Um Motim no Tempo - James Dashner

Título: Um Motim no Tempo (Infinity Ring #1)
Autor(a): James Dashner
Editora: Seguinte


Furacões, terremotos e outros desastres naturais estão destruindo cidades, estados e países inteiros. E a organização SQ, apesar de ser responsável por controlar o planeta, parece não se esforçar para evitar a chegada do cataclismo que acabaria de vez com toda a humanidade.

Dak Smyth assiste a tudo isso de dentro de casa, fazendo aquilo de que mais gosta: estudar história e comer queijo. Até o dia em que seus pais saem para uma viagem curta e ele e sua melhor amiga Sera Froste, uma garota totalmente fascinada por física quântica, resolvem matar a curiosidade e se aventurar no laboratório de ciências dos pais dele.

Lá, encontram nada mais nada menos que um dispositivo que, assim que for finalizado, possibilitará a viagem no tempo - o Anel do Infinito. Sera, craque da matemática, consegue preencher a última lacuna nos cálculos e, quando os pais de Dak retornam, o mecanismo está pronto para ser usado. Na primeira tentativa, porém, os dois adultos desaparecem. Quando tudo parece estar perdido, Dak e Sera são recrutados pelos Guardiões da História, uma sociedade secreta criada há muitos séculos. Eles então descobrem que os agentes da SQ estavam alterando eventos históricos importantes para conseguir mais poder para a organização, gerando as Grandes Fraturas, que em breve levarão ao fim do mundo.

Assim, de posse do Anel, Dak e Sera viajarão pela história com a missão nada fácil de encontrar os pais de Dak, corrigir as fraturas e salvar o planeta. Neste primeiro volume da série, eles voltarão à Espanha de 1492, onde está a Primeira Fratura, com o objetivo de embarcar em uma das naus da expedição de Cristóvão Colombo e garantir que seja ele o responsável pela chegada dos europeus à América.

Véi, na boa, essa sinopse faz o resumo da introdução de toda a série, então VOCÊ PRECISA LER!
*pausa para esperar você ler*
Leu? Ok, agora podemos conversar.

Infinity Ring é uma série peculiar, já que os livros são sequenciais, mas cada um foi escrito por um autor diferente. É isso mesmo que você entendeu. James Dashner (autor de Maze Runner) criou o enredo, os personagens e a ideia central e já deu o primeiro passo na história. Nos próximos 6 livros, iremos conhecer outros escritores e sua habilidade para continuar uma história começada por outra pessoa, sem deixar buracos e mantendo o sentido. Complicado, né?

Como você já leu a sinopse, não vou me aprofundar no enredo em si, mas algumas coisas preciso comentar. A ideia de aliar viagem no tempo com acontecimentos reais foi ótima, assim como a justifica que eles arrumaram (vou contar porque não tá na sinopse e te ajuda a entender a série). Aristóteles teve como pupilo Alexandre (o Grande), mas ele foi assassinado antes de ser quem nós conhecemos hoje. Durante seu período de tristeza, ele teve a primeira Reminiscência - visões do que poderia ter acontecido se não houvesse um desvio na História - com Alexandre tendo o prestígio a que era destinado. Assim, ele identifica a primeira Fratura.
O mundo de hoje tem várias, identificadas e catalogadas ao longo dos anos, e o grupo Guardiões da História esperam o dia em que alguém irá criar um dispositivo que permita a viagem no tempo para que todas as Fraturas possam ser corrigidas.

Nesse primeiro volume, a Fratura aconteceu no descobrimento da América. Ao invés de Colombo chegar por aqui, quem levou o prestígio e o nome foram 2 irmãos que trabalhavam pra SQ, fazendo com que a organização tivesse domínio do continente americano. Tenso, né? A missão de Dak, Sera e Riq é não permitir que Colombo deixe de ser o comandante da expedição. Mas pra isso vão enfrentar muitos desafios, como adaptação às épocas anteriores, resolução de problemas lógicos, fuga de agentes da SQ do passado... São muitas aventuras!

Os 2 protagonistas que aparecem primeiro são bem distintos. Enquanto Dak é apaixonado por História e adora exibir seus conhecimentos sobre fatos do passado a qualquer um que lhe dê atenção ou não, Sera ama tecnologia e lida muito bem com equações e fórmulas químicas. Os amigos são a personificação da série, mesclando passado e futuro em uma combinação perfeita.
Já Riq aparece depois, mas acaba ganhando destaque. Ele é um Guardião da História bem jovem, que assumiu tal responsabilidade por ser prodígio e aprender 1 língua por ano. Mas o mais legal de tudo é que ele é negro. A-do-rei! Um personagem negro, inteligente, que tem mais conhecimentos do que os 2 "brancos" e igual participação na responsabilidade de "salvar o mundo". 50 pontos pra Grifinória, ops, pra James Dashner!

A idade dos personagens condiz com o público-alvo, e por isso torna-se compreensível a escolha de pessoas tão jovens para uma missão tão arriscada e importante. Quem for ler, precisa ter em mente que a linguagem não é complexa, os diálogos são privilegiados, e algumas coisas podem parecer forçadas ou simples demais, mas tudo se encaixa dentro da proposta de ser um livro juvenil. E, mesmo que você ache que é "mais do mesmo" com uma cara diferente, lembre-se de que um garoto de 11 anos provavelmente não assistiu a filmes com a temática nem entenda algumas referências que porventura você capte.

O livro é uma ótima indicação pra meninos na pré-adolescência, que reclamam que a maioria dos títulos da literatura são dedicados ao público feminino. Mas não deixa de ser uma boa leitura pras meninas, até porque eu li e amei. Aliás, acho que seria uma ótima opção pra livro paradidático. Tem amizade, ação, tensão, História, tecnologia, cultura de outros lugares... tudo junto! Dava pra trabalhar bem uma interdisciplinaridade aí, hein?! #ficaadicaprofessor

A capa remete ao tema da história, já que a bússola era utilizada como ferramenta para navegação. A diagramação, além de ter o símbolo do infinito no início e pausas do capítulo, ganha destaque por possuir um espaçamento maior do que o comum, facilitando a leitura pro leitor juvenil. E a revisão está bem legal, o que é fundamental na faixa etária do público a que o livro se destina.

A série tem tudo pra conquistar leitores de vários gostos e idades. O final deste primeiro volume já deixa o gancho para o desenvolvimento da próxima história, causando nos leitores aquele desespero básico pós-cliffhanger. Resta saber se Carrie Ryan conseguiu manter o nível em Dividir e Conquistar. Já estou curiosa pra saber o que aguarda Dak, Sera e Riq nos idos da Revolução Francesa.