Simplesmente Acontece - Cecelia Ahern

Título: Simplesmente Acontece
Autora: Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito


O que acontece quando duas pessoas que foram feitas uma para outra simplesmente não conseguem ficar juntas? Todo mundo acha que Rosie e Alex nasceram para ser um casal. Todo mundo menos eles mesmos. Grandes amigos desde criança, eles se separaram na adolescência, quando Alex se mudou com sua família para os Estados Unidos. Os dois não conseguiram mais se encontrar, mas, através dos anos, a amizade foi mantida através de emails e cartas. Mesmo sofrendo com a distância, os dois aprenderam a viver um sem o outro. Só que o destino gosta de se divertir, e já mostrou que a história deles não termina assim, de maneira tão simples.

Depois de ouvir muitos elogios, finalmente peguei um livro da Cecelia pra ler. Optei pelo último lançado no Brasil porque é o único que eu tenho mentira, eu também tenho P.S. Eu te amo! porque o filme chega aos cinemas dia 22 (e eu não posso perder o lindo do Sam Clafin na telona, né?). Vou ser bem rápida no resumo pra poder falar mais das minhas impressões.

Rosie e Alex são melhores amigos desde bem novinhos. Sobreviveram às zoações da infância, às implicâncias da adolescência e até mesmo à distância, já que ele teve que sair de Dublin e acompanhar o pai na mudança pros EUA. E desde sempre tava na cara que eles dariam um ótimo casal, mas o discurso "somos só amigos" prevalecia. Tudo começou a mudar quando ele não conseguiu chegar a tempo pro baile de formatura, ela foi acompanhada do menino mais irritante da turma e ficou grávida! Mas a vida... a vida é uma caixinha de surpresas! E esse livro também. Não tem graça eu contar mais do que isso se não você não poderá viver as mesmas emoções que eu senti lendo o livro.

Desde criança, a gente sempre afastava toda e qualquer pessoa que pudesse se tornar nossa amiga até que restasse apenas eu e você. E não é que não quiséssemos outra pessoa entre nós, mas o fato é que não precisávamos de ninguém mais. Você sempre teve a mim. E eu sempre tive você.

Mas posso complementar com informações sobre alguns personagens... Katie, filha de Rosie, é a maior comédia. Quis ser amiga dela, mas ela já tinha um BFF, o Toby, e eles eram praticamente a versão mais nova de Alex e Rosie. Ruby é a amiga que todos precisavam ter, aquela que dá umas chacoalhadas na gente e fala umas verdades na cara. Em muitas horas ela expressava toda a minha indignação com a Rosie. Ainda tem as namoradas dele, o namorados dela, os filhos de Alex, a família de Rosie...

Ruby: Às vezes eu acho que você precisa de um bom chute na bunda por desperdiçar todas essas oportunidades. Você é uma pessoa incrivelmente frustrante, Rosie.
[...]
Ruby: Meu Deus, você me irrita demais, Rosie. Será que um ser humano é capaz de ser tão idiota?

Ah! Uma coisa que você precisa saber: o livro não é narrativo. Em todo tempo lemos cartas, e-mails, bilhetes, conversas de chats, convites, cartões de felicitações e muito mais. Isso tem um lado bom e outro ruim, e vou explicar.

O lado bom é que eu achei que alguma coisa fosse ficar mal explicada justamente por não ter a narração, mas a autora conseguiu nos conduzir pela história de maneira a entender tudo que estava acontecendo apenas utilizando esses recursos. E também foi legal porque não ficou limitado às conversas entre Rosie e Alex; tinha deles com outras pessoas (família e amigos) e até mesmo entre 2 pessoas "de fora", como Katie/Toby e mãe/irmã da Rosie, o que nos permitiu acompanhar paralelamente as histórias desses personagens, ainda que com maior distanciamento.
O lado ruim é que algumas coisas ficaram forçadas. Numa troca de cartas, você não precisa citar tantas informações se o destinatário já tem um conhecimento prévio do assunto ou situação, mas se a personagem não fizesse isso o leitor ficaria perdido. Então em algumas vezes as conversas não ficaram muito críveis. E eu senti falta de "viver o momento", queria ter acompanhado a cena, e não apenas ter acesso a uma lembrança.

Senti que a autora enrolou muito. Pra vocês terem uma noção, eles começam com 7 anos e terminam com 50. É tempo pra caramba, né?! Daria pra cortar pelo menos 1/3 do livro sem prejudicar a essência da história. E a maior parte dessa enrolação me deu raiva, vontade de socar a protagonista.

Katie: As pessoas que dizem que é uma longa história na verdade querem dizer que a história é curta e idiota, e que ficam envergonhadas demais para contar a verdade.

Eu queria dizer muitas outras coisas, mas pra isso eu precisaria soltar spoilers. O resto é detalhe que não compromete em nada. Caso você queira conversar sobre o livro, o inbox da fan page está super aí pra isso. rsrsrsrs

Agora falando da parte técnica...
Eu estava achando a capa fofa até ver a nova. Apesar de ambas serem do filme, a segunda está infinitamente mais linda.
A revisão foi meio que um problema pra mim. Logo no começo tinha uma nota do editor falando que, por se tratar de "conversas", alguns erros deveriam ser tolerados. Eu até entendi, mas tenho ressalvas. Como um garoto de 7 anos não sabe usar maiúsculas em nomes próprios, mas consegue empregar corretamente o por quê (separado e com acento mesmo)? E mais... que indivíduo se preocupa em digitar corretamente, com maiúsculas, pontuações, palavras não abreviadas e ênclises, em chats? Ok, pode até ser que exista alguns, mas todos os envolvidos da conversa, em momentos e situações distintas, são tão neuróticos assim? Então achei que ficou meio incoerente com a proposta. Se a intenção era manter a espontaneidade, não foi isso que eu senti.
E a diagramação merece aplausos. Cada tipo de mensagem tinha uma fonte diferente, o que nos ajudava bastante a diferenciar e-mails, cartas, bilhetes e otras cositas más. Acredito que o livro ficou grosso justamente por explorarem essa variedade de fontes e adaptarem a diagramação à proposta dos meios de comunicação.

Só mais uma curiosidade: o título original é "When rainbows end" e o filme nos EUA ficou com o nome "Love, Rosie". Aqui ambos foram traduzidos como Simplesmente Acontece. O que você achou dessa mudança?

Falando em filme... Impossível não associar Rosie e Alex a Lily e Sam, né? Pelo menos eu sou assim, se sei da adaptação já imagino logo os atores como os personagens durante a leitura. O trailer tá uma graça, apesar das diferenças no enredo que já aparecem nele. Suspeito que esse será mais um caso de "o filme é melhor que o livro".


Eu vivi altos e baixos com esse livro. Ri, passei raiva, tive vontade de bater na Rosie e dar uma sacudida no Alex, fiquei louca pra saber o que ia acontecer... São tantas emoções! hahaha Cecelia criou uma história gostosa de acompanhar, um casal de amigos que poderia estar em qualquer sala de aula irritando a professora e trocando bilhetes sem parar, de quem você ia sempre lembrar e querer saber que fim levaram. É um romance atrapalhado, divertido, conturbado, e você fica lendo, torcendo, xingando, gargalhando...
Só tome cuidado! Você vai pegar e não vai querer largar.


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