Mark começa a quebrar a resistência dela aos pouquinhos... Inclusive a resistência a se comunicar por meio de mensagens curtas. Agora que Abby voltou a escrever e a viver , ela descobre que Mark guarda um segredo que poderá mudar para sempre a vida dos dois.

Abby está na maior crise literária. Seu livro de estreia foi bem vendido e elogiado, inclusive pela Oprah, mas agora ela está frequentemente adiando prazos de entrega do 2º livro - e nunca sai do capítulo 5. Por conta disso, sua assessora cria pra ela uma conta no Twitter, a fim de que se aproxime dos leitores e se mantenha à vista. Só que ela não tem sequer um smartphone e não faz a menor ideia de como mexer nessa rede social.


Quando começa a se aventurar pelo mundo do passarinho azul, conhece Mark, e ele vira seu professor de Twitter. Ensina como mexer, como conseguir seguidores, como usar as hashtags... E, em meio às conversas, ensina coisas que Abby jamais pensou que pudesse aprender na tela de um computador.

MarkBaynard: O Twitter é uma eterna festa onde todos falam ao mesmo tempo, mas ninguém diz nada.

O livro é narrado em 3ª pessoa, mas é majoritariamente composto por "diálogos" entre @Abby_Donavan e @MarkBaynard. Esse excesso de tweets me deixou meio entediada. Em algumas partes eu li meio arrastado e só resolvi continuar porque adiantei umas páginas, peguei um spoiler e achei que devia insistir mais um pouco.

O problema, na verdade, não foi só essa conversa infinita entre eles, mas o modo como conduziam. Por serem 2 estranhos, eles começaram conversando sobre amenidades, e pra isso utilizaram filmes, seriados e personalidades da cultura norte-americana para preencher seus assuntos.

O início e o final das conversas seguem um mesmo padrão. Ele começa perguntando como ela está vestida (e 90% das vezes ela está com um agasalho manchado de café e mais algum item do vestiário de um personagem de filme/série/livro), depois ela pergunta como ele está vestido e onde ele está naquele dia. Como é um professor que pediu licença para um ano sabático, a cada troca de mensagens está em um lugar diferente.

MarkBaynard: Como está vestida?
Abby_Donovan: Um sorriso esperançoso e as botas pretas de cano alto que a Julia Roberts usou em Uma linda mulher.
MarkBaynard: É só isso que está usando? Porque, se for, meu sorriso acaba de ficar muito mais esperançoso.

Já a despedida ocorre numa série de cerca de 10 tweets intercalados utilizando nomes do elenco de um filme/série.

[...]
Abby_Donovan: Boa noite, Coisa.
MarkBaynard: Boa noite, Wandinha.
Abby_Donovan: Boa noite, Feioso.
MarkBaynard: Boa noite, Tweetheart.

Sentiram como funciona, mas eu cortei um monte de nomes pra cima. Ok, se você conhece o elenco em questão, até consegue achar graça, mas se você for como eu está ferrado.

Eu quase não vejo séries e programas de TV; assisto aos filmes, mas não faço a menor questão de guardar nomes de personagens e muito menos de atores. Então pra mim essa dinâmica não funcionou nada bem, pelo contrário, fiquei bem perdida. A história está repleta de referências que fazem bastante sentido pra quem é dos EUA ou acompanha o mundo artístico de lá, então se não é o seu caso provavelmente ficará tão desnorteado quanto eu nas piadas. Talvez o livro tivesse muito mais graça se eu entendesse - e talvez tenha pra você se minimamente por fã de seriados.

O clímax do livro fica por conta de um segredo de Mark, que já vinha sendo costurado desde o início. Nada muito imprevisível, mas gostei da forma como a autora abordou o tema e principalmente de como ela conduziu a reação de cada um deles. Tanto o sofrimento quanto a felicidade são retratados de acordo com a maturidade condizente com pessoas adultas e experientes.

Eu amei a capa, bem fofinha e combinando com o passarinho azul que é característico do Twitter. Mas achei a original mais condizente com a proposta, especialmente por passar um ar mais maduro, combinando mais com a idade dos personagens.
A revisão está bem bacana, mas a diagramação não teve nada demais (eu esperava pelo menos uns enfeites na parte de dentro).
Agora esse título me decepcionou. Por que mudar, NC? Por que não simplesmente traduzir ao pé da letra, como fizeram em todos os diálogos de despedida (que nem coloquei aqui em cima)? Teria muito mais a ver com a história e não ficaria com essa cara de livro adolescente.

Ah! No final tem uma série de perguntas com temas para discussão (oi?). Sabe prova de interpretação de texto em que a professora pergunta o que você achou de tal parte ou o que você faria no lugar do personagem? É tipo isso. Eu achei meio surreal, mas ok, cada um com seu cada um.

Se você estiver procurando um livro pra passar o tempo, um romance água com açúcar, vai fundo. Não é um livro pra mudar sua vida nem pra te levar a profundas reflexões, mas serve pra um fim de tarde preguiçoso.