Reiniciados - Teri Terry

Título: Reiniciados (Slated #1)
Autor(a): Teri Terry
Editora: Farol Literário
Onde comprar: Saraiva
Nota:

As lembranças de Kyla foram apagadas, sua personalidade foi varrida e suas memórias estão perdidas para sempre. Ela foi reiniciada. Kyla pode ter sido uma criminosa e está ganhando uma segunda chance, só que agora ela terá que obedecer as regras. Mas ecos do passado sussurram em sua mente. Alguém está mentindo para ela, e nada é o que parece ser. Em quem Kyla poderá confiar em sua busca pela verdade?

Quando todo mundo tá falando muito bem de um livro, eu já fico logo curiosa pra saber do que se trata. Comecei Reiniciados meio que às cegas, só sabendo que era distopia sobre perda de memória. A sinopse também não revela muita coisa, o que me deixou mais ansiosa ainda pra saber sobre o enredo. E assim mergulhei nessa leitura maravilhosa.

Através da narrativa de Kyla, vamos acompanhar sua adaptação à nova família: um pai ausente e aparentemente legal, uma mãe presente que no início parece controladora, uma irmã mais velha também reiniciada. Tantas novidades fazem sua saída do hospital bem penosa. Seu ingresso na escola também não é fácil, pois os alunos "normais" têm preconceito com os reiniciados, os professores ficam de olho nela, há toda uma pressão pra que ela cumpra o contrato de seguir as regras e ser uma boa menina, senão pode ser devolvida. Na escola, ela conhece Ben, por quem se sente atraída instantânea e inexplicavelmente, e eles começam a desenvolver uma amizade.

Os reiniciados são adolescentes que tiveram suas memórias apagadas e um chip implantado em seu cérebro para terem uma segunda chance, pois eram criminosos. Começam uma nova vida e precisam reaprender tudo. Só que Kyla é diferente. Ela não age da mesma maneira que os outros reiniciados, ela têm pesadelos que se confundem com memórias, ela descobre características e traços de sua personalidade que precisam ser escondidos de todos. Intercalando narração e sonhos, Teri insere progressivamente elementos pra te ajudar a entender o contexto e o cenário. Gostei da inovação de inserir o terrorismo no plot e do futuro bastante possível que ela criou.

Depois da queda... Você, sabe, a desvalorização da moeda, o colapso econômico que assolou a Europa... Quando o Reino Unido se separou da União Europeia e fechou as fronteiras, houve um período em que as coisas ficaram muito loucas. [...] A maioria das manifestações de estudantes era pacífica, no início. Mas a frustração e a raiva cresceram.
[...]
Havia o início do Movimento da Lei e da Ordem que criou os Lordeiros. Tolerância zero para violência e desobediência civil; punição pesada para os infratores da lei. Do outro lado estava a visão do Partido da Liberdade,, de que os jovens (estudantes manifestantes, as gangues) deviam ser reabilitados, de que muitas vezes o que faziam não era culpa deles.
[...]
Essa foi a solução perfeita para a coalizão governamental. Em vez de punir severamente os criminosos,eles poderiam ter a memória apagada, que é de onde vem o termo popular Reiniciado, um recomeço. Uma segunda chance.

O primeiro livro te enche de informações, abre um leque de possibilidades, constrói e desconstrói conceitos todo o tempo. Quando você acha que entendeu alguma coisa, vem uma cena e muda tudo. Cada personagem parece esconder um segredo, e você fica doido tentando encaixar as peças do quebra-cabeça. E o pior: o final te deixa praticamente sem nenhuma explicação. Sou dessas que odeiam livros sequenciais que não têm um fechamento individual, mas não teve como me revoltar com Reiniciados porque a escrita é muito boa! Não consegui largar o livro de jeito nenhum!

Ah! Um conselho: só pegue o livro pra ler quando você tiver um tempinho considerável pra avançar alguns capítulos. Não dá pra ler um ou dois e parar porque o começo é vago, um monte de cenas que parecem não se encaixar, mas fazem todo o sentido mais pra frente. Então siga minha dica, pegue o livro com tempo e vá desfrutar a leitura.

Tem várias outras coisas no enredo que aprofundam mais a história, detalhes de personagens e situações, então você precisa ler com atenção e ir guardando, porque eu tenho certeza de que vai precisar dessas informações nos próximos volumes. E eu não vou estragar sua surpresa contando mais, né? Fique curioso e corra pra ler.

Em outras trilogias distópicas, eu pensei que seria bom ter a narrativa em 3ª pessoa ou pelo menos intercalada com outros personagens, mas não senti falta disso em Reiniciados. A visão em 1ª pessoa causa um suspense gostoso, aquela curiosidade boa. Kyla descobre a si mesma ao mesmo que descobre o mundo, e nós sentimos seus anseios e temores, suas reações extremas. Vivemos tudo o que ela passa, numa conexão perfeita entre livro e leitor.

Mas como eu posso saber quem eu sou agora se não sei quem eu fui?

Só tenho comentários positivos a respeito da Farol. A revisão estava impecável, a capa é lindo, o projeto gráfico é excelente... Daqueles livros que dá gosto a gente ter na estante, folhear, guardar com carinho... Simplesmente perfeito!

Reiniciados foi uma introdução e tanto! Todos os comentários positivos se confirmaram, e minhas expectativas estão altíssimas, pois os elogios aos outros 2 volumes também são enormes.

Simplicidade já é difícil. Quem precisa de complicação?

Distopia inovadora, críticas sociais, escrita fluida, personagem marcante, romance, tensão, muitos mistérios... Teri Terry achou a receita do sucesso.